domingo, 17 de fevereiro de 2008

Toma jeito, José Dirceu



Todos governos têm corruptos, mas são casos isolados. Nesse episódio de Mensalão, dinheiro na cueca, empréstimos mal explicados, não. Trata-se de uma organização criminosa que se apoderou do Estado para roubar dinheiro para o partido corromper aliados. Estamos falando do Partido dos Trabalhadores, criado sob a bandeira da ética na política que está em frangalhos, varado por meses ininterruptos de denúncias. Sua cúpula: o ex-ministro José Dirceu, o ex-tesoureiro Delúbio Soares, o ex-secretário geral Silvio Pereira ou Marcelo Sereno, secretário de Comunicação, montaram uma superestrutura no PT. Ela acabou engolindo o governo e provocando a crise que mina o poder do presidente Lula.
Os três ascenderam a suas posições com apoio do ex-ministro José Dirceu – que deixou o governo em junho de 2005, fugindo de uma saraivada de acusações e críticas. Juntos, esses foram os homens que montaram uma sofisticada organização estrutural, para transformar o PT no partido mais bem aparelhado do país, dotado até mesmo de uma rede própria de comunicação através de computadores instalados em cada um dos diretórios do País. A origem de toda a confusão é o uso dessa máquina partidária criada por Dirceu.
À época, o plenário da Câmara cassou em votação secreta o mandato do deputado federal Roberto Jefferson, representante da fase cínica do Brasil, autor das denúncias do esquema do “mensalão”, que saiu atirando e com várias frases de efeito como: “Onde está a ética e a moralidade do PT? O PT não rouba e não deixa roubar. Tirei a roupa do rei. Mostrei ao Brasil quem são esses fariseus. Mostrei ao Brasil o que é o Campo Majoritário do PT. O Delúbio vai botar uma bomba debaixo de sua cadeira, presidente”.
Quando em determinado momento ao discursar na Comissão Parlamentar de Inquérito, que apurava as irregularidades cometidas pelos políticos envolvidos no escândalo do Mensalão, o deputado Jefferson olhou firme no rosto de José Dirceu e disse: “O senhor me mete medo, deputado. Eu tenho medo do senhor. O senhor desperta em mim os instintos mais primitivos”. É mole ouvir isto de chofre? Parece fantasmagórico.
O ex-ministro parece não aprender. José Dirceu atacou as correntes do PT e políticos de legendas mais à esquerda, em entrevista concedida à revista “Piauí”, no início de janeiro deste ano. O ex-todo-poderoso foi especialmente duro com os críticos internos do PT à gestão do ex-tesoureiro Delúbio Soares, envolvido no ato reprovável do Mensalão e expulso do Partido dos trabalhadores. Ademais, o ex-ministro fez varias revelações, afirmando que a sede do PT em Porto Alegre, foi feita com dinheiro de caixa dois. E alfinetou, dizendo que a ex-senadora Heloísa Helena votou contra a cassação de Luiz Estevão, por motivos impublicáveis.
É de lamentar que no fim da vida política o senhor José Dirceu, que ajudou a sujar o nome de nosso País ainda não fez um mea culpa. Recentemente, revista de circulação nacional inclui o ex-ministro José Dirceu nos escândalos dos cartões corporativos. O cotidiano de determinados políticos inspira um cinismo que assusta. O site da revista Época veicula notícia, segundo a qual uma investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta irregularidades em gastos sigilosos da Presidência da República e relaciona entre estes o aluguel de veículos (um deles blindado) que foram usados por ele em um final de semana, para circular na cidade de São Paulo. O contrato foi feito com a empresa Renaro Locação de Veículos e Serviços S/C Ltda., de São Caetano, no ABC Paulista. José Dirceu deveria saber que a imposição do sucesso é para quem sabe administrar.
Sergio Barra é medico e professor

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