Adelina Braglia, a Bia, aproveitou a postagem Inimigos íntimos, de Aldenor Jr., reproduzida aqui no blog, e oferece um relevante testemunho sobre os bastidores que marcaram as negociações que antecederam a escolha de Simão Jatene como o candidato tucano ao governo do Estado, em 2010.
Confiram abaixo.
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Não conheço, se houve, lances ocultos dessa rinha, como a chama o Aldenor. Mas participei do jogo aberto, na primeira rodada, há meses, quando dr. Almir chamou alguns companheiros do partido para comunicar sua decisão em apoiar Mario Couto como candidato a governador.
Numa noite que eu gostaria que jamais houvesse existido, ouvi argumentos insuportáveis na defesa de uma candidatura que ninguém jamais colocara em pauta.
Argumentos insuportáveis porque calcados em avaliação egocêntrica e, por isso, errônea, da derrota eleitoral, solidificados em rancor exasperado e absoluta falta de condições de diálogo. Sua bandeira era que tinha que haver um responsável pela derrota e este era Simão Jatene. Aliás, naquela noite fomos chamados não para sermos ouvidos, mas comunicados.
Das seis pessoas “comunicadas”, cinco manifestaram-se surpresas e contrárias à orientação do dr. Almir. Sem julgar as qualidades ou defeitos do seu candidato, argumentávamos que a coesão do PSDB, sua unidade nestes três anos, deveram-se a Simão Jatene, além de todas as memórias de 20 anos de companheirismo partidário, solidariedade e lealdade que foram para ele rememoradas. Foi desagradável, mas necessário, lembrá-lo, inclusive, que ele havia decidido soberanamente sair do Pará, abandar-se desta terra onde se sentira “rejeitado”.
Reservo-me o direito de lembrar esta conversa, repetida depois nos mesmos termos com os deputados estaduais e outros colaboradores do partido, onde ninguém foi alertado para qualquer conspiração. Ninguém foi chamado a discutir ou avaliar suspeitos compromissos. E todos reiteraram ao ex-governador a decisão de não acompanhá-lo na sua saga pessoal.
Assim, neste novo processo do “Eu acuso”, “Eu suspeito”, suspeito eu é que tenha sido o velho tempero: um rançoso molho de uma cruzada doentia com a qual dr. Almir abraçou-se, por não ter conseguido convencer nem impor seu rancor imperial. Aguardemos os fatos. Vamos esperar a entrevista tão anunciada.
Repito aqui o que já escrevi: o respeito que dr. Almir sempre me mereceu, ele o terá, pelo passado. No presente, lamento que ele não honre a própria biografia. Se ele não o faz, sinto-me desabrigada de fazê-lo.
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