sábado, 7 de março de 2009

Como vive Sean Goldman

Na ÉPOCA:

Sean Bianchi é um menino bonito, esperto e amoroso, com quase nove anos de idade e dupla nacionalidade: brasileira e americana. Nasceu em Nova Jersey, EUA, mas vive desde os quatro anos no Rio de Janeiro. Não desgruda da nonna (avó, em italiano), anda enganchado nela. Ambos são bronzeados, de cabelos e olhos castanhos. Orgulha-se de ser craque no basquete e "bamba" em Matemática e redação. Não gosta de estudar História. Quando consegue ficar parado, tem mania de mexer nas medalhinhas de seu cordão: uma tem a imagem de Iemanjá; outra, a inscrição Agnus Dei ("cordeiro de Deus" em latim); a terceira, um trevo de quatro folhas; e a maior, fina e delicada, o rosto da mãe.
Sean perdeu a mãe tragicamente, em setembro do ano passado: Bruna, estilista carioca, morreu aos 33 anos, ao dar à luz Chiara. Desde então, Sean consulta uma psicóloga uma vez por semana. Vive em um apartamento de 250 metros quadrados em um condomínio de luxo no Jardim Botânico, junto à Lagoa, no Rio de Janeiro, com varandão, plantas, obras de arte e tapetes antigos. Mora com uma grande família: os avós maternos, Silvana e Raimundo, um tio que é quase um irmão mais velho, Luca Bianchi – ator, surfista e peso-pena faixa-preta de jiu-jitsu. Divide o quarto com o padrasto, a quem chama de pai, João Paulo Lins e Silva. Na verdade, Sean começa seu sono toda noite na cama de casal da avó, e depois João Paulo o encaminha, quase sonâmbulo, para o quarto colorido, com painéis de elefantes e outros bichos na parede. Não dá mais para carregá-lo nos braços, como antes. Jogos medievais no computador e vários esportes, conjugados com o surfe de fim de semana na Praia Rasa em Búzios, compõem a vida de Sean. Além das broncas que leva quando deixa roupas no chão do quarto, Sean é acompanhado nos deveres de casa por uma família que diz querer, acima de tudo, seu bem-estar. Tem sorte. É evidente, para quem passa o dia na casa, que ele se sente amparado mas não mimado, e que prefiriria continuar anônimo. Até a mãe morrer, ele era apenas "Shan", "Sam", "Shon", um garoto popular entre os amigos, mas com nome esquisito.
Se tivesse de superar apenas a perda prematura da mãe, Sean Richard Bianchi Carneiro Ribeiro Goldman (seu nome completo) seria um menino privilegiado. Mas ele está no centro de uma disputa judicial rancorosa entre duas famílias – e entre dois países, o Brasil e os Estados Unidos. Uma briga que transcendeu as paredes do lar e se tornou um imbróglio diplomático, um circo internacional, com o rosto de Sean e imagens de seu passado estampados na internet pelo pai biológico, o ex-modelo David Goldman, hoje sócio de uma empresa náutica que organiza passeios.
A família de Sean no Rio só abriu a casa com exclusividade para a ÉPOCA depois de muito relutar, porque o caso adquiriu dimensões políticas e de mídia lá fora. E porque, segundo a versão do padrasto, dos avós e do tio de Sean, o pai biológico, David Goldman, se empenhou, desde a morte de Bruna, numa "campanha de calúnias" contra a família brasileira.
À reportagem de ÉPOCA, a família revelou que, quando se separou de Goldman, Bruna disse que tinha medo de ficar sozinha com o marido em um país estrangeiro porque, quando discutiam, ele ficava violento e dava socos nos móveis, esmurrava as paredes. Por isso teria pedido o divórcio e decidido ficar no Brasil.
Depois da separação do casal, Goldman abriu um processo contra a ex-mulher e os ex-sogros por sequestro e violação da Convenção de Haia – que dispõe sobre as crianças levadas de um país para outro. Durante quatro anos, o pai biológico abriu mão de ver o filho para sustentar suas acusações. A família brasileira afirma que se ofereceu para pagar a vinda de Goldman ao Brasil para visitar o filho. Segundo a família, essa nunca foi uma opção para Goldman, que apareceu na porta do apartamento onde Sean vive com agentes da Polícia Federal brasileira, funcionários do consulado americano e uma equipe da rede de televisão americana NBC. O menino não foi encontrado. Passava o feriado em Angra dos Reis.
Segundo a versão da família brasileira, o pai biológico de Sean teria pedido US$ 500 mil (R$ 1,2 milhão) – o que Goldman nega – para tirar o nome dos avós como "co-autores" do sequestro do menino. O acordo acabou sendo fechado em US$ 150 mil (R$ 360 mil).

