No AMAZÔNIA:
Servidores municipais de Belém que prestam serviços de sepultamento, exumação de cadáveres e atendimento ao público no cemitério Santa Izabel ameaçam iniciar uma greve hoje. O motivo é o corte das horas extras para todo o funcionalismo municipal. Segundo o servidor José Roberto Ribeiro, a mobilização deveria atingir todos os cemitérios públicos municipais (tem ainda Tapanã, São Jorge e Bengui), mas ficou restrita ao Santa Izabel.
No cemitério localizado na rua José Bonifácio, o atendimento ao público foi suspenso entre as 9h e 11h de ontem. Apesar disso, foram realizados sepultamentos pela manhã. Duas viaturas da Guarda Municipal reforçaram a vigilância, normalmente feita somente por três agentes.
Para hoje, a promessa é de que nenhum serviço será realizado até que o prefeito negocie com os trabalhadores, numa segunda tentativa de rever o decreto que pôs fim ao pagamento de horas extras. O despacho municipal está em vigor desde o dia 19 do mês passado e vale para todos os funcionários de órgãos da prefeitura. A justificativa para o corte foi de que a medida atende controle orçamentário.
Os argumentos foram apresentados por representantes da Secretaria Municipal de Administração (Semad), ontem, durante negociação com os funcionários.
Ribeiro afirma que o descontentamento é grande porque as horas extras, pagas sobretudo nos plantões de finais de semana, representam cerca de 40% da remuneração dos servidores.
Ele afirma também que os 82 profissionais distribuídos na limpeza, sepultamento, administração e segurança do cemitério não são suficientes para manter o atendimento, daí o trabalho além das oito horas diárias. Ainda de acordo com Ribeiro, esse expediente vinha funcionando no cemitério há anos e só correu risco há dois ou três meses, quando se deu primeira ameaça de greve, inclusive com tumultos à porta do Santa Izabel.
Ele considera pequeno o risco de alguém levar um cadáver para ser sepultado e este ficar no portão. Isso porque o corpo só é transferido para lá depois que a família cumpre as exigências administrativas. Como o atendimento administrativo deverá ser suspenso, as famílias que possuem jazigo no Santa Izabel e precisarem sepultar alguém durante a possível greve serão encaminhadas para a Semad.
De acordo com Ribeiro, cerca de oito sepultamentos são realizados por dia no cemitério. Ontem foram menos, segundo a vendedora de flores Rosângela Moraes que calcula haver uma média de dois a três enterros diários.
Para a trabalhadora instalada na calçada do cemitério, a ameaça de greve é preocupante porque, embora ela venda flores para quem vai a outra necrópole, a maioria da sua clientela é formada por quem sepultará alguém ou visitará uma sepultura no Santa Izabel.
'Deus o livre fechar. Se não tiver coveiro, só, é menos pior porque tem muita gente que vem visitar sepultura. Se fechar tudo, vai nos prejudicar muito', diz.
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