domingo, 18 de maio de 2008

Canção da Minha Saudade - para ouvir e ler

“Para alguém provar que é "mocorongo" [nascido em Santarém], nem precisa exibir a carteira de identidade ou a certidão de nascimento. Basta demonstrar que sabe cantar: "Nunca vi praias tão belas/Prateadas como aqueles/Do torrão em que nasci...".” (Vicente Malheiros da Fonseca – filho do maestro Wilson Fonseca)




Clique aí em cima para ouvir. Inicialmente, o próprio maestro Isoca, ao piano solo (primeira parte, sem o canto).
Logo em seguida, a repetição da música, desta vez cantada por um time de vozes formado por Marina Monarcha, Madalena Aliverti, Maria Lídia Mendonça, Pedro Paulo Ayres De Mattos (Pepê), Paulo Ivan Campos e Francisco Campos, com a participação de familiares de Wilson Fonseca e da platéia (canto); José Wilson Malheiros da Fonseca (saxofone-alto); Vicente José Malheiros da Fonseca (piano acústico); e José Agostinho da Fonseca Neto (piano digital e regência).
A seguir, leia os comentários do desembargador federal do Trabalho, o santareno Vicente Malheiros da Fonseca.

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Esta composição, produzida em 1949, dispensaria comentários. Trata-se do "hino sentimental" de Santarém, cantado por todos os presentes (palco e platéia), com entusiasmo e vibração, numa verdadeira apoteose no encerramento do recital em homenagem a Wilson Fonseca, em agosto de 1995, no Teatro "Margarida Schivasappa" (Centur), em Belém, sob os auspícios da Secretaria Estadual da Cultura (Governo do Estado do Pará), em comemoração ao transcurso do 75º aniversário de vida musical do maestro santareno, com a participação de diversos cantores e instrumentistas nacionais e estrangeiros, bem como de seus familiares.
A gravação é histórica, porque registra, na primeira parte, em versa instrumental, solo de piano executado pelo próprio compositor Wilson Fonseca (Maestro Isoca), autor da música. Na repetição (versão cantada), o piano é executado por Vicente Fonseca, filho do compositor.
O evento foi gravado e o seu registro consta, em parte, no disco (CD), da série "Projeto Uirapuru - O Canto da Amazônia" (volume I), lançado em 1996, sob os auspícios da SECULT. A "Canção de Minha Saudade" já fora adotada como "hino oficial" do 1º Festival de Música Popular do Baixo-Amazonas, realizado em Santarém (1970). Também foi executada na "Semana de Santarém" (amostras de cerâmica tapajoara, artesanato, pintura, poesia, fotografias e música), que se realizou em outubro de 1972, no Teatro da Paz, em Belém, idealizada por Waldemar Henrique. Durante aquele evento, o Governador do Estado do Pará (Fernando José de Leão Guilhon) lançou dois discos compactos contendo, além de "Tambatajá" (Waldemar Henrique) e o "Hino do Estado do Pará" (arranjo de José Cândido Gama Malcher), duas composições de Wilson Fonseca, "Canção de Minha Saudade" e "Hino de Santarém", gravadas no Rio de Janeiro pela Orquestra Sinfônica Nacional e Côro da Rádio Ministério da Educação e Cultura (MEC), sob a regência do Maestro Nelson Nilo Hack, e pela Orquestra e Coro Edison Marinho.
Em 17 de novembro de 2006 (data de aniversário natalício do compositor) foram realizados diversos eventos em Santarém (PA), em sua homenagem. Foi inaugurado um BUSTO seu no Aeroporto de Santarém – Pará – “Maestro Wilson Fonseca” (Lei Federal nº 11.338, 03.08.2006 – DOU 04.08.2006), confeccionado sob os auspícios da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), pelo escultor retratista Henrique Hülse, estabelecido no Rio de Janeiro. Foi lançada, na Casa da Cultura de Santarém (PA), a coletânea, de sua autoria, intitulada “MEU BAÚ MOCORONGO” (6 volumes), sendo um dos prefácios escrito por seu filho Vicente José Malheiros da Fonseca, sob o título “Por que ‘Meu Baú Mocorongo’? (De filho para pai)”. A obra foi impressa por RR Donnelley Moore (SP) e editada pelo Governo do Estado do Pará (Secretaria Especial de Promoção Social, Secretaria Executiva de Cultura e Secretaria Executiva de Educação), parte integrante do Projeto Nossos Autores, coordenado pelo Sistema Estadual de Bibliotecas Escolares (SIEBE).
Na ocasião, foi executada, em primeira audição, a sua composição “AMÉRICA 500 ANOS” (poema sinfônico, 1992), pela Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz, sob a regência do Maestro Mateus Araújo, na Casa da Cultura, em Santarém (PA), onde foi realizado um concerto inédito da referida orquestra, com a apresentação de composições de três gerações da família Fonseca. A orquestra, que primeira vez se apresentava naquela cidade, no Projeto “A Orquestra nos Municípios”, executou, em primeira audição, o arranjo escrito por seu filho Vicente Fonseca, para a música “Idílio do Infinito” (1906), composta por José Agostinho da Fonseca (1886-1945) – genitor de Isoca –, em comemoração ao centenário desta composição pioneira da chamada “música santarena”; executou o 4º movimento (Oração – “Ave Maria”) da “Sinfonia do Tapajós”, de autoria de Vicente Fonseca, igualmente inédito; e, ainda, interpretou o arranjo orquestral, escrito também por Vicente Fonseca, para a música “Canção de Minha Saudade” (1949), composta por Wilson Fonseca (1912-2002), com letra de Wilmar Fonseca (1915-1984), em número extra-programa, repetido por duas vezes, a pedido da platéia, que cantou, com entusiasmo, esta bela canção, considerada o “hino sentimental” de Santarém (PA), numa verdadeira apoteose no encerramento do histórico evento.
É por isso que se costuma dizer que para alguém provar que é "mocorongo" nem precisa exibir a carteira de identidade ou a certidão de nascimento. Basta demonstrar que sabe cantar: "Nunca vi praias tão belas/Prateadas como aqueles/Do torrão em que nasci...".

