quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Piratas do espaço
Cem anos. Eis o tempo que a humanidade tem para arrumar outro mundo. A opinião é do respeitadíssimo físico Stephen Hawking, catedrático da universidade de Cambridge, Inglaterra. Segundo o cientista, se isto não acontecer, o homem corre sério risco de ser extinto. "Eu vejo grandes perigos para a raça humana.", é seu alerta. A solução, diz, é o homem abandonar o planeta e se espalhar pelo espaço. As ameaças vêm do céu e da Terra.
Do espaço, o físico comentou o que aconteceria conosco caso a Terra fosse invadida por alienígenas. Seria uma repetição em escala gigante da chegada de Colombo à América. Nada bom para os povos nativos. Um massacre. Pois, se conseguirem chegar aqui é porque são bastante evoluídos. Estariam à procura de novas colônias, numa espécie de imperialismo espacial.
À primeira leitura, tudo soa como ficção. A própria existência de vidas inteligentes, um mito. Nada disso. O fato de o homem existir sobre o globo constitui prova suficiente. E não há contradição humana ou teológica a esse respeito. Se acreditamos que Deus criou o mundo em que vivemos, devemos considerar que Ele também é livre para gerar ou permitir a vida em qualquer ponto do Universo. No mínimo, somos nós os alienígenas perante todo um cosmos desabitado.
Porém, a ameaça real está diante de nossos olhos. Sob os nossos pés. Existe devido a rumores de guerra e exaustão do planeta. Exaustão causada pelo uso indevido dos recursos naturais frente a um exagerado crescimento vegetativo da população mundial. Tudo isto falou Hawking recentemente a um site.
Na verdade, a vida na Terra corre perigo. Isso está profetizado pelo melhor do conhecimento científico. Consta de relatórios elaborados pelo Pentágono, que George Bush jogou no lixo para se reeleger. O resultado foi uma série de erros que o fizeram o pior presidente americano. O resultado foi um mundo igualmente pior, na voz dissonante de Al Gore e seu excelente documentário "Uma verdade inconveniente".
Se o mundo está assim seriamente ameaçado, como assegura Hawking, somos nós outros os responsáveis por essa catástrofe. Se em 2050, os nove bilhões de seres humanos começarão a viver o "princípio das dores" - para recorrer a um termo bíblico aplicável - a responsabilidade por essa tragédia está sobre os ombros daqueles que hoje detêm o poder. Não a sensibilidade para pensar a vida sobre a Terra longe de seus ideais políticos rasos.
Seguimos devastando o planeta. Festeja-se a redução do desmatamento na Amazônia quando se destroem apenas 200 quilômetros quadrados por mês. Loucura! Basta fazer a conta. É matemática: se um reflorestamento não seguir o mesmo ritmo, a conclusão óbvia é que a floresta será um deserto em certo tempo. Vai acabar.
Agora, sair daqui vagando pelo espaço à procura de casa é ficção pura. Pelo menos para mim. Não tenho dinheiro. O que ganho não paga nem o congelamento numa sala de laboratório à espera da ressurreição científica. Mas não duvido que saia esse trem espacial. Tenho certeza que os maus políticos serão os pioneiros nessa aventura. Sairão da Terra em busca de outros mundos para destruir. Quem sabe, darão um jeitinho nas enormes distâncias medidas em ano-luz? Não sei.
Olhando a imensidão do globo, a salvação poderia estar nas águas. Apesar de toda intervenção humana, os oceanos constituem ainda um mundo parcialmente intocável. O Atlântico submerge, por exemplo, a maior cadeia de montanhas da Terra. Fernando de Noronha é apenas uma ponta dessa espinha dorsal.
Infelizmente, a natureza é algo integrado. Se há melhorias pontuais, o contexto geral não é dos melhores. Geleiras derretem em nossos dias. Semana passada, um grande bloco desprendeu-se, com água suficiente para abastecer os Estados Unidos por dois meses. Calcule. Aí, vêm as secas, as inundações, alterações no clima, e assim por diante.
Estudando o fenômeno como um todo, parece que a Terra caminha para mais um dilúvio. Não se assuste. Nem pense que há contradição com alguma palavra bíblica. No Gênesis, Deus prometeu não destruir mais o mundo dessa forma. Sim. Mas ali tivemos um juízo, ou seja, algo provocado diretamente pela ira divina. Em nosso caso, a devastação pela água pode ser um fenômeno em consequência de nossa má administração do planeta.
Sobre o começo do mundo, a Bíblia nos informa que havia apenas água sobre a Terra. Seria o grande mar, único, chamado Talassa. Os continentes estariam agrupados também em um só bloco, a Pangeia. Deus aparece no Gênesis separando a terra da água.
Lembro isto porque parece que caminhamos mesmo para a formação de um grande mar. Se as geleiras continuarem derretendo, o nível dos oceanos vai engolir cidades inteiras. Países e continentes poderão desaparecer do mapa. Junto aqui um pouco de conhecimento de geografia e de Bíblia para entender o porquê da necessidade de fuga aérea. Quero sair de outra forma.
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RUI RAIOL é escritor (www.ruiraiol.com.br)
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