Na FOLHA DE S.PAULO:
O promotor Francisco Cembranelli, responsável pelo caso Isabella, denunciou ontem à Justiça o casal Alexandre Nardoni, 29, pai da menina, e Anna Carolina Jatobá, 24, madrasta, pelo assassinato da criança de cinco anos no dia 29 de março.
A Promotoria também endossou o pedido de prisão preventiva contra o casal solicitado pela Polícia Civil. Cabe agora ao juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri, decidir se aceita a denúncia. Nesse caso, o casal passará de acusado a réu no processo. Se determinar a prisão, ela pode se estender até o julgamento. O prazo para a decisão é de cinco dias.
Para o promotor, o casal cometeu um homicídio triplamente qualificado. Segundo as cinco páginas da denúncia, Nardoni e Jatobá empregaram meio cruel, impossibilitaram a defesa da vítima e ocultaram as agressões praticando outro crime: o assassinato de Isabella.
De acordo com a denúncia, a madrasta tentou asfixiar a enteada, e o pai atirou a filha por um buraco feito na tela de proteção da janela do quarto, do sexto andar do prédio onde o casal morava com seus dois filhos, de três e um ano.
Sem dizer qual foi a motivação do crime, Cembranelli relatou que Isabella foi agredida no Ford Ka após uma briga do casal. O motivo do entrevero, diz o promotor, foi o ciúme que a estudante Anna Carolina sentia do estagiário de direito Nardoni em relação à sua ex-mulher, a bancária Ana Carolina Oliveira, 24, mãe de Isabella.
"No meio dessa discussão, a menina foi agredida", disse o promotor, em coletiva, ao se referir ao corte na testa de Isabella, supostamente feito por uma chave usada pela madrasta. No apartamento, a menina teria sido esganada por Jatobá. Diferentemente do que afirmara a polícia, o promotor nega que o casal tenha atirado Isabella achando que ela estivesse morta. Ele afirmou que os dois sabiam que a criança estava viva. "A intenção foi dar solução a um problema que já existia."
Um dos pontos mais questionados foi se havia sangue de Isabella no carro. Apesar de o laudo do IC (Instituto de Criminalística) informar que não é possível apontar de quem é o sangue, o promotor afirma que "o sangue é de Isabella". Ele sustenta que ela era a única ferida dentro do veículo.
O pedido de prisão foi embasado na garantia da ordem pública (deixar a população tranqüila e manter a credibilidade da Justiça), na suspeita de que o casal tenha cometido fraude processual (alterado a cena do crime) e em denúncias de comportamento agressivo do casal.
A pena para homicídio qualificado pode oscilar de 12 a 30 anos de prisão. Numa eventual condenação, ela pode ser aumentada em um terço pelo fato de o assassinato ter sido cometido contra uma criança menor de 14 anos.
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