sexta-feira, 24 de julho de 2020

Emedebistas só pensam "naquilo". Mas o silêncio de Helder é a pedra no meio do caminho.

José Priante: preferido majoritariamente no MDB para disputar a sucessão de Zenaldo

Com a aprovação da Emenda Constitucional nº 107/20, que adiou de outubro para novembro as eleições municipais deste ano em decorrência da pandemia, o novo calendário eleitoral impõe aos partidos definirem seus candidatos no período de 31 de agosto a 16 de setembro. Em Belém, emedebistas começam a eriçar-se. Não de excitação. Mas de preocupação.
O motivo da preocupação que assola boa parte dos emedebistas - sobretudo e principalmente os históricos, aqueles com longa e intensa militância no partido - deve-se ao silêncio do governador Helder Barbalho e da ausência de sinais - minimamente eloquentes ou decodificáveis - que ele poderia emitir no sentido de apontar qual será o candidato de seu partido que terá seu apoio no pleito para a Prefeitura de Belém.
O silêncio do governador tornou-se mais incômodo para os emedebistas depois de confirmada a desistência da secretária de Cultura, Úrsula Vidal, de concorrer à PMB. Até enquanto durou o sonho de uma noite de verão da titular da Secult de vir a ser candidata, não faltaram especulações sobre as alternativas de composição que o Podemos, partido dela, poderia vislumbrar.
Uma das alternativa seria Úrsula ser a candidata apoiada por Helder, em dobradinha com o MDB, que então tinha à disposição nomes como Orlando Reis, o deputado federal José Priante e até o atual secretário de Estado de Administração Penitenciária, Jarbas Vasconcelos, como nomes para vice na chapa.
Outra alternativa que estava na mesa, àquela altura (antes de Úrsula anunciar que estava fora da disputa) era o MDB sair com candidato próprio e, caso a secretária fosse para o segundo turno, apoiá-la com todas as forças.
Tanto uma como outra alternativa tornaram-se mais sedutoras a partir do momento em que Úrsula foi escanteada pelo PT, que realizou uma plenária e, de forma esmagadora, decidiu compor não com o Podemos da secretária, mas com o PSOL do deputado federal Edmilson Rodrigues, que terá como vice a petista Ivanise Gasparim.
Mas eis que Úrsula, como já era previsível - ainda que apenas ela e sua entourage imaginassem que não -, rendeu-se às evidências de que as regras da nova EC 107/20 a impediriam de ser candidata e decidiu não disputar o pleito, porque perdera o prazo de 4 de junho para se desincompatibilizar da Secult.
E o que sobrou, depois disso? Sobrou o tabuleiro posto à frente de Helder. No tabuleiro, apenas duas pedras: uma, Orlando Reis, o vice-prefeito que se desaveio com o prefeito tucano Zenaldo Coutinho e foi para os braços do MDB. A outra, José Priante, emedebista histórico, com longa trajetória política iniciada na Câmara de Belém e inclui vários mandatos de deputado estadual e deputado federal, além de já ter sido candidato ao governo do estado e à Prefeitura de Belém.
Com Úrsula fora do jogo, os emedebistas - repetindo a personagem Dona Bela, da Escolinha do Professor Raimundo - só pensam naquilo. E aquilo, no caso, é a candidatura de Priante a prefeito de Belém. Mas eles sabem que isso só acontecerá se Helder quebrar o seu mutismo e definir-se logo.
Silêncio incômodo - "Do vigia ao porteiro, do porteiro aos mais representativos segmentos do MDB que formam a raiz do partido, é de uma evidência solar que o apoio ao nome do Priante é fortemente majoritário, com tendência a crescer cada vez mais no seio da legenda. Mas a gente sabe que o governador é quem terá a última palavra. Então, aguardamos que esse silêncio seja quebrado o quanto antes", disse ao Espaço Aberto, ainda há pouco, uma fonte com fácil acesso aos bastidores do MDB.
Outro emedebista ouvido pelo blog também confirmou essa percepção, de que Priante é o preferido de todos os segmentos do partido, acrescentando que uma definição, o quanto antes, sobre o nome que representará o MDB nas eleições de novembro é necessário até mesmo para mobilizar a legenda.
"Agosto está às portas. Nós sabemos que, a partir do dia 31, começa o prazo para a escolha dos candidatos. Também sabemos, por exemplo, que o PSOL vem aí com um candidato competitivo. Os tucanos e partidos aliados, por seu turno, têm como opções o Jatene, nome bastante improvável, o Cássio Andrade e, por último, o deputado Thiago Araújo. Isso significa que o cenário eleitoral está se definindo rapidamente. Daí a necessidade de o MDB também se definir logo", disse outra fonte ao Espaço Aberto.
E Orlando Reis?
A avaliação de vários segmentos do MDB é de que o atual vice-prefeito é um nome ainda longe, muito longe de atrair apoios dentro da legenda e de encarar uma candidatura majoritária para disputar a Prefeitura de Belém. "Nada contra os méritos do Orlando. Nada disso. Ele é um político que merece respeito. Mas não empolga e nem empolgará o MDB, caso seja o escolhido de Helder", diz um histórico do partido.
E Priante?
Emedebistas com quem o blog conversou garantem que o deputado, no momento, mantém-se na expectativa e, como um "soldado" do partido, está pronto para encarar a missão de chegar à Prefeitura de Belém. Mas, para isso, precisará ser proclamado explicitamente como o candidato do governador. Do contrário, o desafio de disputar a PMB sem esse apoio não passaria de uma aventura.

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