Quem viu e ouviu o presidente do Remo, Raimundo Ribeiro – aquele que só planeja quando há dinheiro em caixa -, na reunião do Conselho Deliberativo remista, na última quarta-feira à noite, não acreditava no que via e no que ouvia.
Ribeiro, narra ao blog um conselheiro presente à reunião, revelou postura muito, mas muito distante da que observou até o final do ano passado, quando ocupava microfones amigos, em emissoras de rádio de Belém, para falar mal da Associação dos Torcedores e Amigos do Remo (Atar), acusando-a de querer exercer um poder paralelo ao seu. E se derretia, além disso, em exaltações de ânimo contra remistas que não comungavam das mesmas idéias dele.
O poster pede licença aos leitores apenas para esclarecer, como em comentários anteriores, antes que lhe perguntem: não é associado à Atar, praticamente nunca contribuiu financeiramente com esse grupo e conhece algumas pessoas que atuam lá. Mas acha que é preciso apoiar iniciativas como essas, porque fazem o contraponto de administrações desastrosas, como a que devasta o Remo.
Da mesma forma o Paysandu, tão devastado financeiramente que seu Conselho Deliberativo, no final do ano passado, tomou decisão inédita no reino da cartolagem paraense: chutou – de bicuda, se quiserem – para fora de seus quadros o ex-presidente e então benemérito da agremiação, Arthur Tourinho, ex-deputado do PMDB e atual presidente da Junta Comercial do Pará, acusado de faltar com a probidade que se requer de qualquer administrador, segundo apontou relatório de auditoria feita no clube.
A admissão de erros
Pois na reunião do Condel remista, diz o conselheiro, Ribeiro derreteu-se em manifestações de humildade. Chegou a reconhecer claramente que cometeu muitos erros. Disse ainda que não pode andar pelas ruas, porque é chamado de ladrão, e pediu desculpas aos “cardeais” remistas pela maneira como os tratou.
Comovente! Verdadeiramente. Não se sabe se os “cardeais” desculparam Ribeiro. Se desculparam, não deveriam faze-lo. Ou por outra: no máximo, admitisse que o desculpassem, mas deveriam exigir logo seu afastamento do clube. O Remo não é ombro amigo para que Ribeiro chore suas mágoas e se derrame em humildades. O Remo é um clube de tradição e precisa sobreviver. Com Ribeiro à frente, caminhará sempre de mal a pior.
O presidente do Remo diz que não pode renunciar porque empenhou-se pessoalmente em conseguir R$ 1,6 milhão – ou coisa aproximada – para bancar a folha de pagamentos do clube. Alega que não pode agora deixar na mão quem lhe emprestou o dinheiro. Pois ele, Ribeiro, que se entenda com os seus. Uma gestão que se respeitasse e respeitasse o clube jamais deveria recorrer a esmolas para bancar a folha de pagamento dos funcionários. Se faz isso, é porque fez coisas indesculpáveis - geriu mal, gastou mal, administrou mal, não planejou – só se planeja quando há dinheiro, já ensinou Ribeiro –, foi arrogante com aqueles que quiseram ajudá-lo e volta e meia corria para os microfones amigos, onde despejava suas contrariedade inclusive sobre torcedores que o criticavam.
Ribeiro está numa situação tão humilhante que nem se dá conta das humilhações a que o submetem. Chegou ao ponto de assinar um documento, comprometendo-se com a Atar a nem sequer ver a cor do dinheiro que a Associação arrecada para reformar a arquibancada e dependências do Baenão. Isso seria humilhante para qualquer gestor. E é mesmo. Mas o presidente do Remo, em fase de Ribeiro paz e amor, acha que não é. Ao contrário, propala que isso é um sinal de desprendimento seu pelo bem do clube. Não é. É que Ribeiro está sem saída: ou aceita uma “gestão compartilhada” – ainda que informalmente - com a Atar e com a Juventude Azulina ou então a porta da rua seria a serventia da casa.
Uma luz no fim do túnel
Mas ele resiste. Segura-se como pode. E o que favorece sua permanência à frente do Remo - mesmo com poderes reduzidos e com a autoridade mais destroçada do que as próprias finanças do clube - é que falta um vice-presidente.
Mas há uma luz no fim do túnel. Na reunião do Condel, citou-se um nome – ainda não confirmado pelo blog – que estaria disposto a aceitar o cargo. Mas os que estão dispostos a candidatar-se poderão fazê-lo, informa um conselheiro remista. Na próxima reunião do Condel, em data ainda não marcada, será escolhido o vice-presidente do clube.
Se Ribeiro retomar seu velho estilo, não deixará espaço para o novo vice-presidente se movimentar. Mas como se encontra na fase paz e amor, na fase do “perdoem-me se forem capazes’, na fase do “esqueçam tudo o que eu fiz e tudo o que eu disse”, então é bem capaz que o vice faça alguma coisa.
E a primeira coisa que deve fazer é tentar convencer o presidente se afastar da direção, licenciar-se, seja lá o que for. Se conseguir apenas isso, o vice terá conseguido tudo. Porque é preciso ser bem claro – e como quase todo mundo diz isso por meias palavras, aqui se diz como todas as palavras: Raimundo Ribeiro não pode e nem continuar à frente da presidência do Clube do Remo. Não pode. Se é bom remista, que se afaste do Remo. Se é bom remista, que o seja apenas na condição de torcedor. Ribeiro pode querer o Remo, mas o Remo não o quer.
É isso.
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