segunda-feira, 5 de maio de 2008

Ração tinha mais de 100 kg de coca


No AMAZÔNIA:

A polícia apreendeu cerca de 130 quilos de cocaína pura ontem à tarde, em uma residência localizada na Estrada do Maguary, município de Ananindeua. A droga estava misturada com ração para aves. Dez pessoas foram presas e encaminhadas para a Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO). Quatro presidiários são apontados como chefes da quadrilha. Após refinado e misturado, o entorpecente seria transformado em 780 quilos de pasta base de cocaína. Esta foi a maior apreensão de 2008, de acordo com a Delegacia de Repressão ao Entorpecente (DRE), da DRCO.
Na residência, estava instalado um laboratório de refino de cocaína. Foram encontrados 80 litros de solução de bateria, 90 quilos de barrilha e 400 litros de querosene, além de dois tambores, duas caixas dágua e uma piscina. Esse material seria utilizado para refinar a droga. Segundo o delegado que comandou a operação, João Bosco Rodrigues Júnior, a casa foi alugada há pouco tempo, e seria usada pelo bando apenas pelo tempo suficiente de refinar o carregamento de entorpecente recebido ontem.
A droga estava distribuída em 11 sacas de ração, cada uma pesando 50 quilos. Dos 550 quilos das sacas, a Polícia acredita que 130 quilos são de cocaína, que estava em pó. A operação, batizada de 'Leão da Terra', teve início há seis meses, segundo o delegado Bosco. Neste tempo, já foram feitas cinco grandes apreensões de drogas pela DRE, e todas têm ligação com os quatro presidiários, que cumprem pena no Centro de Recuperação de Americano (CRA).
De acordo com o delegado, os detentos comandavam o esquema de dentro da cadeia. Em cada uma das operações, o 'modus operandi' e as pessoas envolvidas eram diferentes, para atrapalhar as investigações policiais. 'É uma verdadeira rede do tráfico, que tem várias ramificações', explica o delegado.
Há dois meses, por exemplo, os policiais apreenderam 43 quilos de cocaína e cinco pessoas foram detidas em Goiânia (GO), com a ajuda da polícia de Goiás. Há cerca de 40 dias, em Marituba, a apreensão foi de 63 quilos de entorpecente, que estavam escondidos em uma betoneira (misturador de concreto). Na ocasião, cinco pessoas foram presas, entre elas João Lindoso Duarte, que é irmão de Carlos Alberto Lindoso Duarte, o 'Paulo', um dos presidiários acusados de chefiar o esquema.
Além de Paulo, os outros detentos acusados de comandar o esquema de recebimento, refino e venda da droga em Belém são Ronaldo da Conceição Souza, conhecido como 'Camaleão', Sebastião Soares da Silva, o 'Tião' e José Ribamar Brito da Silva, o 'Zezinho'. Os quatro foram retirados do presídio na noite de ontem e levados para a DRCO. Segundo o delegado Bosco, eles seriam ouvidos para que fosse verificada a participação deles no esquema de tráfico. Em caso de comprovação, eles podem ser indiciados e deverão ter mais um crime em sua ficha policial.
O delegado Bosco explicou que o carregamento de entorpecente provavelmente saiu da Colômbia, passando por Tabatinga (no Amazonas), Manaus, Santarém até Belém e Ananindeua. Depois de refinada, acredita-se que a droga seria distribuída para outras cidades e estados brasileiros. 'Pela grande quantidade, pelo número de pessoas envolvidas e material apreendido, certamente a droga seria distribuída para outros estados', informou o delegado.
De acordo com o delegado, os 400 litros de querosene encontrados na residência seriam usados para separar a ração do entorpecente. O material das sacas seria jogado na piscina e nas caixas dágua, e após misturados com o querosene, a ração naturalmente separaria da droga. Em seguida, a cocaína seria misturada com a barrilha e com a solução de bateria, para transformação em pasta de cocaína. Os 130 quilos iniciais se transformariam em 780 quilos, já que, em média, rende seis vezes mais. Segundo estimativas policiais, o carregamento de 'ração' renderia à quadrilha mais de R$ 3 milhões.

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