quinta-feira, 8 de maio de 2008

Agripino, o garçom do Senado

Com todo o respeito que nos merecem sua eloqüência e sua atuação oposicionista, mas o senador potiguar José Agripino Maia (DEM) exerceu ontem, diante da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o papel que no futebol de chama de garçom.

Dentro das quatro linhas, garçom é aquele jogador exímio em fazer passes, de servir o companheiro de equipe, muitas vezes deixando-o em condições de fazer o gol. É aquele que levanta a pelota no ponto para que o outro finalize para as redes.

Pois é.

Ao rememorar o passado de prisioneira da ministra, Agripino inflamou-a, acendeu em Dilma a chama da indignação de quem, como ela, passou pelos horrores da tortura. Resultado: a ministra, que entrara meio na defensiva, partiu para o ataque e acabou desarmando a oposição ao dizer coisas assim, quando Agripino mencionou o fato de que ela mentiu nas sessões de tortura:

 

* "Eu me orgulho muito de ter mentido, senador. Porque mentir na tortura não é fácil. Na tortura, quem tem coragem e dignidade fala mentira."

* "Na ditadura não há verdade. Não há espaço para a verdade, porque até as verdades mais banais podem conduzir à morte."

* "Isso aqui, que estamos fazendo, hoje, é um diálogo democrático. Não estamos num diálogo do meu pescoço com a forca. É um diálogo de iguais."

* "Não estou falando de heróis. Feliz do povo que não tem heróis desse tipo, porque todos nós somos muito frágeis, somos humanos, temos dor."

 

Pronto. E Agripino, que entrara na sessão como senador, saiu garçom. Sem demérito nenhuma para os garçons – muito pelo contrário.

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