quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Belém não tem sossego

Por THIAGO NEY, enviado especial da “Folha” a Belém

Se você quer sossego, não vá a Belém, não vá ao Pará. A capital do calypso, do tecnobrega e, agora, do melody, é provavelmente a cidade em que mais se ouve música no Brasil. E música BEM alta.
No histórico (desde 1625) Ver-O-Peso, o complexo de comércio popular de Belém, barracas aos montes vendem coletâneas dos sucessos do momento nos bailes da cidade. Melodias estridentes, com letras bregas, românticas, sarcásticas são ouvidas a boa distância.
O adjetivo eclético adquire novo sentido no universo musical de Belém. Rádios, aparelhagens (as festas montadas com enormes caixas de som e grande aparato tecnológico) e bandas locais vão do brega ao pop ao forró ao tecnobrega em poucos minutos -o que é mais empolgante: uma festa dessas ou as noites paulistanas, que são dedicadas exclusivamente a deep house, ou a minimal tecno, ou a samba-rock?

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O paraense é um apaixonado por música como poucos no Brasil.
Em uma viagem de 12 horas de navio de Belém a Bagre (onde rolou show do incrível grupo AR-15 no 18º Festival do Açaí; falaremos mais sobre o assunto na Ilustrada), as caixas de som bombaram sem parar por todo o percurso.
Sim, sem parar. É uma experiência reveladora ouvir, às 6h de sábado, Abba seguido de forró seguido de "Losing My Religion" seguido de tecnobrega seguido de axé seguido de Michael Jackson.
E, chegando em Bagre, a música não parou. No palco principal, na manhã de sábado, um DJ continuava a seleção cujo único critério era a animação. À tarde, em um segundo palco, uma banda local de carimbó continuava a maratona. Isso repetiu-se até a madrugada de segunda (a música só foi interrompida por alguns minutos em respeito ao enterro de um morador).
No navio na viagem de volta a Belém, mais música. Sem parar.
Mas aí eu é que não aguentava mais, precisava de algum sossego. Consegui chegando em São Paulo.

7 comentários:

Hanny disse...

Pois é, caro Bemerguy! É dessa música, dessa mistura, dos vários ritmos, que sinto tanta falta em BSB, onde há excesso, sim, mas no rigor da lei para os bares.
O que sobra no Pará falta por essas bandas. Um horror!
Ainda volto pra terrinha.

beijos

Anônimo disse...

Prezado PB,

Esse repórter da Folha até que delicado com Belém, ou melhor, com o povo mal educado de Belém, povo que acha normal estourar os tímpanos de qualquer cidadão (e o pior, cá entre nós, é que brega, depois de algumas horas de escuta, torna-se simplesmente insuportável dada à pobreza muscial do gênero; digo isto muito à vontade porque sou paraense e, além disso, belemense).

O repórter, um forâneo, deixa, por assim dizer, o rei nú ao dizer que alguns daqui fingem ignorar - que somos um povo mal educado, beirando à idiotice ou insanidade com essas aparelhagens de som estoura-tímpanos e carros que circulam pela cidade com o som num volume absurdo como se fossem boates ambulantes, sobre quatro rodas.

NOTA 10 PARA O REPÓRTER DA FOLHA!!!

E NOTA ZERO PARA A POLUIÇÃO SONORA PRODUZIDA EM BELÉM!!!

Poster disse...

Amiga, excesso por excesso, acho que o de BSB é menos pior.
Sinceramente (rssss).
Asb.

Anônimo disse...

A música reflete a cultura....

Anônimo disse...

Os paraenses são pronvicianos mesmo fico triste de ver alguem criticar do tecno brega.que ta fazendo sucesso no nordeste e ja toca ate nas novelas mas quem canta sao bandas nordestinas o paraense os metidos a play boy nao curte brega mas paga 200 reais em um abada de um show de axe musica baiana que é o mesmo nivel paga assistir show de forro mas o brega ninguem gosta a banda calipso so foi fazer sucesso aqui depois que estorou na brasil inteiro.como diz a musica do mosaico de raverna so é bom o que vem de fora e detalhe na bahia eles tem orgulho do axe deles assim como no rio de janeiro eles tem do funk,por isso que nosso estado do pará é atrasado pois so tem pessoas de mente atrasada.
Iury

Anônimo disse...

Iury você também gosta de funk e de axé? Mente atrasada é você. A diferença é que grande parte da população sabe distinguir o bom e o ruim. Vovê fala dos playboys que pagam 200 reais pem um abadá na Bahia no carnaval. Isso é excessão, meu caro. Uma vez ao ano. Já escutar brega diariamente e se meter no furdunço que é uma festa de brega toda semana.... isso sim é atraso. Me desculpe.


Victor.

Anônimo disse...

Algumas pessoas lêem a notícia mas não entendem o seu teor... Não se discute se tecno-brega é melhor ou pior do que axé ou do que funk ! A notícia fala da má educação nossa (paraenses) em escutar essas músicas em som absurdamente alto e sem limite de horário (seja de manhã cedo, seja de madrugada). A notícia não abordou diretamente, mas está evidente que numa terra desse tipo, obviamente não há a quem recorrer diante desses tremes-terra. É um retrato fiel da educação do povo paraense. Só não vê quem não quer.