sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Preso em flagrante político que liderou invasões em reserva

Já está em Belém, na sede da Polícia Federal, o ex-vereador Manuel Evilácio Costa, preso em flagrante na manhã de ontem depois de liderar, por uma semana, o grupo de colonos que manteve índios tembés como reféns na localidade de Livramento, em Garrafão do Norte, nordeste do Pará.
Os dois últimos reféns, o indígena Beto Tembé e o funcionário da Funasa Geraldo Costa foram libertados ontem de manhã, com a chegada de 130 agentes das polícias federal, civil e militar, do delegado federal Gustavo Ciminelli e do procurador da República Felício Pontes Jr.
Além de Manuel Evilácio, foram presos João Batista Costa, Pedro dos Santos Costa e Josimar de Jesus Leite Costa. Todos foram trazidos a Belém e devem responder a inquérito por seqüestro, cárcere privado e formação de quadrilha. O Ministério Público Federal e a PF investigam não só a invasão da aldeia e o seqüestro dos indígenas, como também a violência contra a equipe de reportagem da TV Liberal - afiliada da Rede Globo - que ficou impedida de trabalhar ou se locomover quando chegou para acompanhar os fatos ontem.
Após as prisões, ontem à tarde, um pequeno grupo ligado ao ex-vereador ainda incendiou pontes em uma estrada da região, em protesto, mas os agentes federais conseguiram evitar que a situação piorasse. A polícia permanece na área em busca de outros envolvidos nos crimes.
Equipe do Ministério Público Federal (MPF) permanece na reserva Tembé tomando depoimentos dos moradores da aldeia Itahu. Eles relataram ao procurador da República como no último domingo, 17, se assustaram com a chegada de invasores em várias motos, gritando e ordenando que os índios se reunissem para ouvi-los. Os homens diziam estar a mando de Manuel Evilácio e ficaram o dia inteiro na aldeia proferindo ameaças, consumindo bebidas alcoólicas. Por fim, avisaram aos índios que eles tinham que sair da aldeia e abrir mão de parte das terras.
Logo depois, muitos deles - incluindo mulheres e crianças - foram levados à força para uma vila vizinha à reserva, onde foram confinados em uma casa escura, ameaçados de morte e chamados de "vagabundos" por horas. Teriam sido soltos apenas na segunda-feira, 18, quando chegou uma ordem de Manuel Evilácio para libertar as crianças. Beto Tembé e o agente de saúde Geraldo Costa foram obrigados a permanecer.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Procuradoria da República no Pará

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