Na FOLHA DE S.PAULO:
O ministro Nelson Jobim (Defesa) repetiu ontem, em público, a acusação que já fizera em reunião ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva: a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), segundo ele, comprou equipamentos capazes de interceptar telefones celulares e realizar escutas ambientais, e não apenas varreduras, como alega a agência.
Jobim afirmou que os equipamentos foram comprados para a Abin pela Comissão do Exército Brasileiro em Washington, que realiza as compras da corporação e de outros órgãos federais nos EUA.
"Na relação dos aparelhos adquiridos pela Abin, há alguns que têm essa característica de interceptação telefônica. Outros não têm, são de varredura", disse, após reunião com o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Carlos Ayres Britto. As compras, se confirmadas, deixam em situação delicada o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Jorge Felix, responsável pela Abin.
A agência tem dito repetidamente não ter as maletas de interceptação, mas apenas aparelhos para varredura antigrampo, entre eles um chamado Oscor 5000. Este é um dos quatro aparelhos na lista de compras da Abin apresentada por Jobim a Lula, vendidos num só kit. Mas um deles é capaz de realizar grampos, o que é vedado à Abin.
O aparelho pode interceptar celulares e decodificar sinais digitais (CDMA e GSM), além de grampear e-mails e arquivos na internet. Chama-se Stealth LPX Global Intelligence Surveillance System CDMA & GSM Passive/Active Interceptors Internet & Email Interceptor. A Abin possui ainda o X600 Through Wall Listening System, que pode captar sons através de paredes. A acusação feita em reservado por Jobim foi decisiva para o afastamento do diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, na segunda-feira passada.
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