No AMAZÔNIA:
Falta de lixeiras na cidade, de consciência ambiental da população em cuidar do seu lixo e a existência de um sistema de coleta e ações educativas ineficientes são alguns dos itens que contribuem para que Belém seja uma cidade suja. Em uma rápida caminhada pela capital, seja no centro ou na periferia - em qualquer horário - o cenário flagrado é de imundície. Além dos sacos com lixo doméstico nas portas das casas e canteiros das vias, há ainda os monturos de entulho, com galhos de árvores, pedaços de madeira e restos de construção.
Outro fator que colabora para a situação de sujeira da cidade é a falta de urbanização. Na avenida 25 de Setembro, por exemplo, há dois cenários bem parecidos que mostram a influência da urbanização na limpeza de uma cidade. Num deles, uma quadra de esportes (quase esquina com a travessa Angustura), que estava abandonada e havia virado um grande 'lixão' foi revitalizada por uma construtora, que está construindo um prédio de luxo bem em frente, e acabou com o depósito de entulho e lixo no local. Porém, mais adiante, quase na esquina com a Humaitá, uma outra quadra, completamente abandonada e deteriorada se tornou, ao longo do tempo, um grande depósito de entulho e lixo de toda espécie.
A ambientalista Patrícia Gonçalves, da ONG Noolhar, explica que 'é fato que uma área urbanizada ajuda a coibir tal pratica de descarte de lixo e entulho, porem não é o suficiente para resolver o problema'. 'Muitas vezes somente a fiscalização constante resolve o problema, uma vez que percebemos que mesmo urbanizadas, muitas áreas tornam-se alvo novamente de descarte clandestino de entulho', disse a ambientalista.
Especialista em atuar com educação ambiental em comunidades de vários municípios paraenses, Patrícia Gonçalves destaca que a população não precisa, necessariamente, esperar pelo poder público para que a fiscalização seja feita, embora esse seja papel dele. 'Quando falamos em fiscalização estamos falando da participação também da comunidade, alertando e contribuindo com orientações para outros moradores e a pessoas que fazem o transporte inadequado de entulho', acrescentou. 'Nossa cidade precisa ter uma campanha urgente de conscientização, de forma contínua, e propor alternativas para reciclagem', sugere.
O taxista Laurimar Nahum de Souza, de 59 anos, trabalha há seis anos num ponto de táxi localizado na avenida 25 de Setembro bem ao lado da quadra que foi urbanizada pela construtora. Ele conta que os 'carrinheiros' estão jogando entulhos e lixo, agora, num canteiro circular que fica bem na esquina da travessa Angustura. 'A sujeira só mudou de local. Eles (carrinheiros) tiveram que andar um pouco mais, mas continuam sujando a rua', disse o taxista. A vendedora ambulante Ana Bezerra, de 40 anos, trabalha em uma banca de lanches encostada na quadra, que foi reformada há cerca de três meses. Ela diz que o segredo da limpeza do local está na fiscalização. 'Eles só não jogam mais lixo aqui porque os vigilantes da construtora não deixam. Tem vigilantes 24 horas nessa obra e eles (carrinheiros) ficam rondando por aqui, mas os vigilantes não os deixam nem se aproximar dessa área', disse a vendedora.
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