13 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Paulo:

Eis a letra da "CANÇÃO DE MINHA SAUDADE"

Canção de Minha Saudade
(canção)
Letra: Wilmar Fonseca
Música: Wilson Fonseca (1949)

Nunca vi praias tão belas
Prateadas como aquelas
Do torrão em que nasci!
Da CAIEIRA, do LAGUINHO
(MAPIRI é um carinho)
Onde canta a Juruti.
Nunca vi praia tão boa
Como aquela da COROA
Bem pertinho do SALÉ...
De SÃO MARCOS, tão branquinha
(A candura da PRAINHA)
VERA-PAZ... MARIA JOSÉ!

Bem juntinho àquela serra
Que domina a minha terra,
Tem um pé de sapoti
Onde entoa, sem mentira,
Alegrando CAMBUQUIRA
O seu canto o Bem-te-vi.
Quem me dera em suas águas
Sufocar as minhas mágoas
A beira do Igarapé!
E depois no IRURÁ
(Ó meu Deus, quando será?)
Reviver a minha fé.

Mergulhei já no AMAZONAS
(Não me digas: tu blasonas)
P’ra no TAPAJÓS boiar...
Há encanto em teus jardins
Vicejando benjamins
Que prateiam ao luar.
Tens Maria por padroeira
Essa Mãe tão brasileira,
SANTARÉM DA CONCEIÇÃO .
Se relembro teus recantos,
Ó Jesus lá vêm meus prantos,
Vou cantando esta canção!

.................................

Abraço do

Vicente Malheiros da Fonseca.

Benny Franklin disse...

Mestre!

Saudades... Muitas saudades
da minha querida Santarém, que cresci ouvindo os meus pais (principalmente escutando meu pai assobiar...) cantarem essa imortal Canção.

Que não souber cantar esta magnífica Canção não é santareno - de coração.

Bravo! Maioral!

Abçs.

Benny Franklin

Poster disse...

Caro Benny Franklin,
Realmente, a saudade é contante.
Mas ela ajuda a não nos esquecermos nunca de Santarém.
Abs.

Poster disse...

Dr. Vicente,
Obrigado.
Vou postar nesta segundao junto com música, novamente.
Abs.

Anônimo disse...

Não sou mocoronga... Mas, a 1ª vez que ouvi a esta bela canção foi no teatro Margarida Schivazzappa, estava-se a gravar um CD (acho que foi em 1995/96). Junto com o coro do público, acompanhei, sem saber direito a letra da música, mas enebriada pela melodia, e acertei cantar, pois que flui a letra, de dentro d'alma, como um lágrima da emoção que o olhos não conseguem conter. Revivi a minha fé!

Poster disse...

Oi, Silvina.
A beleza da canção é tanta que emociona e comove qualquer um, independentemente da naturalidade.
Seu depoimento será postado na ribalta, na manhã desta terça.
Abs.

Anônimo disse...

Bom dia, Bemerguy !
Tenho acessado diariamente esse post em que está essa canção que, na verdade, é a cara de Santarém, coisa que só sabem os que conhecem aquela terra querida.
Ouvir essa preciosidade e deixar-se embalar pela música do maestro Isoca é voltar a tempos de saudosa memória em que vivi em Santarém, na minha época de ginásio no Dom Amando entre 1956/1959.

Poster disse...

Grande Onizes,
Quem bom lhe reencontrar por aqui.
De fato, é muito saudade é muita emoção numa música só. Somente o maestro Isoca e Wilmar Fonseca seriam capazes disso.
Abs. e volte sempre.

Anônimo disse...

Os versos desata canção imortalizam a saudade que tenho de minha terra maravilhosa. Quem banhou no Irurá e na Coroa de Areia, sabe sentir cada palavra como um bálsamo de amor e nostalgia.

Poster disse...

Poeta Xico,
E com o tempero da saudade, a canção fica ainda mais linda.
Abs.

Anônimo disse...

Permita-me compartilhar com você umas de minha poesias, onde tentei retratar minha saudade:

http://www.xicobranco.com.br/4099/santarem1.html

Abs.

Poster disse...

Ótimo, Xico.
Vou fazer a apresentação de sua página no blog, neste sábado.
E obrigado pela menção ao Espaço Aberto lá.
Abs.

Anônimo disse...

Seu Vicente o trabalho de seu pai, suas músicas marcaram a historia de Santarém minha terra o grande maestro Wilson Fonseca deve para sempre viver em suas obras Deus o abençoe