sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

No Brasil, responsáveis por laranjais não vão para a cadeia. Vão para um ministério.



Lideranças partidárias, inclusive o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, têm saído em defesa de Gustavo Bebbiano, o ministro da Secretaria-Geral do governo do Capitão, e do fundador e principal cacique do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE).
Eles alimentaram os bolsos de candidatos laranjas e os cofres de um gráfica que ninguém sabe onde funciona. Como alimentaram? Destinando mais de R$ 1,5 milhão de recursos dos fundos.
Em defesa de Bebianno e Bivar, líderes partidários dizem que coisas escabrosas como essa não são de estranhar, porque o presidente de um partido não tem controle sobre as qualidades morais dos destinatários dos recursos.
Não mesmo? Ninguém acredita nisso. Absolutamente ninguém. Porque é preciso ser patologicamente ingênuo para acreditar que não houve um direcionamento sistemático, planejado, calculado das verbas do fundo partidário . E isso configura um crime, investigável pela Polícia Federal, que, aliás, já está investigando.
Surpreende, nesse contexto, a postura da bancada do partido Novo, que promete devolver os R$ 4,3 milhões que recebeu até agora do fundo partidário, formado com recursos públicos e que representa a principal fonte de renda das agremiações políticas do Brasil. Para isso, será preciso um projeto de lei já que, hoje, não é possível retornar os valores recebidos aos cofres públicos. 
Os dois projetos protocolados pelo Novo na primeira semana da nova legislatura foram relacionados ao fundo partidário. Um que acaba com o fundo eleitoral – criado para as eleições de 2018 e, na ocasião, constituído por um montante de R$ 1,7 bilhão de recursos públicos – e o outro que permite devolver o dinheiro do fundo para o caixa da União. A sigla defende, ainda, a volta das doações eleitorais de empresas para as campanhas.
Conviria torcermos para que condutas como a do Novo fossem seguidas por todos os partidos políticos.
Mas vivemos no Brasil.
E no Brasil, como se vê, responsáveis por laranjais não vão para a cadeia.
Vão para um ministério.

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