sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Tragédia em Gurupá, no Marajó, expulsa ambientalista



Do advogado Ismael Moraes, em postagem no blog Ver-o-Fato, do jornalista Carlos Mendes:

Sempre brinquei com a presença improvável, como morador com residência fixa, em Gurupá, do antropólogo francês Jean-Marie Etienne Royer, de quem me tornei grande amigo. Homem culto, muito afável, gentil e simpático – outras improbabilidades em se tratando de um francês.
Após retornar da França quando a sua esposa, a adorável Benedita, cabocla gurupaense, não se adaptara ao clima da costa mediterrânea da região de Marselha, investiu tudo o que tinha comprando uma pequena faixa de floresta dentro da área urbana de Gurupá e preservando as várias nascentes que ali existiam. Isso o fez tornar-se a única referência em ambientalismo e ecologia naquela região.
Os professores das escolas públicas davam aulas de meio ambiente e ecologia levando os alunos em passeios ao sítio Jacupi, nome dado carinhosamente ao local. Qualquer visitante mais refinado que chegasse a Gurupá era levado ao Jacupi, onde se podia ouvir boa música, comer comidas diferentes e ficar “dentro da natureza”, de molho em igarapés ou no próprio rio Amazonas.
Mas pessoas com poder político e econômico se incomodavam com o francês: o sítio Jacupi, com seus mais de 1 milhão de metros quadrados de floresta preservada, impedia que a especulação imobiliária se estendesse; tornou-se barreira à devastação das outras áreas mesmo além-Jacupi.
Vereadores, empresários e outros grupos nada edificantes premiados com verbas para os projetos “Minha Casa, Minha Vida” foram “prejudicados”, porque terrenos valiosos, como o próprio Jacupi, não podiam ser devastados. Era necessário expulsar Jean-Marie de Gurupá.
Tornou-se diária toda forma de perturbação usando pequenos delinquentes: invasões, ameaças, ofensas, furtos. Até que há três anos a esposa Benedita foi assaltada dentro da propriedade. Brutalmente espancada, sofreu grave concussão por violentas coronhadas, que a sequelaram com problemas neurológicos até hoje.
Ontem, um grupo formado por cerca de 10 adolescentes e adultos invadiram a propriedade e tentaram entrar em sua casa, onde estavam a esposa, uma filha adolescente e outra de 24 anos. Desesperado, Jean-Marie atirou pra cima, tentando intimidar os agressores. Um adolescente de 14 anos, que fazia parte da invasão, mas estava oculto em um galho, foi atingido e faleceu.
Os invasores retrocederam, mas retornaram com uma horda que, disposta a matar a família inteira, roubou tudo o que havia na casa e depois ateou fogo, destruindo tudo.
A polícia protegeu a família que se refugiou na delegacia, ameaçada até altas horas da noite de linchamento. O comando da PM enviou reforço de Breves, que os resgatou. No final do dia de hoje [ontem], o juiz de direito da Comarca de Gurupá, concedeu liberdade provisória a Jean-Marie, que responderá o processo em liberdade.
Então, Gurupá poderá seguir a sua história de devastação sem mais nenhum percalço.

2 comentários:

Anônimo disse...

Resultado da porcaria de segurança pública, do governo do Jatene.

Anônimo disse...

so se fosse refinado msm,porque quando nao era ele ja sacava sua arma, e dessa vez ele sacou e atirou seu covarde