quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Só o voto facultativo é capaz de salvar Belém

Da leitora Vivian Cabral, sobre a postagem Uma cidade desarvorada, em meio ao lixo e ao caos:

De quem é a culpa?
Do prefeito inoperante?
Ou da população que o reelegeu?
Infelizmente, a esmagadora maioria da população de Belém vive na periferia, mergulhada nas trevas da ignorância. Não compram jornal - e, nas raras vezes em que lêem, é apenas para ver o último crime do bairro.
Costumo dizer que o centro de Belém é uma ilha de comodidade cercada de favelas por todos os lados. Em cada favela, uma legião de pessoas que decidem a eleição. Se empolgam por obras nitidamente eleitoreiras e fazem sempre as piores escolhas, perpetuando os próprios tormentos e a desgraça da cidade inteira.
Só uma coisa salva Belém: não é Jordy, nem Hélio Gueiros, nem Edmilson e nem Jader Barbalho. É o voto facultativo. Quando for instituído o voto facultativo no Brasil, os eleitores desinteressados, aqueles que "votam por votar", que não estão nem aí, não vão sair de casa pra fazer m**** na urna eletrônica.
Apenas as pessoas bem informadas, com cultura, conhecimento e senso crítico apurado é que vão direcionar os rumos da nossa Belém e do nosso país.
Tanto de eleitos como de eleitores, chega de analfabetos! Estamos fartos disso.

4 comentários:

Anônimo disse...

Paulo,

Com todo respeito, a leitora Vivian Cabral ainda repete as cantilenas de que os iluminados, seja pela academica "meritocrática" (uma das maiores falácias elitistas se tratando de Brasil) ou pelo abastamento da classe social a que pertencem, exercem o direito com consciência e lucidez.
Isso é uma asneira tamanha: foi essa elite esclarecida que apoiou oe tramou o golpe de 64, que apalaudiu o AI-5, que se entusiasmou com Fernando Collor e que, último dos Moicanos, ainda aplaude as declarações do FHC, aquele do maior desemprego da história, da recessão, da pressão inflacionária dolarizada, da privatização, do arroucho salarial, do hiper-endividamento externo.
Essa mesma elite esclarecida que pariu Hélio Gueiros, Gabriel, Passarinho et caterva para a vida pública.
Essa mesma elite do movimento das dondocas da rede globo, da novela, que acham que as madames podem mudar a vida do povo com sua solidariedade aos desvalidos, como se a sociedade fosse resolver seus dilemas mediante uma grande dose de caridade assistencialista que, aliás, condenam quando parte (segundo avaliações delas e jamais nossas, mas é outro papo) quando, supostamente são praticadas pela centro-esquerda.
Aliás, o deputado pedófilo tanbém vem daí e daí também vêm os que operam sua safação.
É disso sim que estamos falando, de requentamento do velho discurso de que "o povo não sabe votar", pois fica implícito nas palavras da leitora que estes são os tais "analfabetos", os que, segundo ela, votam por favores, empolgação, como se isso não fosse passível também as elites, como é bastante nítido pelos processos que narrei acima. Pior: quando isso ocorre entre os possuidores a carga é mais maléfica, pois empurram goela abaixo do país, do estado, das cidades, mentecaptos, através de suas vultosas doações de campanha, de suas colunas sociais, de suas TVs e rádios.
O que a leitora defende, involuntariamente, é justamente o AI-5, a ditadura, posto que democracia é soberania popular e vontade geral, não importa o que cada eleitor pense da vida, da política, da mãe dele ou que causa abrace. Quem não gosta disso, gosta de tirania, de regime de exceção para "limpar o jogo", para "tirar o excesso".
E no fim das contas não dá certo nem sequer aos intentos desse discurso elitista, pois na Venezuela, o "demônio vermelho" chavista venceu todas as eleições que disputou, de lavada, execeto um (foram mais de dez, salvo engano). Lá, o voto é facultativo e o povão, essa "plebe rude e ignorante" vota e com muito gosto.
Vivian tem que saber é que quando a consciência do povo se instala ( o que sempre será visto como "burrice" pelos ideólogos desse fracasso que é o liberalismo econômico e que permeia o senso comum e a filosofia dessa turma), a maioria social dele se manifesta como maioria política e ponto final. Assim é democrático. Por isso, para as elites, democracia sempre foi, como se diz em linguagem leninista, "tática" para aqueles que, entre os de cima, não gostam da democracia.

Nicolau Duranz Vilegagnon II

Anônimo disse...

Dá-lhe, Nicolau! Será que a Vivian percebeu a carreata do reeleito? Tinha um montão de "favelados" em carros de "favelados" querendo mais quatro anos. E a culpa é, somente, do povo da periferia de Belém. Assim eu terei que mudar meus conceitos geográficos!

Anônimo disse...

Que jornal? A nariguda? A sobrancelhuda? A "elite" está bem "informada" mesmo. Você lê, você acredita? Oh, coitada! Fique pelos blogs que tens mais a ganhar.

Anônimo disse...

Alcyr,
penso que o que o Nicolau disse com MUITA propriedade não desmerece a intenção do texto da Vivian.
Penso que a Vivian, involuntariamente (como dito colocado pelo Nicolau), pregou uma solução equivocada para corrigir o coronealismo que ainda vemos instalado de uma forma oblíqua no Brasil.
Ou seja, os redutos eleitorais 'salvam' alguns políticos por pura ilusão em decorrência de obras eleitoreiras.
Realmente... a solução apresentada está errada.
Mas espero que alguma surja logo senão nunca deixaremos a condição de país explorado de 3º mundo. :-(