segunda-feira, 5 de maio de 2008

Faltou um pouco mais no mea-culpa de Ronaldo

Conceda-se a Ronaldo Fenômeno o benefício da dúvida em vários pontos de suas aventuras com travestis.
Vá lá que ele foi extorquido, que não consumiu droga, que não manteve relações sexuais com o travesti que o acusou – tudo isso. Vamos acreditar que tudo - ou quase tudo - aconteceu exatamente, sem tirar nem pôr, como Ronaldo disse em entrevista ao “Fantástico”, ontem à noite.
Mas Ronaldo não haverá de pretender que acreditemos nele quando diz que só foi perceber que a pessoa com quem se envolveu era um travesti ao chegar ao motel.
Até por respeito aos que não têm mais idade para ser inocentes, Ronaldo deveria ter respeito aos telespectadores ao insistir que, ao dar de cara com o travesti, não percebeu de imediato que ele era um travesti.
Há travestis, é verdade, cujos traços femininos se mostram tão agudos, tão pronunciados que podem até ensejar certa confusão. Mas aquele que se envolveu com Ronaldo, não. Aquele mesmo não. Os traços fisionômicos, as mãos – inclusive com as unhas imundas -, o timbre de voz, tudo, enfim, indicaria à primeira que o Fenômeno não se encontrava diante de uma Bela Adormecida, mas de um travesti. E Ronaldo, mais do que ninguém, estaria mais apto a constatar isso rapidamente, até porque é chegado a aventuras, digamos, nem tanto convencionais, ainda que com travestis tenha sido esta a primeira vez, até onde se sabe.
Depois da tempestade que desabou sobre ele, Ronaldo fez bem em se explicar. E percebeu-se sinceramente que ele está abalado, “arrependido e envergonhado” – conforme disse – de ter cometido um ato que ele próprio considerou “estúpido”.
Mas Ronaldo faria o mea-culpa completo, completíssimo se dissesse que sabia, sim, que o travesti era travesti desde o primeiríssimo momento em que teve contato com o dito cujo, e não apenas depois que chegou ao motel.
Qual o resumo dessa ópera? Que Ronaldo Fenômeno, a julgar-se que estava sóbrio – como ele mesmo diz –, sabia perfeitamente o que estava fazendo, sabia que o travesti era travesti, mas mesmo assim tentou uma “onda diferente”, digamos assim.
E se deu mal. Não pode agora é Ronaldo imaginar que todos somos inocentes e devemos acreditar em tudo o que ele diz.

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