sábado, 12 de janeiro de 2008

A ministra que se livre da rasteira

Na FOLHA DE S.PAULO:

PMDB quer controlar Minas e Energia e enfraquecer Dilma
Após emplacar Edison Lobão como titular da pasta, sigla mira postos estratégicos

Com o Ministério de Minas e Energia de volta a seu domínio e a promessa de nomear os presidentes da Eletrobras e da Eletronorte, o PMDB já mira novos cargos do setor. A ampliação de seu espaço em um ministério com forte presença petista atende ainda a um objetivo inconfesso da sigla: diminuir a influência da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) na pasta.
A ministra, contudo, tem negociado diretamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a manutenção de sua influência no ministério que já comandou. Ela quer participar da escolha do secretário-executivo, o segundo nome da pasta. O ministério, prestes a ser entregue ao senador Edison Lobão (PMDB-MA), tem forte presença do PT. Reportagem da Folha de ontem mostrou que são pelo menos 30 petistas em cargos-chave, incluindo secretarias especiais, diretorias de estatais e a coordenação do principal programa social do setor, o Luz para Todos.
Com o apetite dos peemedebistas, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), se apressou em dizer que não haverá preenchimento automático de todos os cargos por peemedebistas. "Não existe mais este critério de ministério de porteira fechada. O ministro Lobão preencherá os cargos de acordo com as necessidades." Na próxima quarta-feira, Lobão será chamado por Lula para uma conversa. Confirmado no cargo, Lobão, até o final do mês, deve nomear o peemedebista Astrogildo Quental para a presidência da Eletrobras no lugar do petista Valter Cardeal, fiel seguidor de Dilma. Cardeal deve permanecer na estatal, a pedido da ministra.
A presidência da Eletronorte ficará com o grupo do deputado Jader Barbalho (PA). O favorito é o diretor do Detran-PA, Lívio Assis. As indicações nem foram formalizadas e o PMDB já está de olho em mais três cargos. O ex-governador de Santa Catarina Paulo Afonso Vieira deve ser indicado pelo partido para uma diretoria da Eletrosul, numa vaga hoje também ocupada pelo PT. É uma espécie de prêmio de consolação para Vieira, que queria a presidência da estatal, mas teve de enfrentar a resistência dos aliados de Dilma.
O PMDB do Senado faz lobby pela diretoria de Construção de Furnas. O nome indicado é o de Antônio de Pádua, funcionário da estatal que trabalhou no projeto de construção das usinas do rio Madeira, que ficam no Estado do líder da bancada, Valdir Raupp (RO).
Há também o desejo de tirar do PT a secretaria executiva do ministério, segundo cargo em importância da pasta. É lá que está alojado o ministro interino, o petista Nelson Hubner. Ele sinalizou que pretende sair. Uma saída seria indicar para a secretaria executiva do ministério um nome de consenso. Um dos cotados é o atual secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético, Márcio Zimmermann.
Ele chegou a ser indicado pelo PMDB para assumir o ministério quando Silas Rondeau deixou o cargo, depois de seu nome ser envolvido na Operação Navalha. Sua indicação, que contava com o apoio de Dilma, acabou não vingando porque Lula preferiu manter Hubner interinamente sob o argumento de que poderia devolver a pasta a Silas Rondeau, o que não aconteceu.
A escolha de Lobão pelo PMDB, ex-presidente do Senado, ex-governador e homem de confiança do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), não foi por acaso. Segundo a Folha apurou, os peemedebistas querem reduzir o poder quase total de Dilma hoje no ministério.


Mais aqui, para assinantes.

Nenhum comentário: