segunda-feira, 3 de maio de 2010

Queremos ver tudo. E sem demora!

A Assembleia tem em mãos uma bomba.
Ou várias.
De muitos megatons.
Megatons suficientes para detonar alianças inteiras.
Ou um governo inteiro.
As bombas estão guardadas em sete caixas.
Foram remetidas à Casa pela auditora-geral do Estado, Tereza Cordovil, naquele que foi talvez seu derradeiro – e nobre – ato, antes de se exonerar do governo Ana Júlia e voltar para a Controladoria Geral da União (CGU), onde é funcionária de carreira.
Os quilos de documentos, os quilos de papéis referem-se a auditorias que a AGE (Auditoria Geral do Estado) promoveu no período de janeiro de 2007 até maio do ano passado.
O Diário do Pará, em sua edição de ontem, publica em sua principal coluna, o "Repórter Diário", cinco notas sobre o assunto.
Classifica o papelório de “nitroglicerina pura”.
Afirma que a devassa compreende Seduc, Setran, Secult, Sedurb, Sefa, Sedes, Funcap, Igeprev e Iasep.
Acrescenta que as caixas e caixas guardam comprovações de “superfaturamentos recorrentes, notas fiscais fantasmas e obras contratadas e superfaturadas e jamais executadas”.
Acreditemos piamente.
Acreditemos incondicionalmente no teor dessas informações.
Seguramente, elas partiram das mais autorizadas vozes do próprio PMDB.
Vozes que falaram depois de ter visto, ainda que perfunctoriamente – toma-te! -, ainda que de passagem, ainda que rapidamente todo o papelório.
E agora?
O que fazer com o papelório?
Escondê-lo?
O que fazer com as caixas?
Enfiá-las pra baixo das prateleiras? Dos armários?
O que fazer com as bombas?
Desarmá-las para que não detonem logo? Para que detonem só mais tarde?
Essas opções são as que se apresentam a Suas Excelências os deputados estaduais.
A todos, sem exceção.
À sociedade, resta cobrar.
O que cobramos?
Que a Assembleia divulgue tudo isso.
A Assembleia pediu esse papelada há meses.
Recebeu-a por inteiro.
Os documentos, os resultados das auditorias não são, até onde se sabe, sigilosos.
São de interesse público.
A Assembleia não poderá, por isso, guardá-los para uma, digamos, desova de acordo com as conveniências – sejam quais forem.
Não poderá “escolher momentos” para divulgá-los.
Não.
Deve divulgar tudo.
Tudo para todos.
E logo.
Numa audiência pública, se possível.
De repente, ao lado de condutas comprometedoras, também poderemos comprovar, nesses papéis, exemplos edificantes de zelo pela moralidade.
Poderemos até comprovar, quem sabe, exemplos edificantes de condutas que primam pela correção e pela inteireza moral no serviço público.
Saibam Suas Excelências que ninguém está sob o animus da caça às bruxas, de fazer prejulgamentos – perigosos e precários, como quaisquer prejulgamentos.
Não.
A disposição que nos domina - a nós que estamos cá fora, a nós que não somos Excelências - é a de que Assembleia precisar conferir, atribuir transparência ao que é transparente.
Queremos ver tudo, portanto.
Sem demora.
Transparentemente.
Se possível, até em audiência.
Uma audiência pública.
Pelo bem da Assembleia.
Pelo bem da sua credibilidade.
E de Suas Excelências que a integram.

3 comentários:

Anônimo disse...

Quando o atual governo (AGE) criou o TRASPARÊNCIA PARÁ em 2007 disponibilizando acesso a execução financeira ao cidadão comum pensei que tudo seria diferente. Entretanto, bastou o tempo para que o mesmo fosse tirado do ar.
A partir desse fato deu para perceber que esse governo não é do POVO como é apregoado.
Quanto a esses relatórios, temos o direito de saber o que foi feito com o nosso dinheiro , pois afinal é recurso do povo.

Anônimo disse...

Conheço a Tereza Cordovil, é uma pessoa séria, o que não é comum nesse governo. Não era uma simples técnica, mas companheira petista de longa data. Ao tomar uma atitude dessa, mas parece reação a uma situação de extremo desconforto perante o tal "núcleo burro".

Sílvia disse...

Também acho a Tereza Cordovil uma pessoa séria, comprometida com seu trabalho. Ela foi abandonada pelo governo, a exemplo do que aconteceu com a Bila Gallo e outros "companheiros". Evidencia o tratamento dispensado por um grupelho que decide, obviamente com a chancela da governadora Ana Júlia Carepa, quem fica e quem pode ser descartável no governo. E neste jogo não tem comadre, não. Taí a Edilza que não me deixa mentir. Agora, se a ex-auditora defende, amparada na legislação, que não deveria entregar o calhamaço de documentos à Assembleia Legislativa por que o fez? Por pressão do Legislativo? As nossas casas legislativas, é sabido e notório, e não menos vergonhoso, estão sempre ajoelhadas e rezando a cartilha do que o seu Executivo mandar. São subservientes aos governantes de plantão e votam e desvotam ao sabor de cada milhão liberado em emendas. Mas, de acordo com a própria ex-auditora, no Pará a situção é inédita; o Legislativo é quem manda e desmanda no Executivo. Chegamos mesmo ao fundo do poço. Agora as 7 (número de mentiroso) caixas empilhadas de papéis pousam na Alepa entregue, pelo próprio governo, ao PMDB. Em ano eleitoral, não é difícil pontencializar o caos deste governo. O próprio Diário Oficial do Estado dá um empurrão e tanto nesta tarefa. Todos os dias estamnpa os impropérios e descalabros administrativos de um governo que vai terminar sem rumo.
Ao que parece, o controle interno, essencial na esfera pública, foi completamente engessado pelo tal grupelho, e, claro, com as bençãos da governadora. Olhe lá, acompanhe o Diário Oficial. Confira quantos assessores especiais já foram contratados, a farra de diárias pagas hoje a pré-candidatos em campanha com todo o aparato governamental. Torço, sinceramente, que essas caixas se tornem de domínio público porque é de interesse público. Queria muito que a publicidade dos documentos não fosse impregnada pela motivação política. Como evitar? Como será possível se a Assembleia Legislativa do Pará manda no Governo de Sua Excelência Ana Júlia Carepa?