Joaquim Borges Gomes.
Perder um amigo, como ele sempre foi do poster, é muito, mas muito doloroso.
O Pará perdê-lo como líder empresarial, que ele foi durante décadas, é um desfalque imenso que não será, acreditem, superado tão cedo.
Joaquim Borges Gomes, que ontem se tornou eterna saudade, aos 85 anos, foi um dos personagens mais íntegros e lúcidos que já conheci.
Durante anos, manteve uma coluna em O LIBERAL, publicada sempre às segundas-feiras.
Durante todo esse tempo, externou com destemor sua concepções e crenças em valores e princípios que o tornaram incômodo a setores que, até hoje, teimam em rejeitar a diversidade de ideias e, por conta disso, fecham os ouvidos aos que ousam defender opiniões diversas com fundamento e propriedade.
Joaquim Borges Gomes era desses.
Como poucos nesta terra, defendeu a livre iniciativa como o caminho natural para a promoção social e para a superação de limitações que mantêm tanta gente na exclusão.
O trabalho, ele o elevou a uma condição que enobrecia o ser humano.
O estado - sobretudo o estado brasileiro -, Joaquim o rebaixou a uma condição vil e quase letal, por ser a fonte de onde, em seu entendimento, brotavam quase que inevitavelmente a voracidade tributária, a burocracia retrógrada e a as relações incestuosas, reprodutoras de castas de privilegiados sustentadas em odiosos cartorialismos.
A corrupção e a falta de ética na vida pública, ele a vituperou com notável contundência.
Durante anos e anos de atividades como empresário, Joaquim Borges Gomes chegou a ser presidente da Associação Comercial do Pará (ACP) e da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará (Faciapa), consolidando uma reputação que o tornou, indelevelmente, uma das maiores lideranças empresarial do Pará em todos os tempos.
Em várias oportunidades, recebi Joaquim em minha casa. Ficávamos horas e horas conversando. Ele, mais falando; eu, jovem em relação ao meu amigo, mais ouvindo e apreendendo com aquele homem que falava do Pará, do Brasil e da vida com senso crítico dos mais aguçados.
"Você devia escrever um livro, Joaquim", disse-lhe algumas vezes, ao ouvir fatos que ele nunca levou ao conhecimento público, mas que deviam ser revelados, para que as pessoas pudessem compreender até que ponto as crenças de um cidadão na livre iniciativa podem ir e os eventos que são capazes de produzir.
Há alguns anos, perdi contato com Joaquim.
Cheguei, em certas ocasiões, a telefonar-lhe em finais de ano para saudá-lo, mas ninguém atendia ao telefone. E ele, parece, não tinha celular.
Mas não faz mal.
Joaquim Borges Gomes foi um amigo para se guardar no lado esquerdo do peito.
Ele está guardado aqui.
No lado esquerdo do nosso peito.
Para sempre.
E aos seus familiares, um terno abraço de solidariedade.
Um comentário:
EU ERA UM LEITOR ASSÍDUO DE SUA COLUNA NO JORNAL "O LIBERAL". SEM DÚVIDA FOI UM GRANDE CIDADÃO E EMPRESÁRIO RESPEITADO. QUE DEUS O TENHA EM SUAS BRANCAS ASAS!!!
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