No AMAZÔNIA:
Na próxima terça-feira, a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) vai divulgar os números de procedimentos realizados em 2009 e promete mostrar um saldo bastante positivo. As expectativas do ano passado foram todas superadas e, em 2010, dois novos tipos de transplantes ainda inéditos no Brasil deverão ter início: o de intestino e o multivisceral (quando são transplantados, de uma só vez, estômago, fígado, pâncreas e intestino). No entanto, as estatísticas ainda são tristes para a região Norte. Em uma área que ocupa 40% de todo o território nacional e que representa 8,1% da população brasileira, as doações ainda são insuficientes e só acontecem nos Estados do Pará e do Acre. 'Já temos reuniões agendadas, cursos e trabalhos destinados a essa parte do País. Nossa expectativa é de que o balanço de 2011 apresente um resultado muito melhor para a região', diz o presidente da ABTO e médico transplantador Ben-Hur Ferraz Neto.
'O sucesso nos números de 2009 estão diretamente relacionados a uma série de ações de profissionais formados pela ABTO e pela ABTO em conjunto com outras instituições, como secretarias de Estado de Saúde, hospitais e outras entidades ligadas ao assunto', revela o especialista. Ainda de acordo com o médico, o transplante é uma alternativa cada vez mais eficaz para quem não tem outros tratamentos menos agressivos para recorrer. 'O transplante é a indicação para quem corre risco de morte ou de levar uma vida com pouco ou nenhuma qualidade em termos de saúde. Como os procedimentos têm tido cada vez mais sucesso, as filas começam a aumentar porque a demanda de doações é menor do que a demanda de pacientes', revela. 'Hoje fazemos transplantes para que as pessoas vivam bem e vivam muitos anos'.
Para Ben-Hur Ferraz Neto, a qualidade na realização do procedimento também melhorou bastante. 'Transplantes no Brasil começaram na década de 50. De dez anos para cá, posso dizer que a recuperação é absolutamente mais rápida e mais tranquila para quem precisa se submeter a um', afirma. Os transplantes de rim e de fígado continuam liderando como os procedimentos mais realizados. Os estados de São Paulo e Santa Catarina são os que apresentam maior incidência de transplantes.
Apesar dos números positivos, o médico afirma que transplantes ainda são alvos de preconceito no Brasil. 'A ABTO trabalha também nesse sentido, treinando profissionais para lidar com familiares de doadores e pacientes em hospitais. É preciso reforçar que o diagnóstico de morte cerebral no País é um dos mais rigorosos do mundo e a partir do momento em que ele é confirmado, não existe possibilidade de reversão. Nesse momento entra uma equipe que precisa estar preparada para lidar com a família do doador no sentido de conscientizar que aquela é uma vida que termina e seus órgãos podem salvar muitas outras. As pessoas precisam ainda se conscientizar em casa de dizer aos familiares, que decidem, no final das contas, sobre doação, sobre o desejo de doar', alerta Ferraz Neto.
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