Loucos pelo bom açaí

No AMAZÔNIA:

'Você não toma açaí? Então, não é paraense!' Quem é do Pará e não gosta de açaí com certeza já ouviu essa frase antes, e ela provavelmente veio seguida de um olhar espantado ou de uma cara feia. A cena pode parecer exagerada aos olhos de quem vêm de fora, mas, para um paraense, encontrar um conterrâneo que não seja louco pelo fruto é mesmo uma situação estranha.
No Pará, a criança aprende a tomar açaí antes mesmo de dar seus primeiros passos, e, na maioria dos casos, é amor à primeira colherada. O açaí é fruto da palmeira euterpe oleracea - ou simplesmente açaizeiro, e dele tudo se aproveita: a polpa serve de alimento; as sementes são usadas para o artesanato e viram adubo orgânico; as folhas servem de cobertura; o caule é utilizado na produção de ripas e no artesanato; as raízes, na produção de vermífugos, e, o palmito, além de alimento, é usado também como anti-hemorrágico, segundo a cultura popular. Mas, nenhuma dessas utilidades tira da polpa do açaí o título de paixão regional. Com ela o paraense aprendeu a fazer sorvetes, pudins, bombons e todas as receitas que a criatividade permitir.
Com ou sem açúcar, com algumas pedras de gelo, com farinha de mandioca ou de tapioca, os acompanhamentos do açaí podem ser os mais diversos ou podem nem existir. A dona-de-casa Maria de Lourdes sempre toma açaí puro, sem gelo e sem açúcar. Para ela, o açúcar impede que se sinta o verdadeiro gosto da fruta, e o gelo acaba afinando a polpa.
Já a universitária Elane de Oliveira usa porções generosas de açúcar em sua tigela de açaí. Ela também não economiza na quantidade de farinha de tapioca. 'Gosto do fazer uma papa, compro o açaí grosso ou médio e engrosso mais ainda com bastante farinha', diz. Mas as duas só tomam açaí nos finais de semana, para evitar a costumeira sonolência que vem depois. Para a Elane, o açaí no final de semana é quase um ritual. 'Tomo um bom banho, almoço de camisola, um prato bem pequeno para poder tomar bastante açaí. Depois, é só escovar os dentes e dormir' revela.

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