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8 comentários:

FLÁVIA CUNHA disse...

Eu estou do lado da família brasileira do Sean nessa estória toda. Não por ser brasileira, mas porque vivo uma situação parecida. O pai biológico do meu filho mais velho, apesar de sempre ter sabido nossos endereços, telefones, sumiu desde os 2 anos de idade dele. Ligava esparsamente em natal ou aniversário, mas nunca fez esforço para ver o filho. Casei-me novamente qdo o meu filho fez 4 anos. Ele espontaneamente passou a chamar o meu marido de pai, em razão da convivência e do amor que ele sempre dedicou ao menino. Ele é quem sempre foi às reuniões da escola, às festinhas de dia dos pais, ele é quem me ajuda a arcar com as despesas do NOSSO filho, que o educa, que zela por ele, que lhe dá todas as referências. Tivemos mais um filho, e o tratamento que ele dedica aos dois é o mesmo. Para nós e todos que nos cercam, ele é o pai dos meus dois filhos. Nosso filho mais velho sequer se lembra do pai biológico. Não justificaria, após tantos anos, ele aparecer, do nada, querendo usufruir tardiamente seus direitos de pai. Assim também ocorre com David Goldman. Lógico que ele tem direito de ver a criança, mas não de retirá-la do ambiente que ela tem como seu, arrancar-lhe todas as referências de forma brusca, separá-lo da irmã, do PAI que ele aprendeu a amar, só para satisfazer à sua vaidade pessoal ou a interesses mais escusos (tendo em vista a herança que o menino Sean irá receber). Se ele realmente tinha amor de pai, tinha que ter visitado o Sean desde que Bruna veio para o Brasil, deveria ter pleiteado visitas na justiça brasileira. Que se dane se isso interferiria em seu pedido de guarda americano, quem ama quer estar junto, não importa a situação. Será que justifica mesmo ele ficar 4 anos e meio sem ver o menino, ao argumento de que isso prejudicaria sua causa? Ora, ele optou por deixar o menino sem referência paterna, e o engraçado é que não vejo os defensores da bandeira "o menino foi sequestrado" cogitarem da violência que será para essa criança ser levada aos EUA contra a vontade, para longe da irmã, do padrasto, de todas as referências que possui de família. Será que se fosse o oposto (o pai americano tivesse levado o menino para os EUA contra a vontade da mãe) as autoridades americanas e brasileiras estariam tão preocupadas com a suposta violação de direitos humanos?!? Eu duvido. E outra, ninguém parou para pensar que se Bruna se recusou a voltar para os EUA, provavelmente é pq temia que lá o seu pedido de guarda tivesse um julgamento parcial (pelo fato do pai ser americano, do menino ter nascido lá e ela ser uma "reles" brasileira), coisa que nós sabemos que acontece. Provavelmente se seu pedido de guarda tivesse sido julgado lá, ela perderia, mesmo tendo mais condições psicológicas e financeiras de cuidar da criança, mesmo sendo a mãe, unicamente pelo fato de ser uma estrangeira, pois, não sejamos hipócritas, os americanos em geral são sim ultranacionalistas, bairristas e vemos isso em outros casos análogos. Tanto assim que veja como a Hilary Clinton se referiu a Sean - "a criança AMERICANA sequestrada" -! Ora, ele tb é brasileiro, mas agem como se um menino sem qq referência com o Brasil tenha sido injustamente levado, o q não ocorreu. Ele foi levado pela mãe, q é brasileira, e vive bem aqui no Brasil. Acho que essa criança deve ser ouvida nas Côrtes que julgarem todos os processos a seu respeito. Pq o interesse que deve prevalecer é o da criança, acima de tudo. E a sua vontade tb. Qualquer ato contrário a isso significará uma grave violação aos direitos desse menino, e poderão ter efeitos irreparáveis. Que a Justiça autorize as visitas de David a Sean. E que, após essa convivência, se o menino decidir que quer ir com o pai biológico, assim seja. Mas não que ele seja tratado como um bichinho de estimação norte-americano, sem vontade, que tem que ser arrancado violentamente de sua família, de sua vida, e "resgatado" para o pai americano que só agora se lembrou que é pai! Sean e João Paulo, vcs têm todo o meu apoio!

Anônimo disse...

