terça-feira, 13 de maio de 2008

Presidência compra 595 marmitas com cartão no Pará

Na FOLHA DE S.PAULO:

A Presidência usou cartão corporativo para comprar 595 marmitas e o mesmo número de refrigerantes durante uma viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Pará, em fevereiro de 2004, na qual 40 auxiliares de apoio acompanharam a comitiva, que passou cerca de quatro horas no Estado e chegou após o almoço.
A despesa foi classificada como "sigilosa" e está sob análise da CPI dos Cartões e entre documentos requisitados pelo TCU (Tribunal de Contas da União) para auditoria.
A compra foi feita no restaurante Sinhá Norte Comércio e Representação, que vende comida popular, por um dos ecônomos (servidor que cuida dos gastos) que serve ao presidente, Clever Pereira Fialho. O custo foi de R$ 3.808. Cada marmita custou R$ 5 e os refrigerantes, R$ 1,40, segundo a nota fiscal 1.142, a que a Folha teve acesso.
Na viagem, o ecônomo pagou R$ 8.155 no hotel Hilton por hospedagem de assessores. Notas indicam que 40 funcionários acompanharam Lula. Há despesa de R$ 259 com refeição de 37 motoristas no hotel no dia 26, mesma data em que as marmitas foram compradas.
Francielle Sebonatto, que informou ser dona do restaurante, contou que marmitas foram levadas ao evento pela equipe de Lula e que foi informada de que eram para a comitiva.
O pedido, disse Franciele, foi para que se colocasse comida simples como arroz, feijão, bife e salada. A comida, disse, foi servida na hora do almoço.
Ela disse que, após ser questionada pela Folha, a Presidência a procurou querendo saber se a nota não era fria. "Me ligaram para ver a veracidade, se a gente é um restaurante."
A Folha questionou por três dias a Casa Civil para que informasse o motivo da compra de 595 marmitas e qual a comitiva que acompanhou Lula. Após três dias de contato, a assessoria da Casa Civil informou que o órgão não iria se pronunciar.
O único compromisso de Lula em Belém naquele 26 de fevereiro de 2004 foi uma visita à bacia de Tucunduba. Ficou cerca de quatro horas na cidade, depois foi para a Venezuela, para reunião do G15.
Seu discurso estava marcado para as 15h30, mas, segundo jornais locais, só começou às 18h. Lula teria desembarcado às 15h50. Antes de ir para o palanque, visitou as obras. Apesar do atraso, centenas de pessoas participaram do evento.
Lula estava acompanhado dos então ministros José Dirceu (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Previdência), Ciro Gomes (Integração Nacional) e dos atuais Marina Silva (Meio Ambiente) e Celso Amorim (Relações Exteriores).
O gasto chamou a atenção de oposicionistas, que acusam o governo de ter oferecido "bolsa marmita" para manter o público no ato. "Se foram compradas 595 refeições num dia, se demonstra um gasto injustificado e que demandará investigação de TCU e CPI", disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), sub-relator de sistematização da CPI. Para o deputado Vic Pires Franco (DEM-PA), não é possível que a comitiva reúna 595 pessoas nem que quentinhas a R$ 5 tenham sido servidas aos ministros.
Governistas defendem o gasto. "O presidente fez uma visita ao Complexo do Alemão, no Rio, imagine a logística que isso envolve", comparou o relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).
A CGU entende que o cartão não pode ser usado para pagar refeição a terceiros, mas não comenta o caso por se tratar de despesa da Presidência, que tem órgão de controle interno.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bolsa-aplauso ou bolsa-claque se preferirem.