Novo fardamento sairá bem mais caro do que imagina a PM

Pelo menos dois oficiais bem posicionados na cúpula da Polícia Militar do Estado duvidam - e duvidam muitíssimo – que sejam gastos apenas R$ 2 millhões para a troca de fardamento da Polícia Militar do Estado, conforme anunciou no início desta semana o comandante da Corporação, coronel Luiz Cláudio Ruffeil.
Todos os cerca de 13 mil integrantes da PM receberão o novo fardamento, que será escolhido entre o verde-claro, como da Guarda Nacional da Colômbia, o cinza, usado pela PM da Paraíba, ou cáqui-esverdeado, como no Rio Grande do Sul.
E os que se permitirem dar uma olhada na informação disponível no próprio site da PM poderão confirmar ali um detalhe que pode passar despercebido dos civis, mas não dos militares. É que, além de serem distribuídos dois fardamentos completos para cada um, terão direito ao presente não apenas cabos e soldados, mas sargentos, subtenentes e oficiais. Para quem não sabe, os oficiais atualmente têm que arcar pessoalmente com as despesas de compra ou confecção de seu próprio fardamento.
O resumo da história é de que, por baixo, estima-se que os cofres da PM deverão despejar no mínimo R$ 4,5 milhões para implementar a novidade, uma vez que, asseguram oficiais da PM bem informados sobre o assunto, nenhuma loja especializada tem o volume de 26 mil unidades disponíveis.
PRAZOS - O que se estranha é que o coronel-comandante não informou o prazo que levará para realizar por completo as alterações anunciadas. A dúvida: o processo de mudança começará e terminará durante a gestão de Ruffeil ou passará para a gestão seguinte? E se passar para um novo comandante, terão seguimento os procedimentos de mudança ou tudo voltará a ser como dantes no quartel d’Abrantes, em prejuízo de gastos que foram feitos anteriormente?
Há detalhes, além desses, que são questionados por boa parte da tropa. Critica-se, por exemplo, que a mudança de fardamento não se enquadra como investimento, mas como gasto. Tal providência é tida como “quinquilharia”, como coisa menor, que pouco reflexo terá na eficiência e eficácia da trabalho operacional da PM. “A população pouco está preocupada com a cor da farda. Ela quer é resultado, ela quer é segurança nas ruas”, argumenta um PM ouvido pelo blog.
Defendem alguns oficiais que o comando deveria ter designado uma comissão com o propósito de fazer um estudo mais acurado, em bases técnicas fundamentadas, capazes de justificar ou não a pretendida mudança de uniforme.
Se tal comissão foi formada, alegam alguns oficiais, está igual à Conceição da música: ninguém sabe, ninguém viu. Não se sabe, além disso, qual foi o público-alvo da pesquisa e nem tampouco a metodologia empregada, se é que houve pesquisa, evidentemente.
PERNAMBUCO - O estudo para a troca do fardamento, segundo oficiais, seria indispensável até porque, conforme justifica o próprio Comando da Polícia Militar, a referência para introduzir o novo fardamento é um estudo feito pela Polícia Militar de Pernambuco, Estado onde também os uniformes foram mudados.
Reclama-se ainda que as cores escolhidas nada têm a ver com as cores predominantes do brasão da Polícia Militar do Estado, exceto o verde, mas em tonalidade diversa do utilizado no Pará.
Enquanto isso, queixam-se ainda alguns oficiais, há providências mais importantes a implementar, como o salário – grandemente defasado – e as precaríssimas condições de trabalho da tropa, sobretudo dos policiais linhas de frente, que vão para as ruas combater os bandidos.