domingo, 13 de janeiro de 2008

"Belém é um paraíso"


Quando pedem a Paula Sampaio uma foto sua sobre Belém, ela indica - nem sempre - esta aí de cima. "Mas acho estranha, caríssimo", diz a Caríssima com aquele seu jeito caro (querido, prezado) de ser.

"Nem sei que foto fiz que melhor retrata essa cidade tão contraditória", acrescenta Paulinha. Ela pensou daqui, pensou dali e resolveu mandar pra cá esta imagem acompanhada da entrevista que fez com o fotografado.

Tanto a foto como a entrevista fazem parte do projeto "Antônios e Cândidas têm sonhos de sorte", sobre migrantes que vivem nas rodovias Belém-Brasília e Transamazônica e que a repórter-fotográfica tem acompanhado nos últimos 17 anos.

O fotografado é João da Cruz, 38 anos, maranhense e morador de invasão em Belém. Vejam o que ele disse à Caríssima:


“ Vim pra cá tem 10 anos. Morava no Timor, mas eu sempre tive um sonho de sair pra outra cidade. Então, eu escolhi Belém, que eu pensei que ainda é pólo mais calmo. Inclusive, meu irmão mora em São Paulo, mas eu nuca tive vontade de ir lá, porque eu vejo aqueles acontecimentos, aquele sonho frustado, é uma cidade louca, né? E Belém é um paraíso, é uma cidade calma. O custo de vida aqui é fácil da gente sobreviver. Você compra um camarão, compra uma farinha, faz em chibé, toma um açaí com camarão, enche a barriga e pronto.

Eu moro numa área de invasão, no Curió Utinga. No começo da invasão, não tinha ponte, não tinha nada, a gente passava por dentro d’água, carregando esteio, caía, a gente ia até o pescoço, dentro da lama. Agora, tá bom.

"Arranjei uma mulher, uma morena parecida assim com índia, né? Foi a mulher certa. Tenho três filhos, a Micaela, o Micael e Neil Armistrong. Ah! Esses nomes? Bom, é que eu sempre fui curioso, e Neil Armistrong foi por causa do homem que pisou na Lua. Inclusive, teve uma série de frases que diz que o pequeno passo do homem é um grande salto pra humanidade”.

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