Na FOLHA DE S.PAULO:
A rejeição ao pacote do governo Bush de socorro aos mercados derrubou as Bolsas pelo mundo e revelou um fracasso de liderança política de dimensões quase tão grandes quanto a crise econômica. Apesar do apoio do governo, dos líderes democratas e republicanos no Congresso e dos principais candidatos à Presidência, o projeto com ajuda de até US$ 700 bilhões às instituições financeiras caiu na Câmara com 228 votos contra e só 205 a favor.
O histórico fracasso político aconteceu mesmo após um acordo entre as cúpulas dos partidos Democrata e Republicano, costurado durante o final da semana e que recebeu o apoio expresso dos candidatos democrata Barack Obama e republicano John McCain.
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York recuou 6,98% e teve a pior queda de sua história em pontos num único dia.
No Brasil, a baixa foi de 9,36% na Bovespa, após a Bolsa desabar 10,16% e acionar o "circuit break", sistema que interrompe os negócio por meia hora. Foi a primeira vez que isso ocorreu desde 14 de janeiro de 1999, época da desvalorização do real. O dólar quase bateu em R$ 2,00, mas fechou a R$ 1,966, com alta de 6,21%.
O petróleo caiu 9,84% e voltou a US$ 96,37 em Nova York, arrastando as demais commodities e levando à baixa de até 15% nas ações da Petrobras.
O Fed (BC dos EUA) decidiu dobrar para US$ 620 bilhões o volume de dinheiro disponível para noves BCs de Europa, Austrália, Canadá e Japão. Também triplicou para US$ 225 bilhões os recursos disponíveis para os bancos.
Base governista
Na Câmara, a rejeição surpreendente ao pacote partiu principalmente da base governista, de olho nas eleições para a renovação da Casa em novembro. Surpresos também ficaram os líderes democratas, maioria no Congresso, que anunciaram horas antes que havia um acordo.
"Estou desapontado com a votação. Fizemos um plano que era grande porque temos um grande problema", disse o presidente Bush. O secretário do Tesouro, Henry Paulson, disse que os instrumentos à disposição do governo "eram significativos mas insuficientes" e repetiu várias vezes que era preciso "fazer algo" e "rápido".
Dos 435 votos do Congresso, 140 democratas e 65 republicanos votaram a favor do plano, ante respectivamente 95 e 133 que votaram contra. A Câmara só deve voltar a se reunir na quinta, e o Senado, amanhã, devido ao Ano Novo judaico, hoje. Uma das hipóteses que as lideranças estudavam era que o Senado (onde o apoio ao pacote parece ser mais forte) votasse o projeto antes, colocando ainda mais pressão nos deputados.
As Bolsas asiáticas abriram hoje com forte queda. O índice Nikkei, de Tóquio, recuava 4,64%, e Taiwan tinha queda de 6,04%. Em Hong Kong, a desvalorização era de 5,47%.
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