Da advogada Mary Cohen, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, sobre o post OAB lamenta agressão a engenheiro da Eletrobrás:
Longe de querer defender o ato, que sob todos os aspectos é condenável e merece ser apurado, o que aliás já está sendo feito pela Polícia Federal, não podemos deixar de enfrentar o debate e as questões que estão por trás da teimosia do governo federal em querer construir, a qualquer custo, uma usina hidrelétrica de mais de 7 bilhões num rio que os técnicos do MPF já constataram, só terá capacidade de gerar a energia propalada pelo governo, em três ou quatro meses no ano, enquanto que a devastação da região e do povo que nela habita será para sempre.
Os estudos do impacto ambiental, por autorização judicial, serão feitos por empresas contratadas pelas empreiteiras que realizarão a obra, o que significa dizer que se colocará a raposa para tomar conta do galinheiro. Qual a credibilidade desses estudos?
E o resultado a ser obtido? Se os custos tão altos prevêem o fornecimento de energia para o ano todo, significa que estamos jogando dinheiro (nosso dinheiro, por sinal) fora, pois o rio Xingu só tem capacidade para gerar a energia desejava em três ou quatro meses no ano? Será então mais um elefante branco no meio da Amazônia, e daqui a vinte anos talvez tenhamos notícia do que realmente aconteceu nos bastidores envolvendo tão vultosa quantia...
O governo precisa debater essas questões com o povo da Amazônia e nós, paraenses, precisamos ser firmes na exigência de respostas convincentes.
Mary Cohen
6 comentários:
Oi Paulo, vc tem leitora aqui no Amapá..eu, Dulcivânia..rss
Lembranças ao pessoal aí, o Lib foi minha segunda faculdade de jornalismo, sentirei sempre saudades. bjs.
Dulcivânia, grande amiga.
Veja só o que esta blogosfera é capaz de fazer: aproximar as pessoas que estão longe, mas ao mesmo tempo sempre perto.
Quem bom lhe reencontrar.
Mas notícias.
É um prazer ter você por aqui.
Grande abraço.
Quanta temeridade essa afirmação da doutora MarY Cohen:
"os técnicos do MPF já constataram, só terá capacidade de gerar a energia propalada pelo governo, em três ou quatro meses no ano, enquanto que a devastação da região e do povo que nela habita será para sempre."
Que técnicos são esses doutora Mary?
Quem disse que esses técnicos têm capacidade de fazer essa afirmação?
Acho politicamente correto a senhora defender os índios, porque dá mais charme, mas queria lhe fazer um desafio.
Desligue o ar condicionado de seu gabinete, o aparelho consome energia, energia que vai nos faltar um dia, com ou sem Belo Monte que a senhora tanto ataca.
Data vênia...
Pedro Paulo
Realmente, o povo precisa ser alcançado nesse debate, para evitar que continue a ser manobrado (assim como os índios) pelos interesses internacionais, que querem o Brasil dependente de energia. Será que ninguém percebe que todas as empresas do setor estão com suas ações bamburrando nas bolsas? Quem é que iria querer construir uma usina para perder dinheiro? É claro que a UHE-Belo Monte é necessária para nós. E a legislação ambiental brasileira é rigorosa o suficiente para conter abusos e penalizar qualquer deslize das empreiteiras. E também é de uma clareza cristalina que o governo nunca esteve verdadeiramente empenhado em construir Belo Monte, senão a usina já estaria pronta há muito tempo. Ao contrário, do mesmo modo que empurra com a barriga a conclusão das eclusas de Tucuruí, as hidrovias e o asfaltamento da Santarém-Cuiabá e da Transamazônica (há quem ache que isso vai destruir a floresta, mas ninguém se importa com as pessoas que morrem por falta de assistência médica, que sofrem em meio aos atoleiros, à poeira, às crateras e ao desabastecimento). Quem são os defensores de uma Amazônia intocada, em detrimento dos seres humanos que nela vivem? Por acaso moram na mata, sujeitos à dengue, malária, febre amarela, sem escola e sem hospital? Nada disso! Todos adoram o conforto do ar condicionado e seus filhos estudam e vivem em segurança. Não defendo o governo muito menos empreiteiras, mas está na hora dessa máscara hipócrita cair. E dos cidadãos serem respeitados como tais. O que deveria preocupar é que o governo nem fala em construir eclusas, quer construir hidrelétricas impedindo a navegação, isso sim é um crime, desrespeito ao nosso direito de ir e vir. Mas quem se habilita a cobrar essa obrigação?
Oi Paulo,
Somente agora pude ler os comentários, alertada pela querida Valena Jacob, advogada da melhor safra na defesa da dignidade e da vida, principalmente a vida em nossa Amazônia.
Minha pretensão é abrir o debate. Fico preocupada com ataques gratuitos e ácidos, que muitas vezes pretendem menos o debate e mais o assaque pessoal, como se todos não estivéssemos no mesmo barco, todos não fossemos da mesma região.
Ao anônimo Pedro Paulo sugiro que consulte os autos do Processo que tramita na Vara Federal de Altamira, lá encontrará as respostas para minhas afirmações temerárias. Com relação à Sra. Franssinete, importante que saiba que as pessoas que defendem a região e os povos que nelas habitam, inclusive as que, como eu, nasceram às margens do Rio Tapajós, onde hoje temos a reserva Tapajós – Arapiuns (Vila de Boim), não se escondem, pelo contrário, e a maior prova disso são o jornalista Lúcio Flávio, por quem tenho grande admiração e o procurador da República Felício Pontes Jr, grande amigo e companheiro de caminhada na defesa dos direitos humanos.
É fato que estão sendo planejadas cerca de 70 hidrelétricas para a Amazônia, em torno de 304 barramentos inventariados e que poderão afetar 266 unidades de conservação.
Só na bacia do rio Xingu, são pelo menos seis barramentos, que poderão alagar entre 8 mil a 12 mil quilômetros quadrados, para a produção de cerca de 22 mil Mw de anergia.
A hidrelétrica de Belo Monte seria (esperamos que não seja construída) apenas a primeira barragem no Xingu, seguida das usinas Altamira, Carajás, Pombal, São Félix e Montante Jarina.
Sou contrária à construção de grandes hidrelétricas na Amazônia. Felizmente não estou sozinha nessa empreitada. Com muita alegria leio tudo que o Lúcio Flávio publica sobre o assunto. Também o Felício Jr analisa, com muita propriedade, as deficiências do projeto de Belo Monte, considerado economicamente inviável por vários especialistas independentes. Sozinha, segundo Felício, a usina não garantiria energia firme e acabaria por provocar a construção das outras.
O jornalista Lúcio Flávio Pinto condena a construção de grandes barragens na Amazônia, por provocarem grandes impactos ambientais e acabarem servindo para a transferência de energia elétrica para outras regiões, através de extensas e caras linhas de transmissão. O Pará é o 6º maior produtor de energia do país e o 3º exportador de energia bruta, segundo o jornalista.
Também é fato os enormes subsídios concedidos, pelo governo federal, às indústrias de alumínio implantadas em nossa região, as maiores consumidoras da energia produzida em Tucuruí.
Quem disse que o Pará precisa da hidrelétrica de Belo Monte se só as unidades da Albras e da Alunorte em Barcarena consomem mais energia que a região metropolitana de Belém?
Fica a pergunta e o convite ao bom debate, sem agressões gratuitas se possível.
Bjs
Mary Cohen
Mary,
Seu comentário é sempre oportuno.
Estará na ribalta hoje à tarde.
Abs.
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