Sean, um menino muito amado

Li a matéria da revista Época (07/03/09) sobre o menino Sean Goldman. Achei que a matéria não foi imparcial. Mostrou que a participação da mãe na vida de uma criança é a única que importa. Então, o pai que tem seu filho afastado de seu convívio, tem que simplesmente pensar na criança? Tem que deixar a mãe decidir se o filho terá pai ou não, como se o filho fosse propriedade dela? E se fosse o contrário? Se o pai fosse embora e levasse a criança para o país de origem, será que ficaria por isso mesmo? Pensariam nos anos de convívio e laços afetivos formados, ou todos lutariam para devolver a criança para a mãe tão sofrida? Uma pena que ainda pensem que um filho precisa apenas da mãe e o pai pode ser apenas um fornecedor de espermatozóides. A matéria deixou claro que, uma vez que a mãe foi embora do país com a criança, o pai poderia compreender, pelo bem do filho, que seria melhor ele pegar um avião e vir gentilmente ao Brasil para ver o filho. Quem sabe a cada quinze dias. Se o pai viesse ao Brasil para conviver com o filho, estaria de acordo com a mudança feita pela mãe e perderia então, a chance de conviver com seu filho, pois vamos lembrar que ele mora em outro país. O pai veio rapidamente ao Brasil depois que a mãe morreu, pois tinha certeza de que nada o impediria de levar o filho dessa vez. Parecia óbvio, a mãe morreu, resta o pai. Ele encontrou caminhos para ter dinheiro para custear advogados e viagens e isso foi muito criticado também. A mãe não faria o mesmo no lugar dele? Por que se uma mãe movesse montanhas para arrecadar dinheiro estaria lutando por um filho e o pai é só interesseiro? Ele é o pai da criança e independente da mãe ter ido embora do país de má fé, ou não, não faz alguma diferença. O pai teve algum direito de opinar a respeito dessa decisão? O pai pode ter sido um péssimo marido, mas não deixa de ser o pai que esse menino tem. Qual é o problema da mulher trabalhar e o pai ficar em casa cuidando da criança? Então a criança gosta menos de um pai ou de uma mãe que trabalha fora? Ele era um pai presente, tanto é que ficava com o filho enquanto a mãe saia para trabalhar. Ele era o cuidador na maior parte do tempo e foi afastado sem ninguém pensar em vínculo sócio-afetivo naquela ocasião. Nada consta sobre o pai ser agressivo ou perigoso. Depois que temos filhos, nem sempre temos a mesma liberdade de ir e vir de antes. Ao menos não deveríamos ter. A mãe estava infeliz, quis ir embora, mas pensou apenas nela e não se importou que o filho não teria mais um pai presente. Tenho certeza de que o padrasto e os familiares maternos são excelentes pessoas, bons cuidadores, pessoas que o Sean ama e com quem vive bem. A avó perdeu a filha, ajuda a criar a neta que não tem mãe. Tudo isso é muito triste. Se ficar longe do neto será uma tristeza maior ainda. Mas por que não é uma tristeza para o pai estar afastado do filho? Sou madrasta e sei que é perfeitamente possível passar a amar uma criança aos 4 anos, mas por que o amor do padrasto é tão fiel e o amor do pai e tão desvalidado? Para manter, mesmo à distância, um vínculo da criança com o pai, não seria importante manter a língua inglesa? Mas fazem questão de dizer que o menino pouco se lembra da língua paterna, para ser mais um fator que poderia dificultar a mudança da guarda. Agora alegam que muito tempo se passou e o contato sócio-afetivo está todo no Brasil. Isso é golpe baixo. Pois é óbvio que toda a vida do menino está estruturada no Brasil e levá-lo embora imediatamente não é o mais adequado. Porém, Ele tem 8 anos e será capaz de se adaptar muito bem à mudanças desde que não seja pressionado por quem não quer que ele vá embora. Se o pai receber o direito de levá-lo embora, eu serei totalmente a favor de que eles tenham a oportunidade de viverem juntos nos Estados Unidos para resgatar a relacão e formar um vínculo afetivo. O menino viria ao Brasil passar as férias escolares com os familiares maternos. Depois de um tempo, se o filho quiser voltar a morar no Brasil, tudo bem se o pai concordar e então passariam a conviver nas férias escolares. Ao menos teriam a oportunidade de conviver, apesar da brusca separação anterior. O menino está muito bem no Brasil. Tem uma família amorosa, um padrasto atencioso, excelente escola, mas tudo isso não pode ser mais importante do que ter um pai presente. O pai preferiu seguir o caminho da lei para ter o filho de volta ao país de origem, mas os anos se passaram e agora o menino tem seus laços afetivos no Brasil. Nesse caso o pai passa a ser o vilão, o culpado por querer mudar a vida do menino. Os familiares brasileiros estão desvalidando o pai. E isso é bom para a criança? Dizer que o pai não trabalha, que era péssimo parceiro sexual, que só está interessado no dinheiro do filho. Isso é para o bem da criança? Li no Estado de São Paulo (08/03/09) que o pai vai abrir mão da herança que o filho tem direito. Até isso ele precisa fazer. Por que as pessoas não podem acreditar que um pai pode querer ser pai? Por que só mãe é vista como quem realmente luta por um filho e não tem outros interesses? Depois de tantos anos, a volta desse menino para o país de origem precisa ter uma passagem gradual. Caso o pai tenha o direito de levá-lo, o ideal seria que ele ficasse no Brasil alguns meses, convivendo diariamente com o filho para formar um vínculo, desde que ao mesmo tempo o menino não estivesse sofrendo pressão das pessoas que querem que ele fique. Certamente os famliares maternos não fariam isso. Pensariam apenas no bem estar da criança, já que seguiriam a decisão da justiça que decidiu que o menino voltaria aos Estados Unidos com o pai. Eles querem que o pai entenda que agora o filho já está no Brasil, já está acostumado. Simples assim. Vamos ver se entenderão se a justiça permitir que o pai o leve de volta.
Roberta Palermo
Terapeuta Familiar
www.robertapalermo.com.br

