Se alguém pensa que a ex-auditora-geral do Estado Tereza Cordovil está acuada, que está intimidada ou temerosa das consequências de seus atos – sobretudo o derradeiro – à frente da Auditoria Geral do Estado (AGE), está muito enganado. Ao contrário, ela se mantém na firme convicção de que agiu certo, sem transgredir a lei e em consonância com os princípios de moralidade que o governo a que serviu diz preservar.
É essa a impressão – e mais do que impressão, certeza – transmitida ao blog por duas pessoas que privam da amizade de Tereza e têm conversado muito com ela nos últimos dias, desde que, antes de se exonerar da AGE, praticou seu derradeiro ato: remeteu à Assembleia Legislativa uma batelada de documentos que revelam detalhes e conclusões de auditorias que a AGE fez, no período de janeiro de 2007, quando a governadora assumiu, até maio do ano passado.
Um dos interlocutores da ex-auditora revelou-se, inclusive, assustado com o posicionamento de petistas como o deputado Carlos Bordado, que defendeu, em entrevista ao blog, o caráter sigiloso dos documentos entregues à Assembleia e considerou, por isso, que Tereza Cordovil teria cometido “grave desvio” ao entregá-los ao Legislativo.
A ex-auditora, segundo garantem os que com ela têm contactado nos últimos dias, está certa de que há teses atribuindo o caráter sigiloso dos documentos que entregou à Assembleia. Mas também tem ressaltado que há teses contrárias, ou seja, a de que são públicos e de nada impediria que, a pedido de um poder como o Legislativo, fossem remetidos mesmo sem a anuência da governadora.
Aliás, ficou claro, em manifestações da própria ex-auditora, que se ela não entregasse os documentos requeridos, estaria passível de responder judicialmente. “Não seria a governadora ou qualquer secretário que poderiam ser processados. Seria a própria Tereza”, diz o interlocutor.
Auditorias sobre o governo Jatene
Sobre essa questão de ser ou não sigilosa a documentação remetida à Assembleia, ele lembra inclusive que na virada do primeiro para o segundo semestre de 2007, poucos meses depois de Ana Júlia assumir, vários condestáveis do governo Ana Júlia, inclusive alguns integrantes do que se convencionaria depois a chamar de núcleo duro – estiveram pessoalmente, acompanhados da própria Tereza, na sede do Ministério Público Estadual.
O chefe do MP de então recebeu pessoalmente dos petistas, e debaixo dos holofotes de toda a Imprensa, resultados das auditorias feitas já sob a gestão de Tereza Cordovil e que alcançaram, retroativamente, todo o ano de 2006, o último do governador Simão Jatene.
A intenção desse procedimento, o objetivo das auditorias, lembra o interlocutor, “foi justamente o de mostrar que o governo atual [de Ana Júlia] não toleraria ilegalidades e para desmascarar a aura, para tirar a capa de que o governo do PSDB primava pela competência e pela pureza ética.” Com isso, lembra o interlocutor, a alegação de segmentos do PT de que os documentos saídos da Auditoria são sigilosos, eis que, de acordo com os que foraam entregues pela AGE ao Ministério Público, toda a sociedade ficou sabendo de supostas irregularidades em órgãos como Ipasep e Igeprev na gestão anterior.
A percepção do interlocutor é a de que o próprio governo, o próprio PT é que “politizou” o trabalho da AGE. Como? Quando vazaram informações sobre o resultado da auditoria feita no Hospital Ophir Loyola, do que resultou a saída de toda a diretoria, indicada pelo PMDB de Jader Barbalho, alargando ainda as fissuras que já se ampliavam no relacionamento entre o governo e os peemedebistas. Nesse episódio, a Auditoria teria sido “instrumentalizada” par servir a propósitos políticos. “O governo é responsável por esta situação de agora. E está se ferindo com o mesmo instrumento com que se feriu”, acha o interlocutor.
5 comentários:
creio que o nome dela não seja tereza cativo, como aparece no inicio da matéria!!
abraços
Tereza Cativo doido? Que viagem!!!!
Bom dia, caro Paulo,
observo a discussão longe e perto. E aprendi, com a vida, que quando não se pretende declarar intenções, usa-se a palavra para ocultá-las.
A Constituição do Estado do Pará, entre as atribuições do Poder Legislativo declara no artigo 92, inciso XV que é sua competência fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta.
A Auditoria é um~´orgão orientação interna do Executivo mas está incluída entre os que o Poder Legislativo pode fiscalizar.
Não há polêmica na entrega dos documentos, portanto. Quanto à quebra do sigilo, se não era permitida (?, como lembrou o comentarista anterior o Governo firmou "jurisprudência": divulgou relatórios - ou resultados - de auditoria interna.
O que ninguém diz, mas eu penso, é que este governo está desmaiado, no canto da parede. Entre o empréstimo que é a "salvação da lavoura" e agora os secretíssimos documentos. Ainda não está engessado, mas pelo "talento" dos seus porta-vozes, falta pouco. E merece o que colheu.
Um abração pra você.
Amigos, desculpem.
Está corrigido.
Obrigadíssimo.
Abs.
É, este (des)gobierno está desmaiado e acocorado.
E os porta-vozes tentando abanar com a toalha.
Que vexame!
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