terça-feira, 25 de agosto de 2009

Edilza fala de Marina, de PT, de separações e projetos

Da professora Edilza Fontes (na foto), ex-diretora da Escola de Governo e atual coordenadora pro tempore da implantação do campus da UFPA em Capanema, sobre a postagem “Professora Edilza, tome coragem! Faça como a Marina.”:

Venho acompanhando seu blog há algum tempo e hoje me senti no dever de escrever e assinar o que passo a relatar.
Sou uma das militantes mais antigas do PT. Tenho acompanhado a vida do partido como militante e algumas vezes dirigente. Cheguei a compor seu diretório e a coordenar a campanha do Lula em 1989, aliás, a campanha mais bonita que fizemos.
Nestes anos todos, conheci e convivi com várias pessoas. Com a Marina Silva ainda no movimento estudantil na década de oitenta, no sonho de construir um socialismo no Brasil e juntas convivíamos com Chico Mendes. Tive o privilégio de reunir com ele nos tempos da fundação da CUT, ele representando os seringueiros do Acre, eu os professores do Pará em 1982, no encontro dos trabalhadores de oposição à estrutura sindical que depois levou à fundação da CUT.
Por todos estes anos, sempre fiz campanha e estive junto com outros companheiros na luta pela democracia no Brasil, criando um partido diferente, de massas, ligado aos movimentos sociais e democráticos.
Este partido, acredito, ainda é o PT. Sou daqueles que admite que temos problemas de organização, de postura, de debilidades programáticas.
É uma grande perda a saída da companheira Marina Silva. Uma perda para o PT, que deixa de ter em seus quadros uma referência internacional na luta pelo desenvolvimento sustentável, uma perda pela polêmica que ficará enfraquecida e perderá uma certa qualidade no que diz respeito às questões ambientais na Amazônia. Uma grande perda partidária.
Mas entendo que o Brasil, a democracia e o debate sobre a própria Amazônia podem ter ganho. A candidatura de nossa grande companheira pauta o debate das eleições presidenciais. Traz para o centro das discussões as questões ambientais e a própria Amazônia.
Todos os candidatos terão que saber e imprimir nos seus programas e nos seus discursos o desafio que Marina lhes pauta. Ela tem história para isto, ela tem credibilidade para isto e deve ter pesado a importância deste desafio para sua saída do PT.
Eu já tive momentos de tensão interna no PT, já passei por vários momentos em que, confesso, pensei sair do partido que ajudei a construir. Lembro da saída de José Carlos [Lima] e Raul Meireles, com quem debatia e me articulava internamente. Raul, pai dos meus dois filhos. Momentos da crise de 2005. Momentos difíceis agora.
Penso bastante e chego a sofrer. Penso que Marina deve ter sofrido com esta separação. Separar é difícil. Reconstruir novas relações, mais ainda. Penso que, por maiores criticas que possamos ter em relação ao PT, ele ainda é o melhor que temos em relação ao quadro dos partidos. Penso que posso ficar e tentar reverter, com minha presença, minha militância questões cruciais para nossa frágil democracia.
Marina pensou muito e saiu estabelecendo um vínculo de compromissos com próprio PT. Não nós vê como adversários, não nos vê como inimigos . Só propôs outro caminho para sua luta ambiental.
Tomara que as promessas feitas a Marina em relação às mudanças de rumos necessárias no PV sejam feitas e que minha companheira seja feliz nesta nova jornada.
Como diz Fernando Pessoa, “Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Vá, companheira, e nos encontramos na mesma estrada.

Professora EDILZA FONTES

6 comentários:

Anônimo disse...

isso mesmo edilza
fique e mostre também os projetos de desenvolvimento sustentável que você apoia e os de educação voltados aos municipios carentes
tem tempo de desenvolver uma candidatura baseada na conduta ética e de base comunitária

Anônimo disse...

Abismo de distância a saída de Marina Silva e a saída do Zé Carlos e Raul Meireles do PT, no restante, digno o desejo em tentar retirar o partido da engrenagem na qual se meteu e da qual parece não tem feito esforços em se desvincilhar, ao contrários, pelos últimos fatos, só fez tecer mais e mais fios nesta tão malfadada teia. À senhora: sorte na empreitada, força de mil Hércules, e mil gigantes almas, vai precisar, pois a mim parece que sonhos, sonhos, são...

O CORISCO disse...

Cara Professora Edilza: li com muito atenção a sua postagem pois acompanho sua trajetória tanto no PT quanto em suas passagens pela vida pública. Admiro a sua inteligência e mais ainda o zelo que demonstra com a coisa pública. Concordo com a senhora que toda separação é difícil, dói e nos faz sofrer mas, muitas vezes não existe um outro caminho. O PT se transformou em um partido que em muito pouco difere dos outros que estiveram no poder após a ditadura militar. Tudo que o PT criticou e combateu nos outros agora está fazendo ele mesmo.Então professora, crie a coragem, mire-se no exemplo recente de Marina Silva e resgate em outro partido tudo aquilo que o Partido dos Trabalhadores não tem mais para oferecer. Precisamos da senhora para continuar a luta!
O CORISCO

Anônimo disse...

Professora Edilza,ainda é tempo de manter seu nome limpo,o PT rasgou sua história.Desde a chegada no poder do traidor Lula e de Donana, o PT vem se deteriorando e levando junto boas pessoas como a senhora.Faça como Raul,Zé Carlos,Edmilson,Aracely,Marinor,José Nery e tantos outros que tiveram a coragem de romper e hoje não se arrependem.O seu espaço dentro do PT, acabou!!!Saia já daí,antes que,depois das traições que irão lhe fazer,seja a saída mais dolorida.

Um Ex-eleitor do PT

Cássio disse...

Edilza, parabéns pela nova missão. Saberá mediar com equilíbrio, a competência acadêmica que lhe é inerente com a prática da gestão a qual já foi positivamente testada. A UFPA ganha com sua contribuição.

Poster disse...

Anônimo (ou Anônima) que reclama de que seus comentários não têm sido publicados.
Não têm sido publicados e não serão publicados enquanto você, como Anônimo, fizer acusações desse tipo.
Mas mande suas acusações por e-mail - com seu nome completo e telefone para contato - que elas serão publicadas, sejam lá quais forem as acusações e contra quem quer que sejam.
Fico no aguardo.
Podemos também fazer uma experiência: você se identifica completamente, eu faço alguma postagem sobre você e aí eu deixo qualquer Anônimo vir aqui para dizer de você tudo o que eles quiserem. Na condição de Anônimos.
Você topa?
Você topa, uma vez identificada, ser atacada de forme torpe por gente que você não sabe quem é?
Um grande abraço.