Rodrigo disse...

Parabéns Roberta, me curvo diante de sua sensatez! Infelizmente não posso dizer o mesmo da Sra. Flávia Cunha.

Anônimo disse...

É um absurdo que queiram tirar o filho desse pai. Parabéns Roberta!

Anônimo disse...

Realmente falou e disse Roberta, concordo totalmente com o que escreveste!

Anônimo disse...

Avó é avó, não é mãe; na ausência da mãe o pai biológico tem todo o direito de ficar com a guarda do filho.
A Justiça brasileira foi lenta por questões óbvias neste caso; quanto mais tempo passasse, mais o garoto esqueceria do pai.
Mas Estados Unidos não é Brasil; americanos se empenham pelos seus, todos ficam envolvidos.
Vamos ver como fica o circo montado pela vovó do Sean e do pseudo padrasto.
Os Estados Unidos deveriam negar o visto a vovó do Sean por ter acobertado uma ilegalidade, um rapto de um menino americano.
Ela terá duas opções > entrar pela fronteira do México ou pousar para a Playboy (agora pode tudo com o famigerado photoshop).

Hunny Beaut disse...

Acho que deveríamos analisar cada ponto. A mãe tem sim o direito de ficar com os seus filhos, independente de qualquer coisa, só não se ela for considerada uma péssima mãe. Concordo com as palavras de Flávia. Ninguém pensou que qd Sean nasceu a família brasileira não estava presente e nem que ele passou 4 anos nos EUA, que a mãe se sentia infeliz e injustiçada, que a mãe dele estava em um país onde não tinha parentes, não tinha a quem recorrer caso ela optasse por separar-se, que as constantes brigas que provavelmente o casal tinha causava um desconforto para o filho. Ela o usou o BR como uma válvula de escape e que deu certo. No meu entender esse pai não tem coração, age somente pela razão. Dane-se a lei quem ama quer tá junto, acompanhar os passos, dar a mão, ceder de vez em quando, mas, fazer o quê? Cada um sabe de si. Quanto a Roberta, concordo em partes com vc, certo o pai tem direito de ficar com o filho, no entanto, ele tem que fazer por merecer, 5 anos de ausência não justificam, duvido que com tantos recursos tecnológico, como: Orkut, MsN, skype,0 facebook e outros e outros eles não conseguissem manter um contato. Façam-nos um favor, né? quem ama quer tá junto,dar carinho e atenção. Infelizmente, Sean teve de voltar aos EUA. Felicidades Sean!!! Boa Sorte nessa sua nova jornada.

Anônimo disse...

Mesmo sendo brasileira, temos que admitir que de fato foi lamentável a atitude da finada mãe e dos avós maternos do menino. E não podemos esquecer que no Brasil um sobrenome importante, dinheiro e influência acabam sendo fatores que fazem a Justiça pender a favor de quem a pleiteia.
Mas o que me causa maior tristeza é a posição sensacionalista que o pai biológico deu ao caso e as declarações absolutamente infelizes dadas pela avó materna.
Nesse "imbroglio", infelizmente quem sofre é o menino Sean, que sofre pela falta de sensibilidade do pai, que possui recursos financeiros e poderia vir morar no Brasil. Assim o genitor não privaria o menino da convivência com a irmãzinha, da escola brasileira e dos amiguinhos e até dos parentes daqui (com supervisão).
Apesar da tristeza da família brasileira e as implicações na vida do menino, de fato a Justiça foi feita. Assim, quando algum estrangeiro fizer o mesmo, sequestrando uma criança aqui do Brasil, outra família brasileira tenha seu(ua) filho(a) de volta.