terça-feira, 18 de agosto de 2015

E se Dilma pedir desculpas, vai mudar o quê?


Vejam só.
Como diria José Luiz Datena, este ser que pretende candidatar-se a prefeito de São Paulo, me ajuda aí, ô!
Pois é.
Me ajuda aí, ô! quem puder explicar claramente ao repórter aqui do Espaço Aberto em que termos, de que maneira, em que sentido uma governante como Dilma, comandante de um governo fragilizado, desorientado e destrambelhado, pode se reerguer de uma hora para outra com um pedido de desculpas.
Vejam só essas imagens que acompanham essas postagens.
Foram pinçadas nesta segunda-feira, dos principais sites de informação do País.
Só se fala em pedido de desculpas, em reconhecer erros, em mea-culpa.
Mas como seria isso, hein?
A presidente convoca uma rede nacional de rádio e TV e, diante do País inteiro, paralisado, mesmerizado, hipnotizado diante daquele gesto inaudito de grandeza, dignidade e coragem política, diz mais ou menos assim:

Brasileiras e brasileiros, minhas senhoras e meus senhores.
Quero pedir desculpas a vocês, todos e todas, pelos meus erros.
Desculpem. Sinceramente desculpem. Prometo não errar mais.
Boa noite!

Ou assim:

Brasileiras e brasileiros, minhas senhoras e meus senhores.
Quero pedir desculpas a vocês por ter afundado, por ter quebrado este País.
Quero pedir desculpas a vocês porque fiz exatamente aquilo que imputei aos tucanos durante toda a última campanha, quando os acusei de terem quebrado o País.
Quero pedir desculpas a vocês por ter sido a pior governante deste País em cinco séculos de história.
Quero pedir desculpas a vocês, todos e todas, porque optei por métodos de gestão equivocados, que se deixaram impregnar e contaminar por pretensões eleitorais decorrentes dos meus anseios de me reeleger em 2014.
As minhas mais sinceras desculpas.
As minhas mais sinceras desculpas até mesmo por ter cometido pequenos enganos – quando chamei de cidade o Estado de Roraima, quando troquei o Pará pelo Ceará e quando, acreditem, fizuma saudação exaltada, emocionada, comovendo da mandioca.
Prometo, parodiando o Rei Roberto, que “daqui para frente tudo vai ser diferente”. Para melhor, é claro.
Boa noite!
 Seria assim?
De uma forma ou de outra, e depois do “boa noite”, como seria a performance da presidente?
O Ibope ou o Datafolha dela disparariam para cima, melhorando celeremente seus índices de credibilidade apenas porque pediu desculpas a todos e todas?
O desequilíbrio fiscal que desacredita o País no conceito de investidores internacionais seria revertido num passe de mágica e as agências de classificação de risco elevariam as notas de crédito do Brasil?
De uma hora para outra, da noite para o dia, a base governista no Congresso iria se recompor?
Como seria o País no dia seguinte ao que a presidente Dilma, como exigem dez dentre dez opositores, pedisse desculpas por seus erros?
Respondamos: o País seria o mesmíssimo. Nada, absolutamente nada mudaria.
E sabem todos que nada mudaria – Dilma; Lula (o presidente adjunto), Fernando Henrique Cardoso, que enfim saiu da toca e já prega a renúncia da presidente; Aécio Neves, que foi para as ruas tangido pelo Movimento Brasil Livre; o PT, o PSDB, o PMDB, o DEM, enfim, todo mundo sabe que um pedido de desculpas e nada é a mesmíssima coisa.
Por que, então, essa insistência?
É porque o anseio por um pedido de desculpas embute, no fundo do fundão, o desejo de que a presidente confesse sem meias palavras que ela, na prática, não tem mais condições de governar. E, se não tem condições de governar, deve então renunciar.
Entenderam?
Um exigência de desculpas é como se fosse mais ou menos a senha para as pressões sobre a renúncia que ocorreriam logo a seguir.
Não nos enganemos então.
Para ninguém se enganar, repitemos: pedido de desculpas e nada é a mesma coisa.
Um pedido de desculpas é a senha para que se avolumem as pressões pela renúncia.
E todos sabem que Dilma, como ela mesma já deixou bem claro, nem sequer cogita renunciar.
Resultado: estamos andando em círculos.
A oposição ainda não conseguiu ainda explicar como é possível exigir-se a saída do cargo de uma presidente que foi eleita democrática e legitimamente, muito embora esteja fazendo um governo reconhecidamente desastroso, horroroso e destrambelhado.
E os governistas – PT à frente – imobilizados, sem esboçarem qualquer reação eficaz para sinalizar que realmente estão sustendo um governo eleito democraticamente e, por isso, legitimado pelo voto popular.
É assim.
E voltando à pergunta inicial: me ajuda aê, ô! a entender essas coisas.

Me ajuda aê!

2 comentários:

Anônimo disse...

No dia que ela ganhou apertado seu adversário disse para todo o país que não lhe daria trégua um dia só. Pouco inteligente ela não acreditou. Será que a assessoria dela tem orelhas geandes ou ela sozinha tem? Ficar sentada esperando não foi inteligente. Até o partido ficou encolhido esperando o trem.

Anônimo disse...

Exatamente o final do post responde a pergunta. Ela tem que dizer sim que mentiu. O resto, deixa que as ruas resolvem.