sábado, 8 de março de 2008

Assalto, reféns e terror em loja


No AMAZÔNIA:

Dois assaltantes mantiveram três pessoas como reféns durante uma hora e meia, dentro da loja Carrier, ontem à tarde, no bairro do Umarizal. Ao contrário do que vem ocorrendo na maioria desses casos, cada vez mais comuns em Belém, quando os policiais militares é que negociam com os bandidos, desta vez coube a policiais civis da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO) dialogar com os acusados. Eles se entregaram depois de falar com parentes e receber dois coletes à prova de balas. Os dois homens que mantinham as pessoas como reféns usavam uma pistola calibre 380 e um revólver calibre 38, todos municiados. Eles tinham o apoio de um terceiro acusado.
Todos três foram presos: Zildo Carrera, 50 anos, o primeiro a ser detido, Márcio Eurípedes Ferreira da Silva, 19, e Carlos Alberto dos Santos, o 'Pic', 27. Zildo e 'Pic' já foram detidos anteriormente, e o terceiro é foragido do Sistema Penal. Com eles, os policiais encontraram R$ 190, 13 munições e das duas armas de fogo.
Às 14h os investigadores Rui, Roberto e Raad, da DRCO, passavam em uma viatura pela travessa Dom Romualdo de Seixas com a rua Domingos Marreiros, em cujo cruzamento fica a loja, que vende aparelhos de ar-condicionado, entre outros produtos. Os policiais viram um homem em frente ao estabelecimento e o consideraram 'em atitude suspeita'. Era Márcio Eurípedes. O investigador Roberto afirmou que chamou a atenção o fato de o rapaz estar olhando para os lados. 'É um roubo', chegou a comentar Roberto.
Os policiais retornaram. Ao chegar em frente à loja não encontraram mais o rapaz. Eles se depararam com Zildo, também conhecido como 'Velho', e cujo papel, disseram os investigadores, era 'fazer bandeira' para os comparsas. Ou seja, ficar observando se havia alguma movimentação estranha durante a realização do roubo. Ele foi logo preso e levado para a viatura. Márcio e 'Pic', que já estavam dentro da loja, perceberam a ação policial e dominaram dois funcionários e uma cliente. A partir desse momento, começou a aflição das vítimas. Em poucos minutos, policiais militares deslocaram-se para aquele endereço. Eram PMs da 2ª, 6ª, 11ª Zonas de Policiamento (que atuam, respectivamente, em São Brás, Comércio e Guamá), além de militares da Ronda Tática Metropolitana (Rotam). Um grupo de PMs da Rotam ficou posicionado ao lado da loja, na travessa Dom Romualdo de Seixas, pronto para, se necessário, entrar em ação. Toda a área foi isolada.
Um dos três reféns, o vendedor Andrey Cassiano, 32 anos, contou à imprensa como ocorreu a ação dos bandidos. Segundo ele, estavam na loja, quando os assaltantes entraram, ele, uma amiga e uma cliente. 'Eles chegaram e pegaram minha amiga, e deixaram a cliente negociando (falando em alguns momentos com os policiais), atendendo o telefone, coisas assim'.
Segundo ele, o tempo todo os bandidos ficaram fazendo ameaças de morte, 'botando arma na minha cabeça, nas costas, me cutucuando. Mas não foram assim tão agressivos. Eles queriam só a vida deles. Eles não queriam sair armados, diziam que, se saíssem armados, os policiais iam matá-los. Eles estavam mais preocupados com isso'.
Andrey disse que o momento mais difícil foi quando o bando entrou. 'Eles estavam bastante apreensivos. Quando viram os policiais, falaram a ‘casa caiu’. Eles queriam dinheiro, mas aqui não tinha dinheiro. Eu falei isso pra eles. Eles ficaram com mais raiva porque não tinha dinheiro. Só notebook, computador'. Os funcionários ainda tentaram alcalmá-lo. 'Eles estavam mais preocupados comigo, por ser o único homem na loja'. Diziam, segundo o refém: 'Calma aí, grandão, te acalma, porque tu és o único que podes fazer alguma coisa'.
Por volta das 15 horas duas mulheres, depois de falar com os policiais civis, foram para a frente da loja. Uma delas, que depois foi identificada com sendo tia de Carlos Alberto, começou a conversar com o sobrinho. 'Meu filho, sou eu', dizia ela, pedindo para que, 'em nome de Jesus', o rapaz se entregasse.
Logo em seguida, os dois assaltantes pediram dois coletes à prova de bala. A tia entrou na loja e entregou os coletes aos acusados. Logo depois, saiu da loja, e disse que seu sobrinho queria se entregar. Mas que o outro acusado, Márcio, só o faria se visse seus familiares. Às 15h20, eles se entregaram, durante a negociação conduzida pelo investigador Rui. Os policiais civis eram comandados pelo delegado Bragmar Santos, da DRCO. O primeiro a sair da loja foi 'Pic'. Em seguida, ambos foram conduzidos à DRCO. Antigo - O delegado Bragmar disse que já conhecia Zildo, 'um ladrão antigo'. E confirmou que praticamente todos os parceiros de roubo do acusado já foram mortos. Na DRCO, e antes de ser ouvido em depoimento, Zildo disse que, sob a acusação de roubo, passou dez anos preso, tendo sido recolhido, segundo ele, a quase todas as unidades prisionais de Belém. Ele afirmou que a Justiça o condenou a 23 anos e oito meses de cadeia.
'Pic', por sua vez, disse que passou pouco mais de um ano preso. Primeiro no Centro de Recuperação Americano II (CRA II) e depois na Colônia Agrícola Heleno Fragoso, também localizada no Complexo de Americano, de onde afirmou ter fugido há cinco anos. Márcio afirmou que estava sendo preso pela primeira vez. O delegado Goldenberg Souza informou que os três homens foram autuados, em flagrante, por tentativa de roubo, porte ilegal de arma e cárcere privado.

Mais aqui.

Nenhum comentário: