Extra! Extra! Extra!
Denúncia de tentativa de manipulação de resultado no futebol brasileiro.
Extra?
Extra coisa nenhuma. Isso é uma banalidade.
Uma “denúncia” dessas não é denúncia coisíssima nenhuma.
É uma rotina.
É algo tão natural como um gol – marcado ou perdido.
A novidade é que, desta vez, impediram um árbitro de apitar uma decisão do Campeonato Brasileiro porque teriam usado o nome dele de forma criminosa.
Quem impediu?
A CBF.
Qual é o árbitro?
O catarinense Wagner Tardelli (na foto, Sua Senhoria)
Qual o jogo que seria “manipulado”?
Goiás x São Paulo, marcado para longo mais, em Brasília. Se o São Paulo pelo menos empatar, será hexacampeão brasileiro.
Pois bem.
Há dois fatos evidentes nisso tudo.
Primeiro, que a denúncia levada ao conhecimento da CBF é consistente, veraz, procedente, contém fortes indícios de que haveria a tal “manipulação” do resultado. Se não fosse assim, a CBF não interviria para substituir Tardelli por outro árbitro, o baiano Jailson Macedo Freitas.
Segundo, se a denúncia é verdadeira, por que não revelar os participantes, os personagens da tentativa de “manipulação”?
“O Ministério Público comunicou que a pessoa estava usando meu nome para oferecer benefícios. Não tem envelope nenhum e eu não denunciei nada, foi uma pessoa que usou meu nome indevidamente", disse Tardelli ao canal Sportv, descartando a versão de que recebera um envelope com dinheiro.
E aí, o que faz Sua Senhoria, o todo-poderoso, o temido, o irremovível, o imperador Ricardo Teixeira?
Quem responde é um comunicado oficial da CBF: "O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, determinou ao presidente da Comissão de Arbitragem, Sérgio Corrêa, que tomasse as providências cabíveis, entre elas a de realizar um novo sorteio para a partida em questão, mesmo reconhecendo a lisura e o caráter do árbitro Wagner Tardelli, que em vinte anos de atividade sempre demonstrou comportamento e conduta dos mais corretos."
Certo?
Certíssimo.
Mas sim, é quem é o tal cara do envelope?
Teixeira sabe o nome da pessoa responsável pelo ato ilícito, mas só o revelará no inquérito que será instaurado na segunda-feira para apurar o caso.
Segunda-feira?
Depois da decisão?
Mas por que não agora e já?
Se Teixeira sabe o nome, se a denúncia é consistente, se há um criminoso à solta, por que não o prender logo?
Não há razões suficientes para isso? Não houve uma tentativa de crime – ou de crimes – que poderiam, se consumados, afetar os interesses de milhares de pessoas, no caso os consumidores que assistirão à partida e, além deles, os torcedores das equipes com chances de sagrar-se campeã brasiliera, no caso Grêmio e São Paulo?
Se é assim, por que deixar para segunda-feira?
Teixeira tinha que cometer um teixeirice.
Ricardo Teixeira é aquele que sempre anda bem, até que comete uma teixeirice.
E sempre que ele anda bem – quando anda -, a teixeirice é sempre uma conseqüência.
Como esta teixeirice agora.
Nenhum comentário:
Postar um comentário