Os judeus sefaraditas da região amazônica no norte do Brasil, têm razão para comemorar a publicação do primeiro Machzor de Rosh Hashaná (livro de orações para o Ano Novo Judaico), que incorpora seus costumes e liturgias.
O Machzor beneficiará aos judeus que falam o português em comunidades judaicas sefaraditas como também aos Bnei Anussim (pessoas cujos ancestrais foram obrigados a converter-se ao catolicismo na época da Inquisição e aos quais os historiadores referem-se como "marranos") do Brasil e Portugal.
O Machzor, denominado "Ner Rosh Hashaná", elaborado e editado pelo rabino Moisés Elmescany e o Chazan (cantor litúrgico) David Salgado, inclui os textos dos serviços de Rosh Hashaná em hebraico junto com a fonética e a tradução para o português. A obra foi publicada com o apoio e a colaboração da Shavei Israel, organização com sede em Jerusalém, que tem como um de seus objetivos ajudar pequenas comunidades judaicas, bem como aos "judeus perdidos", gente com raízes judaicas que desejam retornar ao judaísmo.
"Este Machzor é o primeiro deste estilo", disse Salgado, proveniente do Norte do Brasil, e que reside em Israel junto com sua esposa e seus filhos. “Permitirá aos judeus que falam o português e que utilizam o nussach sefaradí (rito sefaradita) recitar e compreender melhor o significado e a importância das orações do Ano-Novo". Salgado explica que o Machzor reflete os textos e os costumes utilizados pelas comunidades judias marroquinas, porém com algo especial, ele diz: "Este nussach é o mesmo que foi trazido a região amazônica pelos primeiros imigrantes marroquinos judeus, que chegaram ali há quase 200 anos", disse. "E até hoje, os judeus amazônidas utilizam o mesmo rito e seguem os mesmos costumes como eram praticados no Marrocos faz dois séculos".
“Estamos felizes de termos participados com o Rabino Elmescany e o Chazan David Salgado ajudando na publicação destes Machzor especial para Rosh Hashaná", disse o diretor da Shavei Israel, Michael Freund. "Espero que ajude a preservar as singulares práticas judaicas e os rituais da região amazônica, como a fortalecer as comunidades judaicas de fala portuguesa ao redor do mundo", acrescentou.
Inicialmente, o Machzor foi publicado para as comunidades judaicas de Belém e Manaus, com cerca de 450 famílias e 220 famílias respectivamente. Freund acredita e espera, no entanto, que outras comunidades sefaraditas que falam a língua portuguesa possam tirar proveito da obra.
Fonte: responsáveis pela edição e divulgação da obra
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