Professor, petista e ex-secretário de Comunicação do governo Ana Júlia, Fábio Castro expõe claramente, em seu blog, suas apreciações críticas sobre a campanha da candidata da “Frente Alecera Pará” no primeiro turno, conduzido pelos baianos da Link Publicidade, agência que enfrenta - ainda - uma forte reação dos petistas de todos os matizes, de todas as tendências.
“A campanha deixou de responder aos ataques, às mentiras e às ciladas impostas. Só na última semana parece ter acordado para isso. E como bem sabe a sabedoria popular, quem cala admite... Além disso, não responder e não revidar tem um peso especial na cultura política local: transmite fraqueza, falência, morbidez”, critica o professor.
Para Fábio Castro, “a opção de apanhar calada, qual mulher de malandro, é ruim. É preciso se defender e, na hora certa, atacar. Campanha é luta, não campeonato de fleuma”, ensina Castro. E complementa: "É preciso trazer o PT para a campanha."
A seguir, a íntegra da postagem, intitulada O que precisa mudar na campanha:
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Naturalmente que muitos perguntaram o que achei da campanha do PT no primeiro turno. Tenho acompanhado a guerra interna, eterna, e não gostaria de emitir opinião que dificultasse a acomodação das posições, necessária ao esforço comum do momento que inicia. Porém, opiniões existem para colaborar com a síntese. E neste momento, de início do esforço e de ponderação, são necessárias. Portanto, vamos lá. Não se trata de polemizar gratuitamente, mas de ajudar na compreensão do momento:
1. A estratégia de comunicação usada no primeiro turno estava baseada num movimento de positivação da imagem da governadora. Diminuir a rejeição mediante figuração límpida e feminina da sua imagem, associação aos nomes de Dilma e Lula e anulação de toda feição polemista. Esse movimento foi empreendido para baixar a rejeição de Ana Júlia e surtiu o efeito esperado. Porém ele não é suficiente para levar a governadora à reeleição. Não se trata de ser uma má estratégia. Mas se trata de ter sido uma estratégia insuficiente.
2. O problema desse tipo de campanha é do mesmo gênero enfrentado pela campanha de Dilma: são campanhas que levam à despolitização e à ausência de debate. Bonitinhas, mas nulas. Como os adversários, nacional e estadual, não tinham nada a perder, nem mesmo pruridos, partiram para um ataque a nível pessoal, que ganhou dimensão diante da ausência de politização.
3. O correto teria sido associar a positivação da imagem da candidata a uma seqüência de VTs, em tom muito firme, politizando a disputa. Esses VTs deveriam ter sido veiculados nas inserções. A base deles seria a disputa direta com o PSDB. Ao final da campanha isso até foi ensaiado, mas de maneira tímida.
4. No caso do tom dos ataques dos adversários subir, teria sido necessário fazer inserções desqualificando esses ataques e desconstruindo a imagem do ofensor.
5. Ora, nada disso foi feito. Ao contrário, a campanha deixou de responder aos ataques, às mentiras e às ciladas impostas. Só na última semana parece ter acordado para isso. E como bem sabe a sabedoria popular, quem cala admite... Além disso, não responder e não revidar tem um peso especial na cultura política local: transmite fraqueza, falência, morbidez.
6. Outra falha foi ter acreditado nessa história de que, para se eleger e reeleger, é necessário ser menos petista do que se é. Explico: trata-se de uma tese em vigor para certos marqueteiros, segundo a qual o PT tem, naturalmente, de 25 a 30% dos votos da sociedade e precisa guinar ao centro para atingir públicos mais amplos e menos politizados. Foi acreditando nisso que Dilma foi para o segundo turno e deixou de vencer no primeiro. Já o disse aqui. Marina tomou seu lugar ao fazer uma campanha mais consistente, politicamente.
5. No Pará, me parece, o caso foi ainda mais grave, porque foi acreditando nessa bobagem que a campanha se pintou de azul e que a imagem de Ana Júlia ficou mais para madame que para a lutadora que é.
