sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Depois da facada, a terçadada

Por Daniel Nardin, especialmente para o blog

Há duas semanas, foi um absurdo. Se lá já foi, o que é agora? Um assalto declarado e na frente de todos - inclusive divulgado. Tudo bem que muita gente vai dizer que é besteira se preocupar com isso. Que besteira de assunto, se o roubo dos cofres públicos é bem maior e etc. Tudo justo. Mas nesse caso específico, não tem como um são-paulino se sentir completamente lesado.
Há duas semanas, o GDF (Governo do Distrito Federal) e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) fixou o preço dos ingressos para o jogo Brasil x Portugal, no novíssimo Bezerrão, em 180 reais. O mais barato, ressalte-se. A culpa era pelo enorme número de convidados (quase 10 dos 20 mil torcedores que cabem lá no estádio). Aí, tinham que compensar para pagar os custos e etc. Sempre há uma desculpa.
Agora, nesse domingo, o Bezerrão recebe o jogo Goiás x São Paulo. Seria um jogo normal e sem nenhum grande alarme. Seria. Vale o título do Brasileirão. Um empate ou vitória do Tricolor Paulista, o título vai para o Morumbi. Uma derrota e uma vitória do Tricolor Gaúcho, o título fica com o Grêmio. Ou seja: jogo decisivo.
Aproveitando esse 'tchan' a mais e para dar uma alfinetada na CBF, o ingresso virou tíquete de 'vale-assalto'. O 'troco' do Goiás contra a CBF é porque a entidade do Ricardo Teixeira marcou o jogo para o Bezerrão antes de definir com o Goiás uma alternativa ao Serra Dourada (o Goiás não poderá jogar em caso por conta de uma punição também do STJD). Havia a alternativa do jogo ser em Uberlândia (MG), que é perto de Goiás. Ou em Brasília mesmo, no Mané Garrincha. Mas, não. Tinha que ser no Bezerrão.
Estranho? Sí, pero no mucho.
É evidente que o estádio é moderno e coisa e tal. Mas, apenas cabem 20 mil torcedores. Pouco para uma final. Mas a renda é boa. E dá divulgação para o estádio recém-construído.
Resultado: o assalto será de 200 reais o ingresso. (tem ainda 150 para ver de trás do gol ou de 250 para áreas coberta). Isso porque a CBF 'intermediou' uma redução (???) no preço dos ingressos.
Na segunda, o Goiás soltou nota dizendo que o ingresso seria 400 reais. 200 meia. Agora, fixou - com a negociação da CBF - em 200. É claro que a história dos 400 foi tática usada pelo Goiás. Tática aliás das mais conhecidas.
Pretensão salarial? Jogue para cima. Vai baixar até um ponto que não é assim ruim.
Quer vender o carro, o som, a sogra? Jogue para cima. Vai cair e ficar bom do mesmo jeito.
Ora, foi isso que o Goiás fez. Para quem iria pagar 400, 'duzentinho' tá bom demais. Infelizmente, a lógica do Goiás/CBF colou.
Ou seja: depois da facada de 180 o ingresso para ver o timaço do Dunga, veio a terçadada de 200 por um jogo de dois clubes brasileiros sem grandes estrelas. (Não contando o Rogério Ceni, que para nós, são paulinos, é um super craque).
Ontem, quinta, começou a venda de ingressos. Já liguei na loja que vai revender e no ginásio. Segundo os atendentes, tem muita gente procurando e a expectativa é de fila.
É loucura, eu sei. Mas parte do décimo vai para isso.
Sim, vou contribuir com essa roubalheira. Eu e mais uns 18 mil. Infelizmente, mas é o jeito. O que o amor por um time não faz? Afinal, devo ter gritado gol pela primeira vez com aquela goleada do São Paulo de Raí em cima do Bracelona, em 1992.
Só espero - sinceramente e do fundo meu coração tricolor - que o São Paulo não deixe que eu me sinta ainda mais lesado - no completo sentido da palavra. Veremos.

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