terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Um olhar pela lente


Luzes iluminam árvores em frente ao Scala de Milão.
Foto da Reuters.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro poster, lí o texto no blog do Xico Vargas e tomo a ousadia de reproduzir abaixo.

Pertinente, não?!
Abs.

Onde anda o pessoal da auto-solidariedade?
06-12-2008

Recebi de um amigo o conjunto de interrogações abaixo - enviado a vários destinatários - que transcrevo por creditar-lhe motivo para reflexão. Afinal, que tipo de país pode surgir de uma população à qual o absurdo não escandaliza e a ofensa não produz reação?

“Frente à tragédia que está ocorrendo em Santa Catarina, vocês viram algum “movimento social” se apresentar para realizar trabalhos voluntários? Uma caravana do MST? Um grupo do movimento dos assentados de barragens? Uma equipe dos padrecos que insuflam os índios? A turma dos quilombolas? A UNE e o pessoal da sua “caravana da saúde”? Onde estão os ditos “movimentos sociais”, tão solidários consigo mesmos?”

Às interrogações do meu amigo se poderiam acrescentar interminável lista de entidades e personagens que drenam o dinheiro do contribuinte guardado na bolsa da Viúva. Mas, para ficar só no escândalo mais recente, alguém aí ouviu falar em contribuição para os flagelados feita pela ONG Meu Guri, aquela da mulher do deputado Paulo Pereira da Silva, o notório Paulinho, da Força $indical? Pois é.

Mas não só de personagens rotos, como o deputado, é feita a lista dos omissos. Não sei se o leitor tem registro, mas desde os governos do ditador e depois presidente Getúlio Vargas à primeira-dama sempre esteve reservada ampla possibilidade de trabalho na área social. Darcy, mulher de Getúlio, botou o pé na estrada e correu quatro estados para socorrer os flagelados da seca, no início dos anos 1950.

Conseguiu toneladas de leite em pó na Holanda, empresas privadas que as transportassem e um hospital de campanha, o primeiro do país, com o governo alemão. Mal terminou isso, já estava socorrendo as vítimas da enchente no rio Amazonas. Fora das tragédias assistia a minorias, famílias de soldados enviados a frentes de combate.

Abriu-se com Darcy Vargas trilha percorrida pelas mulheres de praticamente todos os presidentes brasileiros. Mesmo na treva inaugurada em 1964 algum tipo de trabalho assistencial sobreviveu. Excetuando-se o avanço de Rosanne Collor sobre o caixa da Legião Brasileira de Assistência, no geral, as primeiras-damas, no Brasil, têm cumprido de modo razoável o papel de mãe dos pobres que os costumes lhes atribuíram.

Mais efetiva, vigorosa e inteligente certamente foi Ruth Cardoso, mulher de agenda e idéias próprias, com o seu Comunidade Solidária. Não apenas socorreu. Buscou meios para ensinar os desvalidos a construírem o socorro. Mesmo fora do governo, continuou oferecendo ao pobre as ferramentas para deixar a miséria. Morreu cedo, porém. Não deixa de ser interessante imaginar o que teria feito agora, diante de desastres tão grandes quanto as enchentes de Santa Catarina e das cidades do Norte e Baixada Litorânea do Rio de Janeiro.

Certamente muito mais do que o nada oferecido até aqui por Mariza, primeira-dama da qual mal se conhece a voz. Além do botox, das eventuais novidades no penteado e da estrela vermelha que mandou plantar nos jardins do palácio, não há registro de mudanças promovidas pela primeira-dama. Talvez devesse acrescentá-la à lista do meu amigo.