8. A opção de apanhar calada, qual mulher de malandro, é ruim. É preciso se defender e, na hora certa, atacar. Campanha é luta, não campeonato de fleuma.
9. Por fim, repito: é preciso politizar a campanha. Tem um bolsão de eleitores medianos que estão interessados em bem mais do que imagens bonitas. Eles desejam coerência. Nesse sentido, ainda repito: é preciso trazer o PT para a campanha. É preciso fazer uma campanha petista.
3 comentários:
"apanhar que nem mulher de malandro" ... Ah, se se essa frase estivesse inserida em um texto de um tucano, com certeza daria denúncia ao ministério público, ao bispo, à ONU, por desrespeito à condição feminina, preconceito, humilhação pública, etc, etc...
Um fato se faz incontestável a partir do comentário do ex-secretário.
"O PT É DE FATO BOM DE PROPAGANDA, mas o governo..."
Veritas evidens non probanda
Quem o PT? Mas olhem o que o PT defende(ia):
1985 - O PT é contra a eleição de Tancredo Neves e expurga os deputados que nele votaram.
1988 - O PT vota contra a Nova Constituição que mudou o rumo do Brasil (a militância ainda hoje a considera “constituição burguesa” e se diz moralmente não obrigada a acatá-la).
1989 - O PT defendeu até 2001 o não pagamento da dívida brasileira, o que transformaria o Brasil num caloteiro mundial (esta sua postura fez maior o risco Brasil, e em conseqüência, maiores os custos da dívida).
1993 - Itamar Franco convoca todos os partidos para um governo de coalizão pelo bem do país. O PT foi contra e não participou (expurgou Luiza Erundina por ter participado do Governo Itamar).
1994 - O PT vota contra o Plano Real e diz que a medida é eleitoreira.
1995 - O PT foi contra o PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), base da fortaleza financeira que permitiu a confortável situação do Brasil frente a crise de 2008;
1996 - O PT vota contra a reeleição. Hoje defende.
1997 - O PT votou contra a Lei do Petróleo que fez crescer sua produção na era FHC em 117%, possibilitando o Pré-sal.
1998 - O PT vota contra a privatização da telefonia, medida que hoje permitiu aos pobres terem acesso a internet e a mais de 200 milhões de linhas telefônicas.
1999 - O PT vota contra a adoção do câmbio flutuante (que impediu a fuga de divisas em 2008).
1999 - O PT vota contra a adoção das metas de inflação.
2000 - O PT luta ferozmente contra a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que obriga os governantes a gastarem apenas o que arrecadarem, ou seja, o óbvio, que não era feito no Brasil.
2001 - O PT vota contra a criação dos programas sociais no governo Fernando Henrique: Bolsa Escola, Vale Alimentação, Vale Gás, PETI e outras bolsas, na época classificadas como esmolas eleitoreiras e insuficientes.
2002 - FHC planificou o acordo com o FMI que foi assinado por Lula, para fazer frente à crise financeira gerada com a perspectiva de o PT assumir a Nação.
A arquitetura sócio-econômica-financeira montada no período acima, permitiu livrar o país de uma hiperinflação de mais de 4.000% ao ano, consolidando a estabilidade do país.
“O PT foi contra tudo e contra todos”, independente dos melhores interesses do Brasil.
Hoje se apropriam vergonhosamente de todos os avanços que outros partidos promoveram e posam como os únicos construtores de um país democrático e igualitário.
Já que o PT foi ferozmente contra tudo e contra todos (e contra o Brasil) desde a sua fundação, fica uma pergunta para que os leitores respondam:
“Em 8 anos de governo, quais as reformas que o PT promoveu no Brasil para mudar o que os seus antecessores deixaram?”
Lula foi muito responsável ao manter as políticas de seu antecessor, e por isto tem méritos.
Infelizmente sua desonestidade intelectual surpreendentemente antiética as classificou como Herança Maldita, não atribuindo mérito àqueles que a construíram, únicas obras corretas e com sentido para o coletivo executadas nos seus dois mandatos.
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