quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Os maiores adversários de Ana Júlia estão em seu governo

Entre um desembarque e outro de representantes da turma do PMDB que ainda, digamos, são tolerados no governo Ana Júlia, duas coisas ficam cada vez mais claras.
A primeira: os maiores adversários do governo Ana Júlia estão no governo Ana Júlia, tão grande é a desarticulação interna que se exibe ali.
A segunda: Ana Júlia emitiu sinais trocados na sexta-feira passada, quando chegou ao Hangar dando a impressão de que teria engatado um entendimento com o deputado federal Jader Barbalho, presidente regional do PMDB.
Aos fatos, pois.
Antes do Círio, coisa de duas ou três semanas, os secretários Marcílio e Maurílio Monteiro e o consultor-geral do Estado, Carlos Botelho – condestáveis do núcleo duro -, encontraram-se com o ex-senador Luiz Otávio Campos, o Pepeca, um dos interlocutores de Jader.
Propuseram, em resumo, o seguinte: entregar a Sespa e a vaga de vice ao PMDB, na chapa de Ana Júlia, em 2010, além de uma série de outras vantagens para adoçar a boca de Jader & Cia. Ao mesmo tempo, os três disseram a Pepeca que dali a alguns dias Ana Júlia ligaria para Jader, marcando um encontro entre ambos.
O encontro foi aquele, se vocês se lembram, antes do Círio.
Jader chegou à casa de Ana Júlia e travou-se diálogo mais ou menos assim:
- Governadora, vamos então conversar sobre esta proposta que me fizeram.
E tirou do bolso um papel onde estavam relacionados os pedidos que, segundo os Monteiros e Carlos Botelho, seriam contemplados.
- Proposta, que proposta? – espantou-se Ana Júlia.
- A senhora não sabe de nada? Não lhe disseram nada? – indagou Jader.
- Não.
Jader, então, é que se espantou.
Constrangido, ele pediu desculpas a Ana Júlia e a conversa acabou aí, graças à trapalhada dos três interlocutores, que se esqueceram de combinar com os russos.
Ou melhor, com a russa.
No caso, Ana Júlia.

A ordem para Chicão: “pula fora dessa”
Eis que chega a sexta-feira passada, dia em que Francisco Melo, o Chicão (PMDB), saiu da Secretaria de Obras. E resolveu sair atirando.
Jader, a pedido da governadora, foi à casa dela para tomarem o café da manhã.
Chegando lá, travou-se o seguinte diálogo – quase exatamente assim:
- Eu tenho uma contraproposta para o senhor – disse Ana Júlia.
- Mas não pode ser contraproposta, porque eu nunca lhe fiz proposta alguma – retorquiu o deputado.
Ana Júlia, então, deixou claro: daria a Setran a Jader e asseguraria a ele a vaga ao Senado numa eventual chapa para 2010.
Ele ouviu, disse que analisaria a proposta junto ao partido e já ia se levantando para ir embora quando ouviu de Ana Júlia:
- Ainda não vá, porque eu tenho um presente de Natal para o senhor.
O “presente de Natal” era o seguinte: a governadora queria a interferência de Jader para que convencesse o PMDB a votar favoravelmente o pedido de empréstimo de R$ 366 milhões que tramita na Assembleia.
Novamente, e quase monossilabicamente, Jader respondeu que levaria o assunto à bancada.
Ficou tão indignado com a proposta feita governadora que saiu da casa dela e mandou acionarem imediatamente o secretário Chicão.
O recado – ou antes a ordem – era claro, claríssimo: ele, Chicão, que já vinha mesmo querendo sair, deveria pular imediatamente do barco.
E foi o que Chicão fez.
Enquanto isso, naquela mesma sexta-feira em que ofereceu a Jader um suculento café da manhã, Ana Júlia chegou toda risonha, lépida e faceira ao Hangar, onde se realizava o Encontro Estadual do PT.
Chegou lá e disse aos companheiros que as negociações com o PMDB estavam indo às mil maravilhas.
Nem todos os petistas acreditaram nisso, é claro.
Até porque sabem que os maiores adversários do governo Ana Júlia estão no governo Ana Júlia.

4 comentários:

Anônimo disse...

Me perdoe, este comentário não é o mais apropriado para o tema tratado. Pense nessa ideia: criar um espaço especifico para certas indagações mais ou menos assim: O que aconteceu? E o vento levou ... Você ainda lembra? ou outro melhor que certamente voce vai criar.
Da minha parte vou começar, assim:
1) O que aconteceu com o Conselheiro do TCE que pagava diárias e outras vantagens à filha que morava nos USA;
2) Você, ainda, lembra do Transparência Pará. A manutenção vai acabar quando?;
3)Quantas vezes o Paisandú correu de campo do Remo?
Pense nisso!

Anônimo disse...

PAULO O JÁDER NÃO É BESTA, ELE JÁ FALOU DIVERSAS VEZES NOS BASTIDORES QUE 65% DE REJEIÇÃO NÃO SE TIRA EM 10 MESES. ELE VAI COZINHAR E PULARÁ DO BARCO NO MOMENTO CERTO.
ABRAÇOS

Anônimo disse...

É preciso ter muito cuidado com as versões espalhadas por Jáder sobre negociações. Ao longo da história normalmente elas são feitas mais para confudir do que para informar. Nesse caso a contradição é flagrante , vez que Jáder falou com diversos interlocutores que sua proposta de recomposição do governo era a volta da situação de 1° de janeiro de 2007, ou seja sim a SESPA e a ADEPARÁ com o PMDB, o que aliás era o acordo do governo.

Anônimo disse...

Esse " Núcleo duro" do governo - deveria ser chamado " os trapalhões do governo.