segunda-feira, 17 de agosto de 2015
Concentração total ante plateia vazia
É inegável que o País passa por inúmeros problemas sociais e econômicos, e a falta de credibilidade é um deles. Acredita-se que dialogar é, indubitavelmente, o primeiro passo para a recuperação da confiança e do consequente crescimento, ou para a aceleração do desenvolvimento e uma eventual recuperação da confiança. Os dois caminhos são difíceis, mas não impossíveis. A situação, por mais desesperadora que pareça, é superável. A população parece estar em volta de uma grande roda da fortuna, onde distribuir o baralho se torna melancólico. Mesmo que no final ele nos tenha contemplado com um pouco de esperança, indagando sobre a falta de base política e moral dos congressistas que estão cada vez mais empenhados em tentar apear a presidente de seu posto.
O Congresso está sem controle, especialista acha que esse caminho, parece hegemônico, que entorpece e ilude a população, as instituições abarrotadas de pessoas preconceituosas e classistas, os nossos representantes políticos atuais, os debates nas mídias sociais com comentários pejorativos. Dá, de certa forma, a sensação de que somos culpados pela crise. Que permitimos o País chegar a essa situação! E tem a cara de pau de indagar: Onde estão os patriotas que lutaram contra a ditadura e o conservadorismo? Recentemente, Eduardo Cunha e Renan Calheiros eram figuras para esquecer e sequer mereciam comentários do Palácio do Planalto.
Agora, vem um time de encantadores de serpentes falar entre os dentes, que a ruptura golpista com a ordem institucional é uma tradição política da elite. Seus partidos de direita não conseguem dialogar de forma legítima com as massas, por isso renegam periodicamente a decisão soberana do povo proferida por meio do voto. No País, a democracia burguesa é uma farsa grotesca que não resiste às tentações plutocráticas. Antes que as serpentes coloquem a cabeça fora do cesto, empresas fecham, outras compram seus ativos com descontos. É necessário que se diga que, somos mal preparados para planos de longo prazo - lembram a era pós-Collor. O brasileiro é contumaz em períodos de vacas gordas, exagerar nos investimentos, nas aquisições, no deslumbramento de um novo carro e do restaurante da moda.
A presidente foi eleita democraticamente pela maioria da população, mesmo com margem apertada e não deveria ser apeada do cargo sem motivos legais - isso já foi e é, ainda, tema para qualquer roda. Mas como explicar uma mobilização tão grande do povo brasileiro, que lhe nega o mínimo de credibilidade. Há que ter motivo para grande reflexão e profundas mudanças no rumo de sua política. É preciso considerar que o quadro é grave e o legado de Dilma está em jogo.
Há uma verdadeira batalha para virar o jogo. A presidente e sua equipe começaram a traçar nos últimos dias um plano para tentar escapar de eventual processo de impeachment. Inclui a redução do ministério em até dez Pastas - a população brasileira acha que vinte, são o suficiente - a redistribuição de cargos para prestigiar caciques do PMDB do Senado - como o hoje "bom samaritano" Renan Calheiros e mais, Romero Jucá e Eunício Oliveira - e substituir ministros que nada acrescentam e falham com suas bancadas com o governo.
O presidente do Senado, com o apoio do governo, não quer e não pretende deixar barato. Além de querer mais cargos no governo, para ajudar a presidente faz questão que Dilma demita o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Renan não esquece que Mercadante pediu sua cassação em 2007, enquanto se defendia de acusações de ter despesas pagas por uma empreiteira. Se Dilma abrir mão de Mercadante, não será só pela pressão de Renan, mas de políticos do próprio PT. Ademais, o Palácio da Alvorada se transformou em restaurante de luxo e de cafés-da-manhã em que convidados especiais da presidente tentam equilibrar o barco que ainda está à deriva. Fermenta a conspiração, vigora o salve-se quem puder.
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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com
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