segunda-feira, 12 de março de 2012

Sai Ricardo Teixeira, entra Marin. "Après moi..."

Luís XV: Après moi, le delugé. É o que Teixeira deve estar dizendo sobre Marin.
Um dia como o de ontem, fora de brincadeira, deveria entrar para a história do futebol brasileiro.
Um dia como o de ontem, sem brincadeira, deveria entrar para a história como o marco de novos tempos no futebol brasileiro.
O dia de ontem foi o dia em que Ricardo Teixeira renunciou à presidência da CBF, após 23 anos no cargo.
Ninguém, jamais, imaginaria que isso fosse possível.
Mas ele renunciou.
Tão logo ele renunciou, muitos tínhamos a sensação de que, agora sim, haveria uma luz no fim do túnel.
Tínhamos essa sensação até aparecer no proscênio José Maria Marin, o vice-presidente da CBF, que pretende permanecer no cargo até 2015.
Marin disse o seguinte: "Imediatamente mencionei a todos que não se trata de uma nova gestão, mas só um novo presidente".
O nome disso, em português de Portugal, é continuidade.
Continuidade administrativa, no caso.
Aí, provocado por jornalistas, Marin expendeu, digamos assim, algumas opiniões sobre a gestão de Ricardo Teixeira.
"Exemplar, estupenda, um modelo".
Foram esses os adjetivos que Marin utilizou.
Conversa vai, conversa vem, declaração vai, declaração vem, Marin disse quais são as suas pretensões.
"Vou assumir o COL ao lado de um grande ex-jogador, o Romário", afirmou o novo presidente da CBF, que, em seguida, percebeu a falha e lembrou o nome do outro membro do COL, o empresário Ronaldo.
Tem mais Marin.
Ele, o novo presidente, o sucessor de Teixeira, foi flagrado por câmeras de TV colocando no próprio bolso uma das medalhas da premiação do título da Copa São Paulo de juniores conquistado no dia 25 de janeiro deste ano pelo Corinthians.
Na ocasião, Marin disse que se tratava de "uma cortesia" da Federação Paulista.
Ontem, ele voltou a responder sobre o assunto e a dizer que foi um "presente".  "Vocês vasculharam a minha vida e acharam só isso, o que é uma verdadeira piada", afirmou.
Este foi Marin, poucas - pouquíssimas horas - depois de consumada a renúncia de Ricardo Teixeira.
Vocês se lembram de Luís XV, o rei da França?
Pois é.
Conta-se que o rei, que tinha um relacionamento problemático com os deputados, teria exclamado diante do parlamento francês, numa de suas notórias crises com o Poder Legislativo:

Après moi, le déluge. (Depois de mim, o dílúvio).

É o que Ricardo Teixeira deve estar dizendo agora, depois da primeira performance pública de Marin como seu sucessor na presidência da CBF:

Après moi, le déluge.
Après moi, José Maria Marin.

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