No AMAZÔNIA:
Para cada dez dentistas formados, registrados no Conselho Regional de Odontologia (CRO-PA), há pelo menos uma pessoa exercendo a profissão ilegalmente no Estado. O dado, divulgado ontem pelo presidente do CRO-PA, Mário Moreira, revela um quadro de precariedade na fiscalização do exercício da Odontologia - que não é recente e nem exclusividade do Pará.
Em 2006, o conselho recebeu mais de 400 denúncias sobre o exercício ilegal da profissão e constatou que cerca de 370 pessoas trabalhavam ilegalmente como dentistas. Este ano, já são 270 casos deste tipo - a maioria nos municípios do interior, onde a fiscalização é menos intensa e o número de profissionais qualificados é relativamente menor.
O conselho estima que metade dos 3200 profissionais com registro trabalha na Região Metropolitana de Belém e que pelo menos 30 das 143 cidades do Estado não possuem sequer um dentista registrado. 'A falta do profissional é um estímulo para o exercício ilegal da profissão', avalia o presidente da Comissão de Fiscalização do CRO-PA, Roberto Pires.
Municípios como Tracuateua e Terra Alta, no nordeste do Estado, são exemplos de como a falta de profissionais deixa a população vulnerável a atuação dos falsos dentistas. Nos dois municípios o conselho apurou e confirmou a presença de pessoas desqualificadas trabalhando como dentistas.
Pires explica, ainda, que a dificuldade de acesso a alguns municípios e até a permissividade de prefeitos em relação à contratação de profissionais de odontologia sem registro acabam se tornando fatores que contribuem para o aumento da ilegalidade. 'Nós temos casos de pessoas que receberam até alvará da prefeitura para funcionar. Pessoas conhecidas dos prefeitos e que tinham algum prestígio na cidade, mas que não eram profissionais da Odontologia', lembra.
Os riscos em ser atendido por profissionais sem qualificação são muitos. 'Na maioria desses consultórios, predomina a precariedade. Os instrumentos não são devidamente esterilizados e o risco de acontecer uma infecção é alto. Fora as chances de se contrair doenças como hepatites, tuberculose, sífilis, aids e até sofrer infecções, por causa de procedimentos incorretos', explica Pires.
Em 2006, no município de Nova Ipixuna, um jovem morreu por conta de uma infecção causada pela extração de um dente por um falso dentista, lembra o médico.
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