No AMAZÔNIA:
Representar a voz de todos os povos que lutam por causas sociais relacionadas principalmente à saúde, educação e segurança pública. Este é foi o objetivo da 15ª edição do Grito dos Excluídos, uma enorme marcha, organizada por pastorais católicas de Belém, que percorreu ontem pela manhã as ruas do bairro da Terra Firme. Mais de mil pessoas participaram da caminhada em um dos bairros mais violentos da capital, entre elas, membros de partidos políticos, entidades estudantis, sindicatos, movimentos sociais, crianças de projetos sociais e índios da tribo dos tembés, de Santa Maria do Pará. Em 15 anos de existência, o Grito dos Excluídos acontece simultaneamente em várias capitais brasileiras, sempre no dia 7 de setembro - data em que se comemora a Independência do Brasil.
Segundo Ruth Matos, organizadora do evento e membro da Pastoral Social, o 'Grito' deste ano evidencia a violência como questão prioritária. 'É claro que não vamos conseguir resolver os problemas relacionados à falta de segurança com esta marcha. Contudo, vamos mostrar ao poder público e a toda sociedade o quanto o nosso povo é carente dos serviços básicos que qualquer cidadão tem direito', revela. Ruth destaca que a intenção dos organizadores é trazer os excluídos para questionar seus direitos. Entre os excluídos lembrados pela Pastoral Carcerária está a família dos encarcerados e os próprios ex-presidiários, que segundo o diácono Ademir da Silva, são discriminados quando soltos.
'Sofremos com um excedente populacional superior a 50% nos presídios. Queremos que os presos, ao saírem das cadeias, sejam recebidos pela sociedade de braços abertos, afinal de contas, já foram punidos e pagaram suas penas. É preciso garantir a ressocialização destas pessoas, e lutar por um sistema carcerário mais humanitário e justo', comenta Ademir. O diácono revela que a escolha desta data - 7 de setembro - é devido ao processo de Independência, que segundo ele, inexiste em alguns lugares. 'Não há independência onde a discriminação, a miséria e o desemprego assolam a maior parte de uma sociedade. A renda concentra-se nas mãos de poucos. Apenas Deus escuta o apelo do povo. Por isso o Grito é um resgate daqueles que não são escutados', afirma.
Com o tema 'Vida em primeiro lugar - a força da transformação está na organização popular', o Grito dos Excluídos, segundo Ademir, é uma convergência de ideais. 'Embora seja uma iniciativa da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que é uma entidade católica, foram convocadas pessoas de diversas religiões por que a nossa intenção é adotar uma dimensão ecumênica e congregar todos os povos', revela.
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