A barbaridade contra Moisés

É uma barbaridade, para dizer o mínimo, o que estão fazendo com esse jogador Moisés, do Paysandu.
O rapaz está sendo, digamos assim, bicudado.
Está levando bicudas na sua honra.
Está levando caneladas dos pés à cabeça.
A ofensa menor que lhe dirigem é a de que não passa de um mercenário.
Por quê?
Porque Moisés não quer mais ficar no clube. Quer ir para o Santos.
O presidente do Paysandu, Luiz Omar Pinheiro, o mais boquirroto dos cartolas que a cartolagem já produziu em toda a sua história, já deu várias entrevistas por aí.
Coleguinhas o ouvem com ânsia.
Com avidez.
Em todas as entrevistas, Sua Senhoria bicuda Moisés.
Alega que o jogador é um ingrato.
Que o tirou de condições deploráveis em que vivia, numa casa humilde no Paar.
Que o colocou num imóvel melhor.
Que o ajudou, enfim.
Ótimo!
Palmas - plec, plec, plec - para o presidente.
Mas cabe uma pergunta: Sua Senhoria fez tudo isso por espontâneo, edificante, elogiável e comovente ato de benemerência ou fez isso porque gostaria que Moisés se projetasse, tivesse valorizado o seu passe e, no final das contas, fosse negociado para render uma bela bolada para o Paysandu?
Hein?
Ou então vocês acham que o Paysandu virou uma espécie de clube de assistência social, uma entidade filantrópica, benemerente que ajuda bons jogadores apenas por ajudá-los?
Hehehe.
Parem com isso!
Quer dizer: o Paysandu pode ajudar um jogador como o Moisés, de olho nos ganhos que ele, o próprio clube, poderá obter mais à frente, quando negociar o atleta com agremiações de outros Estados. Em contrapartida, Moisés não pode almejar uma transferência que lhe proporcionará melhorias financeiras.
É isso mesmo?
Quer dizer, então, que um lado, quando vê cifrõe$$ no horizonte, está sendo benemerente, altruísta e filantrópico, enquanto um outro, quando também sonha com alguns cifrões$$ para melhorar de vida e profissionalmente está sendo mercenário.
É isso mesmo?
Isso é justo?