quarta-feira, 4 de março de 2009

Diretor do Senado deixa cargo após denúncia sobre mansão

Na FOLHA DE S.PAULO:

Para tentar preservar o Congresso de novas acusações, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), demitiu Agaciel Maia, 51, há 14 anos no cargo de diretor-geral da Casa.
A decisão ocorreu dois dias após reportagem da Folha mostrar que ele escondeu da Justiça uma casa avaliada em cerca de R$ 5 milhões. O diretor-geral é o ordenador de despesas do Senado, que terá um orçamento de R$ 2,7 bilhões em 2009. Para o posto, Sarney escolheu José Alexandre Gazineo, funcionário concursado e subdiretor-adjunto -foi nomeado pelo próprio Agaciel.
Sarney tomou a decisão de substituir Agaciel após ver a repercussão da reportagem nos telejornais. Ele disse a senadores que não poderia mantê-lo no cargo no momento em que a Casa tenta se recuperar de desgastes dos últimos anos.
Renan Calheiros (PMDB-AL) e Roseana Sarney (PMDB-MA) foram os primeiros avisados. Renan comemorou: "Nunca um caso assim teve uma solução tão rápida". Líder do governo no Senado e aliado de Sarney, Romero Jucá (PMDB-RR) disse que a demissão "tranquiliza e pacifica a Casa".
A reportagem apurou que Sarney conversou com Agaciel anteontem à noite, quando o avisou que teria de pedir para ele sair. A demissão só foi oficializada na manhã de ontem, quando o diretor foi ao gabinete de Sarney. Oficialmente, ele pediu demissão. Com a exoneração, ele perde uma função comissionada de aproximadamente R$ 2.500 mensais.
"Acho que com isso encerramos este assunto. Lamentavelmente prejudicou a imagem do Senado. Estamos vivendo o momento de uma nova administração", disse Sarney. Ontem, antes de entrar no gabinete de Sarney, Agaciel disse que não ficaria mais no cargo. Alegando inocência, ressaltou que era favorável a uma investigação "ampla, geral e irrestrita".
"Por mais que eu mostre que eu não fiz nada de errado, que sou um servidor honesto e probo, existe uma coloração política em cima de tudo isso. Não vou ser motivo de desagregação político-partidária nesta Casa, até porque não tenho importância para isso", disse.
Em sua defesa, Agaciel afirmou que ele e sua mulher, Sânzia, também servidora do Senado, têm renda para ter a casa -respectivamente, R$ 18 mil e R$ 14 mil líquidos por mês. Pelo valor de mercado estimado (cerca de R$ 5 milhões), teriam de economizar integralmente os salários por mais de 12 anos se fossem comprá-la hoje.
Até o fim da tarde de anteontem, Agaciel estava confiante de que ficaria no cargo -para o qual foi indicado pelo próprio Sarney quando ele presidiu a Casa pela primeira vez. De lá para cá, cinco presidentes o mantiveram na função.
Na semana passada, quando soube do teor da reportagem da Folha, Agaciel avisou Sarney. No domingo, quando houve a publicação, ele ligou para o senador e pediu que o caso fosse tratado pelo Tribunal de Contas da União. Anteontem, Sarney encaminhou ofício ao TCU solicitando investigação.
Em 2008, quando o Senado foi bombardeado por denúncias, o então presidente Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) chegou a cogitar a demissão de Agaciel, mas Sarney pediu que ele fosse mantido no posto.

2 comentários:

Anônimo disse...

Mais uma vez, no cenário político, um exemplo clássico de "abafa o caso". Espero que Agaciel ainda seja melhor investigado, visando limpar a imagem da ladroagem no Brasil.

Poster disse...

Tomara, Ryan.
Tomara que seja investigado.
Abs.