População fica sem água

No AMAZÔNIA:

Moradores de pelo menos dez bairros de Belém e Ananindeua passaram ontem mais de 12 horas sem água. A interrupção no serviço de abastecimento - que pegou de surpresa os moradores - começou por volta das 22 horas de sábado e só começou a ser normalizado em alguns trechos a partir das 10 horas do domingo. Em outros, a previsão da Companhia de Saneamento e Abastecimento de Água do Pará (Cosanpa) era de que o serviço fosse normalizado até as 13 horas. A população teve de usar da criatividade e contar com a solidariedade para conseguir fazer as atividades domésticas. Também sobrou reclamações sobre a qualidade da água que abastece as casas.
Diferente do último final de semana, quando a Cosanpa avisou com antecedência sobre a interrupção nos serviços, ontem o dia foi de sufoco para os moradores dos bairros de Fátima, Jurunas, Telégrafo, Marco, Sacramenta, Canudos, Pedreira, São Braz, parte do Umarizal e Cremação, em Belém. Também faltou água em parte dos conjuntos Guajará e Cidade Nova, no bairro do Coqueiro, no município de Ananindeua. 'Desta vez, ninguém sabia. Aí é ruim porque você não pode nem se preparar, enchendo os baldes. Desde 22 horas não tinha mais água, você quer preparar a comida, tomar um banho e não tem como', reclamou a moradora do Telégrafo, Marilene Silva, informando que tentou por várias vezes entrar em contato com a companhia, mas não obteve sucesso.
No trecho da rodovia Arthur Bernardes com a avenida Pedro Álvares Cabral, o jeito encontrado pelos moradores foi contar com a solidariedade de um vizinho - o único com poço artesiano - para conseguir realizar as atividades do dia. E o entra-e-sai na casa do faxineiro Antonio Carlos Nascimento foi grande. Dezenas de pessoas saíam com baldes na cabeça para minimizar o transtorno.
'Não é fácil esta situação. Por isso, hoje tiramos o dia para ajudar a carregar água para os outros', disse.
De acordo com o morador Severiano Tavares, a qualidade da água que vem sendo servida pela Cosanpa também está comprometida. 'Se não bastasse vir uma água amarelada, suja, que a gente fica até receoso de usar, eles ainda cortam o serviço sem avisar. Assim não dá', reclamou Tavares.
No bairro da Cremação, à altura da rua Mundurucus, a situação se repetiu. A dona de casa, Assunção Nunes, contou que teve de esquentar a água da geladeira para tomar banho pela manhã. 'É um sufoco', disse.
Por volta das 10 horas, o serviço de abastecimento voltou ao normal em alguns bairros, mas a qualidade, em alguns pontos ainda deixou a desejar. 'É uma água preta, parece suja de barro', descreveu a moradora do bairro de Fátima, Maria Cristina Cavalcante.