quinta-feira, 12 de abril de 2018

“Fogo e Fúria” exibe o Trump pervertido. Inclusive sexualmente.

Sério mesmo: quando comecei a ler Fogo e Fúria, ainda tinha uma certa dúvida se Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, não seria meio doido. Depois que li, tenho certeza de que ele é maluco. Só falta a carteirinha.
Sério mesmo: quando comecei a ler Fogo e Fúria, ainda alimentava alguma dúvida se a opção do eleitorado americano - que em tese personifica uma das mais sólidas democracias do planeta -, elegendo Trump, não teria sido um equívoco abissal. Depois que li, tenho certeza de que não foi apenas um equívoco, mas uma escolha absolutamente incompatível com uma sociedade que se inspira em ideais democráticos.
O livro do jornalista Michael Wolff é simplesmente devastador.
Mostra um governo descoordenado, desorientado, desnorteado.
Revela um governo conduzido por direitistas e reacionários raivosos, entretidos em picuinhas de bastidores e, o que é pior, alienados politicamente, ao ponto de não terem sequer contatos sólidos com lideranças do Congresso.
Revela Donald Trump como ele sempre foi, como a campanha eleitoral nos mostrou e como sua performance na presidência nos tem mostrado.
O Trump que emerge do livro do Wolff é falastrão, inconsequente, egocêntrico, machista, sem capacidade analítica para fazer as devidas conexões de causa e efeito sobre questões das mais graves em que é chamado a decidir.
O Trump exibido nua e cruamente por Fogo e Fúria pode ser tanto o “imbecil de merda”, conforme expressões de Rex Tillerson, até recentemente seu secretário de Estado, como o homem incapaz de concentrar-se na leitura de um simples memorando expositivo que poderia instruí-lo melhor a tomar uma decisão mais complexa.
O Trump que desfila no livro é um obcecado por aprovações e elogios, ao ponto de passar horas e horas, todo dia, grudado ao telefone chorando suas mágoas e contando vantagens para amigos, em vez de escorar-se em opiniões e avaliações abalizadas de assessores.
O presidente dos EUA, segundo Wolff, é aquele pervertido que vê nas próprias perversões – as sexuais, inclusive – uma confirmação de sua masculinidade. Leia-se um trecho do livro: “Trump gostava de dizer que uma das coisas que tornava a vida digna de ser vivida era levar as mulheres dos amigos para a cama. Para conquistar a mulher de um amigo, ele tentava persuadi-la de que o marido não era o que ela pensava. Para isso, mandava sua secretária chamar o amigo à sua sala e, quando este chegava, começava uma conversa que, para o amigo, era uma conversa trivial de conteúdo sexual. Você ainda gosta de fazer sexo com sua mulher? Com que frequência? Você deve ter tido uma trepada melhor do que com sua mulher? Me conta. Tenho umas garotas chegando de Los Angeles às três. Podemos subir e passar uma tarde bem agradável. Prometo... E a mulher do amigo estava ouvindo tudo pelo viva-voz”.
Esse é o presidente dos Estados Unidos da América. Se ele faz isso, por que se espantar com suas alocuções tresloucadas pelo Twitter, inclusive ameaçando desfechar chuva de mísseis “bacanas, novos e inteligentes” contra nações inimigas?
Para escrever o livro, Wolff conversou durante 18 meses com dezenas de pessoas, inclusive com Trump e com muita gente que trabalhou em sua campanha. Mas ler Fogo e Fúria exige que o leitor esteja minimamente atualizado em relação ao governo Trump e suas maluquices, sobretudo as que envolvem a interferência do governo russo nas eleições que o republicano venceu.
Sem dúvida, é um livro fundamental para que se entendam as dimensões do abismo em que os Estados Unidos se meteram, ao optar por Donald Trump para ocupar o Salão Oval.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é. Se é ruim, a culpa é dele. Se é bom, não foi ele:
https://www.google.com.br/amp/amp.dw.com/pt-br/em-um-ano-o-que-trump-fez-pela-economia/a-42158052

Anônimo disse...

Nos States também não sabem votar.