terça-feira, 8 de setembro de 2009

Desembargador joga xadrez durante sessão do TJ da Bahia

Do Consultor Jurídico

O desembargador Carlos Roberto Santos Araújo foi flagrado jogando xadrez em seu computador na mais importante sessão do pleno do Tribunal de Justiça da Bahia este ano. A reunião ocorrida nesta sexta-feira (4/9) foi convocada extraordinariamente pela presidente da corte, desembargadora Sílvia Zarif, para se discutir o fechamento do Instituto Pedro Ribeiro de Administração (Ipraj), braço gestor do TJ baiano. A sessão foi tensa, já que se debatia uma determinação do Conselho Nacional de Justiça no último dia do prazo concedido. As informações são do Jornal do Commercio de Pernambuco.
A sessão foi aberta por volta das 9h30 e os desembargadores faziam saudações ao colega Gilberto Caribé, que participava da última reunião do pleno antes de se aposentar. Também faziam críticas à cobertura da imprensa sobre os assuntos do TJ-BA, quando o repórter fotográfico Haroldo Abrantes, do jornal A Tarde, percebeu a cena. Foram feitas seis fotos, nas quais Araújo aparece concentrado, olhando para o monitor do computador.
Na sexta foto, a interface do programa mostra que a partida entre o desembargador e a máquina estava na 18ª jogada. E era a vez do magistrado jogar. “You move”, avisava o programa. O desembargador Araújo pensava na sua próxima jogada, enquanto os desembargadores reclamavam do resultado da pesquisa da Fundação Getúlio Vargas divulgada na terça-feira (1º/9), cujo resultado deu ao TJ-BA a pior avaliação do Brasil.
“Eu não estava jogando xadrez. Abri a página antes de a sessão começar, por curiosidade”, alegou o desembargador. “E a página ficou aberta [ao longo da sessão]”, completou ele, que só se manifestou uma vez na sessão, que durou cerca de quatro horas. Os cliques do fotógrafo, no entanto, dizem o contrário. Entre a primeira e a sexta foto foram feitos dois movimentos: o 17 e o 18.
Perguntado sobre a importância do uso do computador durante a sessão, o desembargador afirmou que a ferramenta serve para “dirimir dúvidas rapidamente”.
O fotógrafo do jornal conta que o desembargador foi avisado sobre as fotos. “Alguém da plateia nos viu fotografando e telefonou avisando ao desembargador para ele mudar a tela do computador. Quando me virei, a tela já tinha sido modificada”, conta Abrantes.
Os desembargadores debateram o projeto de extinção do Ipraj e decidiram pelo seu adiamento.

6 comentários:

Anônimo disse...

Isso é "moldade" da imprensa, sempre perseguindo, sabe como é...
O ilustríssimo ( ou bastaria Ilmo. ?)nem pode ter um digamos, instante de relaxamento, em meio a uma estafante e estressante reunião de trabalho, que lá vem perseguição, poxa!

Jogar xadrez puede, já "manter" bandidagem no xadrez, hum...aí é difícil. E como!

Unknown disse...

E eu preocupado de estar lendo o blog enquanto faço o meu TCC. Tsc tsc.

Anônimo disse...

O problema é que o "sistema das sessões" de julgamento dos Tribunais é o mesmo de dois mil anos atrás, portanto estupidamente arcaico: um relator é sorteado para "relatar" o processo e proferir o voto inicial (na verdade, trabalho hoje, com raríssimas exceções, confiado aos "assessores" dos ministros e desembargadores). Na hora do julgamento, via de regra, enquanto o relator lê o seu voto (muitas vezes uma maçaroca de centenas de páginas, hoje em dia apenas "coladas" e "copiadas" com os recursos do computador), os demais "julgadores" conversam entre si ou com os advogados, lêem outras coisas, até jornais, trocam e-mails, etc., quando não chochilam escandalosamente no plenário, e, depois, se limitam a "acompanhar" o voto do relator. Raramente divergem. Quando divergem, é porque tem holofote demais no pedaço. Isso é uma tremenda perda de tempo. Por que não se muda o sistema? Uma sugestão: todos os desembagadores ou ministros receberiam cópias eletrônicas das principais peças do processo e profeririam os seus votos por escrito e sucintamente (com um limite máximo de laudas, pois para decidir uma questão não é preciso escrever um "tratado medieval", que, no fim, acaba nos arquivos e ninguém lê). Assim, seriam evitadas essas enfadonhas sessões de leitura dos votos, que seriam todos publicados eletronicamente, o presidente proclamararia o resultado e pronto final. As decisões seriam muitos mais ágeis. E com o ganho adicional de não precisarem dos holofotes da TV.

Anônimo disse...

Bemerguy, pior são as juizas que foram pra reunião na CCJ da Assembleia defender a substituição de cargos efetivos por D.A.S no TJE. Antes tivessem jogando xadrez, menos mal à sociedade essas meritíssimas fariam. É a treva!

Xis disse...

Relaxem que com o processo digital, td vai ser filmado, e kero ver eles continuarem.

Anônimo disse...

O Judiciário vive no tempo do ronca. Ops... Quem está roncando, cara?
Tem que acabar o sistema arcaico. Na sala de audiência dos órgãos de 1º grau o computador é usado como uma sofisticada máquina de escrever.
Por que não se filma tudo?
O STF vem dando o pontapé inicial, com o chamado "pleno virtual".
Muita coisa deve mudar.
Jogar xadrez ou até "paciência" na sessão do tribunal já é demais.
É muito desprezo à sociedade, que paga uma fábula aos nobres magistrados.
Uma vergonha.
Quando é que o Judiciário vai se modernizar, quando é que vai tomar vergonha na cara, quando é que as excelências vão chegar no século XXI, se não chegaram ainda no século XX?
Vamos dar um xeque-mate: renovar o Judiciário.
Duvido que os jovens e as mulheres magistrados façam isso.
Eles e elas são a nossa esperança.
Fora velhacaria. Irresponsáveis (com as devidas exceções, é claro, para confirmar a regra).
É isso aí.