quinta-feira, 6 de março de 2008

Fidel e os instintos mais primitivos dos leitores

Dois leitores não gostaram muito de Fidel Quixote, o perfil que o jornalista Sérgio Kalili traçou após fazer uma visita à Ilha, no ano passado.

Um Anônimo disse:

Para ficar completo o perfil de Fidel, o jornalista (teria "esquecido?...) deveria mencionar o destino que tiveram os que ousaram opor-se ao novo Quixote.
Julgamentos sumários, fuzilamentos e prisão fizeram parte do "repertório" do novo "governo do povo".
Completo fracasso da economia e tolhimento da liberdade de ser e pensar não é um preço muito elevado em troca de educação e saúde?
Há controvérsias, não?
Em tempo: será que há diferença entre ditadores de esquerda e de direita? Creio que não.


Marcelo Vieira, curto e sem volteios verbais, acrescentou:

Confesso que não li toda a matéria-hagiografia não é um gênero literário, muito menos jornalístico, que me agrade. Mas aproveito para assinar embaixo do comentário do anônimo, e acrescento, à guisa de post scriptum, as 78 mil pessoas que morreram tentando escapar do paraíso. Onde vestir e comer são questões "secundárias", conforme nos conta o jornalista.
Pô, sei que o blog é seu e vc. escreve o que quiser, mas se ditaduras são ditaduras porque dar "moral" para textos como este? Já está na hora de dar a Fidel o que é Fidel, não é não? Esse papo de que "a história me julgará" é uma maneira se livrar das cobranças no presente.


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Agora, espaço aberto para o Espaço Aberto comentar apenas três cositas:

1 – Quando o blog recomenda leituras, como neste caso, nem sempre concorda com seu teor. Muitas vezes, não concorda. Mas recomenda. E neste caso, recomenda muito mais, porque Fidel e sua ditadura alimentam em nós os nossos instintos mais primitivos, para usar, por empréstimo, a confissão de Roberto Jefferson a José Dirceu em plena sessão pública de CPI.
2 – É inegável que ditaduras são ditaduras. Podem até conter colorações diferentes, o número de vítimas que fazem podem ser diferentes... Mas ditaduras são ditaduras. Sempre repulsivas. A Revolução Cubana já se inscreveu na História como evento que não poderá ser reduzido e nem minimizado. Mas é inegável que muito do romantismo, do heroísmo, da resistência e da pretensa pureza ideológica da Revolução Cubana e de toda a era Fidel ficam esmaecidos diante de fuzilamentos, prisões, fugas desesperadas em pequenos barcos à deriva em alto-mar, do sufocamento das liberdades e de tudo o mais que uma ditadura produz. Por isso, Fidel, seu regime e sua revolução não serão julgados, e sim estão sendo julgados. Muitos os condenam, outros os absolvem. A simples reação à leitura recomendada demonstra isso.
3 – Marcelo, o blog não é do poster. Aliás, é muito pouco do poster. O blog é dos leitores, essencialmente. Sobretudo dos que discordam sem apelações, como você. Do contrário, não teria graça fazer blogs. Vocês é que mandam.

2 comentários:

Anônimo disse...

Grato por destacar meu comentário anônimo.
Devo acrescentar que sua atitude de postar o perfil do Fidel-Quixote (e qualquer um outro, mesmo que não concorde com o teor)engrandece aida mais o blog.
Parabéns.
Conte (ainda mais) com a minha leitura atenta e diária.
Valeu!

Poster disse...

Discordar é - sempre será - também um ato de inteligência.
Volte sempre, Anônimo. o espaço sempre estará aberto pra você aqui no blog.
Abs.