quinta-feira, 26 de março de 2009

Empreiteira nega acusações; doação é legal, dizem políticos

Na FOLHA DE S.PAULO:

A construtora Camargo Corrêa negou ontem, por meio de nota, as irregularidades das quais é acusada pela Polícia Federal. Os senadores citados na investigação -Agripino Maia (DEM-RN) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA)- afirmaram que as doações recebidas foram transparentes, legais e registradas conforme determina a lei.
Os presidentes dos partidos políticos que, segundo a PF, receberam dinheiro da empresa, também negaram irregularidades nas doações. Agripino enviou à Folha o que seria o recebido da doação (veja ao lado).
"A Camargo Corrêa vem a público manifestar sua perplexidade diante dos fatos ocorridos hoje pela manhã, quando a sua sede em São Paulo foi invadida e isolada pela Polícia Federal, cumprindo mandado da Justiça. Até o momento, a empresa não teve acesso ao teor do processo que autoriza essa ação", diz a nota da empresa.
O advogado da empresa Antônio Cláudio Mariz de Oliveira afirmou que entrará hoje com o pedido de habeas corpus para os funcionários presos. Segundo ele, a construtura foi surpreendida pela operação.
"As investigações estão em curso há mais de um ano, e a Camargo Corrêa, seus diretores e funcionários, foram absolutamente surpreendidos. [A empresa] jamais havia sido notificada. Vou preparar os habeas corpus para tentar reverter as prisões, especialmente as preventivas, que consideramos deploráveis por não entendermos qual a necessidade delas."
Segundo a Procuradoria da República, quatro diretores da empreiteira tiveram a prisão preventiva decretada. Duas secretárias, a prisão temporária -com duração de cinco dias, renováveis por mais cinco.
"Apesar de tudo, confiamos no trabalho da Justiça e temos certeza de que ao final será comprovada a inocência da empresa", afirmou Mariz.
A construtora também criticou a atuação da PF no caso. "O grupo reafirma que confia em seus diretores e funcionários e que repudia a forma como foi constituída a ação", diz o texto.
A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), também por meio de nota, negou irregularidades (leia texto nesta página).

Partidos
O gabinete do senador José Agripino Maia enviou à Folha a cópia de um recibo da doação de R$ 300 mil recebida pelo DEM-RN datado de 15 de setembro de 2008. "Foi tudo transparente, publicado no balanço do diretório, do qual eu sou o presidente. Acho muita estranha essa operação", disse.
Flexa Ribeiro, senador e presidente do PSDB do Pará, confirmou ter recebido doação de R$ 200 mil da Camargo Corrêa. De acordo com ele, o valor foi dividido em duas parcelas de R$ 100 mil.
"Não há nada de ilegal, prestamos conta da doação conforme determina a lei. Tudo está registrado", afirmou ele.
O presidente do PMDB do Pará, Jader Barbalho, disse que não saberia precisar o valor da doação nem qual empresa teria feito a contribuição. Mas afirmou: "O PMDB do Pará recebeu legalmente. Não tem o menor fundamento".
O presidente nacional do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE), disse que a Camargo Corrêa é uma grande empresa e, como todas as do ramo de construção, tem tradição de contribuir com o partido.
"O que tem isso de mais? Qual é o problema? Se a Camargo Corrêa ajudou o PSDB nacional, estadual ou municipal, não há ilegalidade nisso."
O presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia (RJ), alega que precisa conhecer o conteúdo das investigações antes de se manifestar. "Vamos esperar o decorrer das investigações."
Roberto Freire (PE), deputado federal e presidente nacional do PPS, negou o recebimento de recursos de forma ilegal e chamou de "leviano" o "vazamento de nomes dos partidos". "Isso é uma irresponsabilidade. Onde estão as provas? Essa polícia política do Tarso Genro não merece credibilidade." O partido irá entrar na Justiça. A assessoria do PDT nacional afirma que o partido não recebeu nenhuma contribuição da Camargo Corrêa na eleição passada. Toda doação, afirma, está registrada.
O tesoureiro do PSB, deputado Marcio França (SP), afirma que não há registro de doação da Camargo Corrêa para a sigla no âmbito nacional. "Se houve , foi nos Estados. Mas tudo feito oficialmente", disse.
A assessoria do PP divulgou nota em que "informa que toda doação recebida pelo partido está na prestação de contas.
O relatório também cita um PS como beneficiário de doações. No Brasil, existe um Partido Social em fase de gestação, que ainda não tem registro na Justiça Eleitoral.

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